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Papa: um modelo de desenvolvimento que escute o grito de pobres e indígenas

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Escutar as vozes como aquelas dos povos indígenas – que são “intérpretes do grito da terra e dos pobres”, investir na educação dos jovens para que abracem novos estilos de vida e fortalecer os processos que combatam o fenômeno da mudança climática. Essas são as indicações do Papa Francisco junto a um fórum sobre biodiversidade da Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, que teve como tema: “Nosso planeta, nosso futuro: 50 anos do programa sobre o homem e a biosfera”, que foi promovido em modalidade on-line no último dia 24 de março. A iniciativa foi realizada tendo em vista a Conferência de Kunming, programada na cidade chinesa para o período de 17 a 30 de maio.

Na oportunidade, o Observador Permanente da Santa Sé junto à Unesco, mons. Francesco Follo, leu a mensagem que o Papa Bergoglio havia enviado à diretora geral da organização, Audrey Azoulay, por ocasião de uma reunião anterior realizada em 27 de outubro de 2020, que – como explicou o prelado – destaca a contribuição do Pontífice para uma ecologia integral destinada a preservar a Casa Comum. No texto, o Pontífice expressa “gratidão” porque “um dos problemas mais importantes e urgentes do nosso tempo” está sendo discutido.

Um novo modelo de desenvolvimento

Francisco enfatiza como “a luta contra a mudança climática e a luta contra a pobreza extrema” são interdependentes e, por isso, é necessário redefinir um novo modelo de desenvolvimento, “adotando uma metodologia que integre a ética da solidariedade e da caridade política”.

“Somente assim será possível promover um bem comum verdadeiramente universal, uma verdadeira civilização do amor onde não há lugar para uma pandemia de indiferença e desperdício.”

No coração do Papa estão os pobres, que mais do que outros sofrem com o impacto da mudança climática, e é por isso que “a resposta à atual crise socioambiental” deve ser vista “como uma oportunidade única para assumir a responsabilidade pela fragilidade da nossa Casa Comum, melhorando as condições de vida, a saúde, os transportes, segurança energética e criando novas oportunidades de emprego”.

Os jovens, a chave para a mudança

Recordando o Acordo de Paris, Francisco enfatiza que há uma crescente consciência de que a mudança climática é “uma questão muito mais moral do que técnica”. Daí a necessidade de uma “virada decisiva” possível somente investindo “na educação das novas gerações a estilos de vida que respeitam a Criação, até agora inexplorados”. Ao educá-los na salvaguarda da Criação, no respeito aos outros, em novos hábitos de produção e consumo, eles serão os protagonistas de “um novo modelo de crescimento econômico que coloca o meio ambiente e as pessoas no centro”.

Agir em conjunto

“Se queremos combater efetivamente a mudança climática”, escreve ainda o Papa, “devemos agir juntos, levando em conta a necessidade de implementar uma profunda revisão do atual modelo de desenvolvimento, a fim de corrigir as suas anomalias e distorções”.

“Dar respostas concretas ao grave fenômeno do aquecimento global é um imperativo moral. A falta de ação terá efeitos secundários, especialmente entre os estratos mais pobres da sociedade, que também são os mais vulneráveis a essas mudanças.”

Intérpretes do grito da terra

Assim, Francisco recomenda escutar não somente os especialistas, mas também as comunidades locais e os povos indígenas, “atores não estatais, muitas vezes na linha de frente na luta contra a mudança climática”, que “demonstram uma particular sensibilidade na busca de formas inovadoras para promover um sistema sustentável de produção e consumo e, assim, se tornam intérpretes do grito da terra e dos pobres”.

O tempo está se esgotando para a busca de soluções globais e a emergência sanitária atual nos obriga a “pensar nos seres humanos, em todos, e não nos lucros de poucos”. Somente dessa forma, conclui o Papa, será possível promover “o verdadeiro desenvolvimento humano integral”.

 

Fonte: VaticanNews

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