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A morte de um fundador

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Mons. João Scognamiglio Clá Dias, 85 anos, faleceu na sexta-feira, dia 1º de novembro. Fundador dos Arautos do Evangelho, seu falecimento ocorreu em meio a diversos sinais vistos por muitos.

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Redação (07/11/2024 11:29, Gaudium Press) A morte de um fundador de ordem religiosa ou congregação quase sempre ocorre entre sinais ou associações à santidade por seus filhos espirituais, que buscam nas graças dos céus concedidas a ele, o reforço da missão à qual dedicou a vida e sobre a qual se dedicarão, a partir dali, seus membros a exemplo do fundador. Nem sempre, porém, os sinais são tão evidentes ou claros quanto o que vimos no final da última semana, diante do falecimento do fundador dos Arautos do Evangelho.

Monsenhor João Scognamiglio Clá Dias, 85 anos, morreu na sexta-feira, 1 de novembro. Fundador dos Arautos do Evangelho, a entrega de sua alma ocorreu em meio a diversos sinais vistos por muitos, e diante dos quais não pairam dúvidas. Em primeiro lugar, se dá um dia após o aniversário de sua Primeira Comunhão, ocasião em que pôde receber também pela última vez o Corpo de Cristo. Aos que acusam os Arautos de uma devoção exagerada ou veneração precipitada ao fundador, não se pode dizer que essa coincidência foi inventada por eles. Depois, o dia 1 de novembro, data em que o mundo inteiro celebra o Dia de Todos os Santos, exceto no Brasil, terra do Monsenhor, que repete talvez o ditado que “santo de casa não faz milagres”. O Brasil é conhecido por ter seus heróis valorizados mais fora do que dentro de nossas fronteiras, ao menos oficialmente: a Igreja, no Brasil, transfere a solenidade para o domingo seguinte, diferente da maior parte da Igreja Católica no mundo. Ainda assim, a Solenidade do domingo marcou a despedida e última missa exequial do Fundador que teve como mestre espiritual Plinio Corrêa de Oliveira, também chamado fora do Brasil pelo título de Cruzado do Século XX.

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Uma foto que vem circulando entre seus membros mostra um arco-íris bem acima da Basílica em que foi velado o corpo do Monsenhor, na cerimônia de três dias que encerrou-se neste domingo. Esta simbologia poderia ser comparada àquela de uma outra foto, a do famoso raio no Vaticano. O raio como símbolo do castigo e o arco-íris, da esperança. A tibieza de parte do clero será certamente cobrada com altos juros, ao passo que a verdadeira esperança que a Igreja oferece é aquela de sempre: o desejo pela santidade pela radicalidade do serviço às almas, do apostolado vivo que parece só poder renascer no mundo quando há uma ordem forte e devota de seu fundador. O amor ao fundador é, ao contrário do que prega a malícia do mundo, o fermento da verdadeira ação da graça na Igreja, tendo disso tanto exemplos na história: jesuítas, franciscano, dominicanos e tantos outros, que tiveram seus fundadores como sinais visíveis de Deus na Terra.

A estrutura criada pelos Arautos do Evangelho tem sido fundamental para a manutenção da vida religiosa, por meio de uma criteriosa educação católica de meninos e meninas, buscando a preservação da inocência e a verdadeira formação para a santidade entre uma multidão crescente de famílias. Neste crescimento, de certo um tanto silencioso, avança aquela contrarrevolução sonhada por Plinio Correa, posta em ação de maneira ainda mais profunda por Monsenhor João ao seguir radicalmente os passos de seu mestre, o seu fundador.

O exemplo contrarrevolucionário dos Arautos deveria servir de grande alerta e admoestação a todos os que pensam enfrentar um mundo moderno anticristão por meio de suas próprias forças, sejam políticas, retóricas ou intelectuais, esquecendo-se que todo sucesso vem de Deus e que ninguém vencerá absolutamente nada sem estar radicalmente unido a Ele. E esta união, defendida por Plinio Corrêa, só poderia ser feita através da Virgem Maria, Mãe do Redentor, canal de graças por onde o próprio Deus quis vir ao mundo e forma perfeitíssima de acesso a Ele neste mundo. Não por acaso, todas as obras marianas da história da Igreja tiveram uma profusão de graças e realizações incríveis, sendo, porém, igualmente perseguidas em alguma medida pelas forças das trevas representadas pelos poderes deste mundo.

Os Arautos são radicais na devoção à Eucaristia: seus membros, religiosos, religiosas e sacerdotes, recebem o Corpo de Cristo duas vezes por dia, o máximo que é permitido. Isso se deve a uma percepção do fundador, de que, se o mundo amplia a cada dia as oportunidades de pecado, como vemos, é preciso que se amplie ainda mais as oportunidades de graça, sob pena de não perseverar. Para eles, que são tidos como exagerados e radicais por um mundo indiferente e tíbio, uma alma que não se esforce ao máximo para obter a santidade por meio da graça, disponível exclusivamente na Igreja Católica, não mantém estabilidade nem mesmo na obediência aos 10 mandamentos, não podendo, portanto, salvar-se. Esta percepção vem de Plinio Corrêa, que viu o mundo caminhar pelos passos da Revolução, que evoluiria até o culto ao demônio em sua mais radical literalidade. Se vemos, hoje, o mal se apresentar de maneira cada vez mais radical, não é na radicalidade que os bons precisam se enfileirar?

A metáfora da guerra, da batalha, sempre foi a que mais santificou na Igreja. Esta combatividade, no entanto, recebeu um recuo gigantesco no século XX, sendo esta a razão principal da crise atual e não outra.[1]

Por  Cristian Derosa

Jornalista e escritor, autor do livro O Sol Negro da Rússia: as raízes ocultistas do eurasianismo, além de outros 5 títulos sobre jornalismo e opinião pública. Editor e fundador do site Instituto Estudos Nacionais.


[1] Este artigo foi publicado originalmente no site Instituto Estudos Nacionais

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