Não há ninguém neste mundo sem alguma tribulação ou angústia, ainda que seja rei ou papa.

Foto: Ashin K Suresh/ Unsplash

Redação (02/12/2023 15:20, Gaudium Press) Miserável és onde quer que estejas e para onde quer que te voltes, se não te convertes a Deus. Por que razão te inquietas quando as coisas não se passam como queres e desejas? Quem é que tudo tem à medida de seu gosto? Nem eu, nem tu, nem homem algum na Terra. Não há ninguém neste mundo sem alguma tribulação ou angústia, ainda que seja rei ou papa.

Quem está melhor então? Certamente o que sabe padecer alguma coisa por Deus.

Na sua fraqueza e insensatez muitos dizem: “Que vida feliz leva aquele homem! Como é rico, nobre, poderoso e de elevada posição!”

Considera, porém, os bens do Céu e verás que os bens temporais nada valem: muito incertos, são antes um fardo, porque seus possuidores nunca ficam contentes em ter abundância de bens terrenos: basta-lhes a mediania.

Em verdade, grande miséria é viver na Terra.

Quanto mais espiritual o homem quer ser, tanto mais amarga se lhe torna a vida presente, porque sente melhor e vê com mais clareza as deficiências da natureza corrompida.

Comer, beber, velar, dormir, descansar, trabalhar, estar sujeito às demais necessidades da natureza é, de fato, grande miséria e aflição para o homem piedoso que deseja viver livre dos laços próprios do corpo e de todo pecado.

Extraído de: TOMÁS DE KEMPIS. A Imitação de Cristo. São Paulo: Cultor de livros, 2019, p.78.

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