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Por que Maria foi visitar sua prima Santa Isabel?

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Na Visitação de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel, vemos o poder da Mãe do Redentor: o eco de sua voz santifica um homem de um momento para o outro.

Redação (30/05/2021 16:40, Gaudium Press) Concluído o sucinto relato da Anunciação do Senhor, São Lucas continua sua narração descrevendo a visita da Virgem à sua prima Isabel: “Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-Se, apressadamente, a uma cidade da Judeia” (1, 39).

Nesse mistério, que culminará na santificação de São João Batista, refulgem de modo singular a presteza de Nossa Senhora e a abundante efusão do Espírito Santo por meio d’Ela, elementos que o tornam especialmente merecedor de nossa atenção.

Em geral, e com justiça, Maria é considerada pela piedade católica como Mãe do Verbo Encarnado, aspecto eminente de sua vocação, pois não há relação mais estreita com Jesus que a promovida pela Maternidade Divina.

 Esposa mística do Espírito Santo

Todavia, no episódio da Visitação podemos contemplá-La por um ângulo pouco conhecido e amado, embora de capital importância para se compreender a missão de nossa Rainha Celestial: enquanto Esposa mística do Espírito Santo.

A esse título Nossa Senhora brilhará nos séculos futuros por sua capacidade de mudar as almas com uma eficácia superior a qualquer expectativa.

Assim, no encontro com Santa Isabel levanta-se uma ponta de véu a respeito do papel de Maria na santificação da Igreja, por ser Ela como que um só espírito com o Consolador Divino, em virtude do vínculo esponsalício de natureza mística que se estabeleceu entre ambos a partir da Anunciação.

A serena pressa de Maria

No sexto mês da gravidez de Isabel, São Gabriel visitou a Santíssima Virgem. O fato de o Arcanjo dar como prova de seu anúncio o milagre ocorrido com a prima demonstra que Nossa Senhora o ignorava.

Ao contrário de Zacarias, que duvidou, Maria o aceitou com total confiança e, por isso, narra o Evangelista que Ela Se dirigiu “apressadamente” para a região montanhosa.

Nossa Senhora decidiu empreender viagem não para certificar-Se daquilo que o mensageiro celeste Lhe dissera, mas a fim de cumprir uma missão comunicada pelo Anjo.

Provavelmente Ela perguntou a São Gabriel se convinha partir o quanto antes, e seu interlocutor, enlevado, confirmou ser essa a vontade de Deus.

Um dos aspectos mais comentados sobre essa santa sofreguidão, que em nada alterou a serenidade e a paz imperturbáveis de seu Coração Imaculado, é o empenho d’Ela em auxiliar diretamente a prima.

Sabendo que Isabel estava avançada em anos e não tinha quem a amparasse, Maria Se dispõe a, com extremos de caridade, fazer as vezes de uma verdadeira serva.

Trata-se de uma belíssima consideração, que deve ser sublinhada. Mas seria esse o único motivo de sua pressa?

Detenhamos nossa atenção com mais afinco num ponto nem sempre contemplado nesse mistério, cujo cerne está na relação existente entre São João Batista, prestes a nascer, e o Filho gerado pela Santíssima Virgem.

Parece pouco verossímil que São Gabriel não Lhe tenha revelado algo a respeito do papel de Isabel e Zacarias no plano da Redenção, bem como da aparição e mensagem a este sacerdote no Santuário do Senhor e de tudo o que no futuro aconteceria com o menino.

Logo, Nossa Senhora foi em busca de Santa Isabel consciente de quem seria seu filho.

De comum acordo, o Santo Casal se organizou de forma sapiencial para a viagem de três dias. A Virgem iria acompanhada por seu virginal esposo, mas este não poderia permanecer em Ain Karim, cidade de Isabel e Zacarias, senão por curto período, retornando depois a Nazaré para dar continuidade ao trabalho de marceneiro.

Finalmente, ei-los chegados a Ain Karim. Maria dirigiu-Se até o local onde se encontrava Isabel, e o Santo Patriarca retirou-se para ir ter com o dono da casa e acomodar as bagagens de sua Senhora.

Na aparente normalidade dessa cena familiar, uma nova economia da graça se abriria para a humanidade por meio da Esposa mística do Divino Espírito Santo.

Uma saudação com efeitos sobrenaturais

“Quando Isabel ouviu a saudação de Maria…” (Lc 1, 41a), relata com simplicidade São Lucas. Infelizmente ele não descreve esse cumprimento.

