“Nossas famílias buscavam uma educação que formasse mentes e almas. Muitas escolas católicas têm se desviado para modelos seculares, usando currículos de escolas públicas que apresentam uma compreensão fragmentada do mundo, em vez de uma visão do todo e da maneira como a beleza, a razão, a oração, a ciência e outras disciplinas estão integradas na busca da verdade”.

Redação (17/01/2025 09:50, Gaudium Press) Como pároco da Igreja Sagrado Coração de Jesus, o Pe. Robert Sirico supervisionou a refundação da escola paroquial, Sacred Heart Academy, como uma academia católica clássica. Esta iniciativa lhe rendeu notoriedade nacional. Inspirado por esta transformação, o Pe. Sirico fundou o Instituto Saint John Henry Newman, voltado para a Educação Clássica Católica e Liturgia Reverente. Ele também é o presidente emérito e cofundador do Acton Institute for the Study of Religion and Liberty, tendo escrito e publicado mais de duzentos artigos e vários livros.

Neste artigo, escrito para o The Wall Street Journal, Pe. Sirico descreve como o homeschooling (educação domiciliar) revitalizou a paróquia católica Sagrado Coração de Jesus, fadada a desaparecer, em um ambiente propício ao florescimento de vocações religiosas. Para ele, o objetivo final da educação católica não é preservar instituições, mas sim salvar almas.

“Quando me tornei pároco da Igreja Católica Sagrado Coração de Jesus em Grand Rapids, Michigan, em 2012, herdei uma paróquia à beira do colapso. Fundada em 1904 por imigrantes poloneses, a paróquia tinha visto sua comunidade, antes próspera, mudar-se para os subúrbios ou abandonar sua fé. O que restou foi uma reitoria em ruínas, uma igreja abandonada e uma escola com 68 alunos, em vez de cerca de 900 em meados da década de 1960.

“A paróquia estava prestes a se fundir com outra, e o bispo me deu a opção de fechar a escola. Decidi investigar antes de tomar qualquer decisão.

“Ao conhecer os paroquianos, descobri uma comunidade diversificada e dinâmica. Havia membros idosos, famílias jovens, estudantes universitários e um grupo de pais que educavam seus filhos em casa, muitos dos quais participavam da tradicional missa em latim.

“Uma conversa foi especialmente formativa. Perguntei a uma mãe se ela consideraria a possibilidade de matricular seus filhos em nossa escola. “Padre”, disse ela, “nossos filhos são as coisas mais preciosas de nossas vidas. Queremos que eles recebam a fé com a qual crescemos. Não sei se sua escola pode oferecer isso”. Questionei-me: O que não estávamos oferecendo?

“Nossa renovação começou com uma mudança de perspectiva. Em minhas homilias, eu incentivava a paróquia a ver a escola não apenas como uma instituição, mas como parte de nossa missão de divulgar o Evangelho. Seguiram-se várias mudanças. Pedi aos alunos, pais e professores que participassem juntos da missa diária. Introduzimos uniformes tradicionais e eliminamos o programa federal de almoço quente para recuperar a independência das restrições regulatórias. Os pais se envolveram mais na preparação das refeições, promovendo um senso mais forte de comunidade.

“Também inovamos ao criar um programa híbrido. Os alunos que estudavam em casa podiam frequentar dois dias por semana, participar da missa, usar o uniforme e se integrar aos alunos de período integral. Esse modelo, aliado a um currículo revisado, transformou a cultura da nossa escola. Entre outras reformas, o aumento do silêncio e da reverência na missa e o uso de cânticos e arte clássica em todo o prédio criaram um ambiente mais contemplativo que ajudou os alunos a manterem a atenção e o respeito uns pelos outros.

 “Com o tempo, muitas famílias que estudavam em casa começaram a confiar na escola e se matricularam em tempo integral. Elas trouxeram consigo uma identidade católica mais profunda e um senso renovado de missão e envolvimento dos pais. Seu exemplo atraiu mais famílias, locais e de fora do estado.

“Nossas famílias buscavam uma educação que formasse mentes e almas. Muitas escolas católicas têm se desviado para modelos seculares, usando currículos de escolas públicas que apresentam uma compreensão fragmentada do mundo, em vez de uma visão do todo e da maneira como a beleza, a razão, a oração, a ciência e outras disciplinas estão integradas na busca da verdade. Escolhemos a última opção e também afastamos os professores de escolas públicas financiados pelo estado, cujo emprego exigia que removêssemos os símbolos religiosos da sala de aula. Essa foi uma decisão cara, mas necessária para preservar nossa identidade centrada em Cristo.

“Nossos alunos desempenham um papel de grande importância no futuro da igreja. De acordo com uma análise recente do Pillar, um site de notícias católicas, pode haver pelo menos uma criança católica sendo educada em casa para cada três na escola católica. As vocações para o sacerdócio e a vida religiosa entre os primeiros estão aumentando. Com base nos dados disponíveis, os alunos que estudam em casa têm a probabilidade de seguir uma vocação “três ou quatro vezes mais do que a população católica em geral”.

“Hoje, a Sacred Heart Academy possui quase 400 alunos, com listas de espera para muitas séries. O sucesso da refundação de nossa escola veio do fato de ouvirmos as famílias e nos adaptarmos às suas necessidades espirituais e educacionais.

“No entanto, a resistência ao homeschooling continua em muitas paróquias. Alguns progressistas se opõem às formas tradicionais de catolicismo que construíram o sistema educacional mais notável dos Estados Unidos. Em San Diego, o bispo recentemente impediu que grupos católicos de homeschooling usassem as instalações da diocese com base na teoria de que “esse uso pode prejudicar a estabilidade das escolas católicas próximas”. Não importa o fato de que grupos não católicos têm acesso.

“Muitos líderes e educadores da igreja também são vítimas da falácia do custo irrecuperável, dobrando a aposta em instituições falidas em vez de considerar alternativas bem-sucedidas. Eles se apegam a investimentos de longa data em instituições em vez de se concentrarem na formação de almas.

“A transformação do Sacred Heart foi um trabalho de amor. Exigiu os talentos, o comprometimento e os sacrifícios de muitas pessoas, trabalhando sob apertadas restrições financeiras. Não apenas salvamos uma escola, mas revitalizamos uma paróquia, um bairro e meu próprio sacerdócio.

“O objetivo final da educação católica não é preservar instituições, mas salvar almas. Quando damos prioridade à fé e à formação da pessoa como um todo, nossas instituições nos seguirão. O renascimento do Sacred Heart é a prova de que, quando ouvimos as famílias e oferecemos a elas o que o mundo não pode oferecer – uma educação verdadeiramente católica –, nós não preservamos meramente nossas escolas; nós as transformamos em faróis de fé para as gerações futuras”.

Artigo publicado no The Wall Street Journal, em 10 de janeiro de 2025, pelo Pe. Robert Sirico.

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