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São Gregório VII no Castelo de Sant’Angelo

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Na Fortaleza de Canossa, em janeiro de 1077, Henrique IV pediu perdão a São Gregório VII. Mas foi uma atitude cínica, pois continuou suas tramas criminosas contra o Papa.

Redação (28/11/2022 11:13, Gaudium Press) Instigados pelo imperador, os lombardos bloquearam todas as estradas do Norte da Itália. E os boêmios – habitantes de uma região da atual República Checa -, que compunham a principal força de seu exército, invadiram igrejas, ultrajaram mulheres no próprio altar e as levaram como escravas; esquartejaram os homens e entregaram seus restos aos cães.

 Muitos bispos continuavam sendo partidários do ímpio Henrique IV e se opunham ao Papa. Alguns deles foram castigados por Deus.

 Bispos traidores são castigados por Deus

O Patriarca de Aquileia – Nordeste da Itália, fronteira com a Eslovênia – havia sido nomeado por São Gregório legado pontifício e presidira uma dieta realizada em Trebur – Oeste da Alemanha –, em 1076, mas cometeu horrenda traição. Na catedral da cidade, após ter afirmado que o Papa aprovara Henrique IV, ele o coroou como rei. Terminada a cerimônia, o patriarca foi atingido por violento ataque de loucura e morreu pouco tempo depois.

O Bispo de Augsburg – Sul da Alemanha – celebrando a Missa na catedral da vizinha cidade de Ulm, no momento da Consagração ergueu a Hóstia e jurou que Henrique IV era o verdadeiro rei. Após alguns dias, fulminado por estranha doença, faleceu.

Condessa Matilde: terror dos ímpios

Durante os três meses em que permaneceu em Canossa, São Gregório foi ajudado com extremos de dedicação pela Condessa Matilde.

“Ela o serviu com a piedade de Marta e o devotamente de Maria, recolhendo atentamente e fixando em seu coração cada uma de suas palavras, como sendo as do próprio Cristo. […] Tornou-se o escudo da Igreja, o terror dos ímpios, a esperança dos oprimidos, o exemplo de todos.”[1]

Doou à Santa Sé todas as terras que possuía na Lombardia e Toscana –Itália – e, após a morte de seu esposo, suas ricas propriedades da Lorena – França.

O pintor italiano Cimabué (1240-1302) representou-a como uma guerreira montada a cavalo, tendo numa das mãos uma romã que era, então, símbolo da pureza.

 Em sua viagem de volta a Roma, São Gregório obteve a proteção de soldados comandados pela Condessa Matilde. Na Cidade Eterna, o Papa foi recebido solenemente, tendo ao seu lado aquela valorosa dama.

Tantos eram seus trabalhos e preocupações que ele recorreu a Santo Hugo, Abade de Cluny, pelo qual tinha grande estima, e pediu que lhe enviasse auxiliares.

O Santo Abade mandou-lhe dois monges. Um deles se chamava Odo e era filho do Conde de Lagery, cidade do Nordeste da França. Algum tempo depois, São Gregório o nomeou Cardeal. Posteriormente ele foi eleito Papa com o título de Urbano II, e pregou a I Cruzada em 1095.

Henrique IV se prosternou diante de um antipapa…

Em dezembro de 1077, faleceu a Imperatriz Agnes, mãe de Henrique IV, a qual durante 22 anos usou o hábito de religiosa que recebera de São Pedro Damião. Inteiramente fiel a São Gregório, ela recusava qualquer contato com os clérigos não celibatários e/ou simoníacos.

Numa cerimônia religiosa Agnes comungou e, enquanto se entoavam o cântico de salmos, entregou sua alma a Deus. Henrique IV estava em Ratisbona – Sul da Alemanha; quando recebeu essa notícia, não lhe deu a menor importância.

Esse ímpio quis envolver na conspiração contra São Gregório o Rei da Inglaterra, Guilherme, o Conquistador. Então, o Papa escreveu a este último uma carta incentivando-o a lutar pela Igreja. Assim se iniciava a missiva:

“Maldito seja o covarde que teme ensanguentar sua espada [cf. Jr 48,10], isto é, quem abandona a luta engajada em nome da Fé para o extermínio da vida carnal.”[2]

“Vida carnal” significa, aqui, a sensualidade e a simonia nas quais os clérigos revoltosos estavam enchafurdados.

Em junho de 1080, Wibert, Bispo de Ravena – Nordeste da Itália, às margens do Adriático –, que havia sido excomungado por cinco sínodos de bispos, foi eleito “papa” por diversos prelados. Henrique se prosternou diante dele e alguns senadores de Roma vieram lhe prestar homenagem.

… e invadiu Roma

Visando conquistar Roma, Henrique IV formou um exército em cuja dianteira se encontrava o jovem Godofredo de Bouillon, o qual anos depois, arrependido de seu pecado, participou da I Cruzada da qual foi o mais valoroso guerreiro.

Chegando à Cidade Eterna, em março de 1081, o monarca revoltado não conseguiu nela entrar, pois suas muralhas eram firmemente defendidas pelas tropas da Condessa Matilde.

Em 1082, ele fez outra investida contra Roma e não teve êxito. Um traidor romano ateou fogo numa parte da Basílica de São Pedro. São Gregório ergueu suas santas e veneráveis mãos, traçou um grande Sinal da Cruz e o fogo se extinguiu.

O invasor se retirou, mas levou como prisioneiros alguns prelados entre os quais o Cardeal Odo, futuro Papa Urbano II.

Nova investida foi realizada pelo infame rei, em junho de 1083. Godofredo de Bouillon conseguiu penetrar em Roma por alguma fresta na muralha. Exausto, bebeu um copo de vinho que alguém lhe ofereceu, mas certamente estava envenenado. Logo depois, teve um violento mal-estar que o conduziu à beira da morte.

Compreendendo que era um aviso de Deus, Godofredo fez o voto de jamais erguer armas contra o Vigário de Jesus Cristo, e de expiar seus pecados por uma peregrinação a Jerusalém. Sentindo-se revigorado, voltou para a Lorena, da qual era Duque.

Traidores do populacho abriram as portas das muralhas de Roma e Henrique IV se estabeleceu no Palácio de Latrão. Wibert foi “sagrado” papa por bispos cismáticos, com o título de Clemente III. E seu primeiro ato foi coroar Henrique como rei.

São Gregório VII refugiou-se no Castelo de Sant’Angelo, junto ao qual os nobres romanos que permaneceram fiéis construíram barricadas para proteger o Papa. Henrique IV reuniu revoltosos para invadir o Castelo, mas foram rechaçados pelos defensores do Pontífice.

Por Paulo Francisco Martos

 Noções de História da Igreja


[1] DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église. Paris: Louis Vivès. 1881, v. XXII, p. 270.

[2] Idem. Op. cit. v. XXII, p. 413.

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