Em sua discrição e humildade, ao entrar na casa talvez Ela só tenha dito: “Isabel!” Mas era a voz de Nossa Senhora! Bastaria ouvi-la para passarmos o resto da vida arrebatados. Que significam as melhores composições musicais da História se comparadas a tal harmonia celeste?

Por seu amor à prima, em função do amor a Deus e porque sabia que ela tinha uma missão a desempenhar na obra da Redenção, Maria pronunciou “Isabel” com uma entonação nascida mais do fundo dessa santa afeição que das cordas vocais, pois “a boca fala do que lhe transborda do coração” (Mt 12, 34).

Enquanto mãe do Precursor, o qual se assemelharia ao próprio Cristo, convinha que Santa Isabel possuísse uma série de qualidades que a tornassem parecida com Nossa Senhora. Essa sintonia espiritual existente entre ambas, muito superior aos simples laços de parentesco, fundamentava a amizade que as unia, manifestada de parte a parte com uma humildade, uma elevação e um afeto dignos dos Anjos.

Em consequência da saudação da Medianeira de todas as graças, “a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo” (Lc 1, 41b).

Tal era a força, a penetração e a eficácia da voz de Maria que, através dela, a vida divina que habitava seu Coração Imaculado foi transmitida com superabundância à sua prima.

Se na venerável anfitriã ainda restava alguma nódoa da culpa original, ela desapareceu nesse preciso instante. O amor de Nossa Senhora, quando bem acolhido, produz uma imensa mudança!

Consequências do desponsório místico

Vejamos agora o papel do desponsório místico da Virgem Castíssima com o Espírito Santo e de suas consequências para a geração e santificação dos filhos de Deus.

Sendo Nossa Senhora a criatura mais perfeita saída das mãos do Divino Artífice, Ela possuía em relação a seu Criador todo o amor possível a uma pessoa concebida sem pecado e na plenitude da graça. Portanto, sua caridade ardentíssima A levava a desejar para seu Filho, Deus Encarnado, a máxima glória.

Ora, o Precursor de Jesus devia estar à altura de sua missão e participar em grau eminente da força de purificar e sublimar as almas que a Redenção vinha trazendo. Para isso era preciso tirá-lo das garras do demônio, limpá-lo da mancha original e santificá-lo com grande poder.

Maria havia adquirido um finíssimo sexto sentido da fé, mediante o qual discernia em mínimos sinais a vontade de Deus e Se empenhava em cumpri-la com generosidade e perfeição.

Assim, ciente de que a Trindade desejava santificar João ainda no ventre materno comunicando-lhe o dom da graça, e que era desígnio divino fazê-lo por seu intermédio, Nossa Senhora deixou-Se conduzir para Ain Karim com a docilidade e leveza de uma nuvem soprada pelo vento.

A santa pressa da Virgem explica-se pelo fato de ser característica específica da Terceira Pessoa agir com celeridade, suavidade e eficácia. Recordemos que, em seu desponsório místico com o Consolador, Nossa Senhora chegou a ser como que um só espírito com seu Divino Esposo.

Por isso, ante a iminência da santificação de João Batista, Ele quis atuar n’Ela e por meio d’Ela!

Pela união estreitíssima e indissolúvel entre ambos, a voz de Maria não era mais d’Ela senão do Espírito Santo, o qual fez da figura, dos gestos, da palavra, do sorriso e do olhar da Virgem Bela instrumentos seus para comunicar aos outros graças altíssimas e transformantes.

Desejo ardente de santificar

Com efeito, ao considerar a excelsa grandeza da vocação do Precursor – que recebeu de Cristo o máximo elogio: “Entre os nascidos de mulher não há maior que João” (Lc 7, 28), percebe-se com clareza que as maiores obras do Paráclito em ordem à santificação dos homens são realizadas mediante a ação direta de sua Esposa.

Essa forma sapiencialíssima e terna de o Espírito Santo agir junto com Maria tem origem em seu amor esponsal por Ela. Em mil ocasiões na História da Igreja, Ele separou e santificou seus eleitos em Maria e com Maria, e assim há de acontecer também no futuro.

Será n’Ela, com Ela e por Ela que o Consolador suscitará os apóstolos dos últimos tempos, os quais, segundo profetizou São Luís Maria Grignion de Montfort, levarão a um renovado auge de santidade o Corpo Místico de Cristo e o mundo.

Assim, devemos pedir a Nossa Senhora que sua voz fale no íntimo de nossas almas e nos santifique, concedendo-nos uma virtude que às vezes anos de lutas e trabalhos não nos proporcionaram.

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP.

Texto extraído, com adaptações, do livro Maria Santíssima! O Paraíso de Deus revelado aos homens, vol II.

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