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A maravilhosa epopeia de Santa Joana d’Arc

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No século XV, estando a França em grave risco de ser dominada pela Inglaterra, Deus suscitou uma jovem virgem para defendê-la por meio das armas, realizando uma maravilhosa epopeia que até hoje causa entusiasmo aos verdadeiros católicos.

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Redação (05/10/2024 15:37, Gaudium Press) Filha de Jacques d’Arc e Isabelle Rommée, Santa Joana d’Arc nasceu em 1412 na cidade Domremy, na Lorena – Nordeste da França. Era pastora, não aprendeu a ler e escrever, mas recebeu educação católica.

A palavra Domremy ressoa como um toque de sino, e belo é seu significado: Dominus Remy, o Senhor Remi, ou seja, São Remígio, o grande Bispo de Reims que sagrou o Rei Clóvis, em 496.

Voto de virgindade

Em seu pastoreio, gostava de ficar sozinha, rezar e pensar sobre as desgraças que ocorriam na França. De fato, grande parte do país estava tomada pelos ingleses com a conivência dos partidários do Duque da Borgonha, chamados borguinhões.

E o herdeiro do trono da França, Carlos VII, permanecia numa cidade do Centro Oeste do país e, por desprezo, era denominado por seus inimigos “rei de Bourges”.

Tendo treze anos de idade, Joana ouviu vozes provenientes do Céu que lhe recomendavam almejar a santidade e lutar pela França. Intuindo que era chamada para uma grande missão, ela fez voto de virgindade perpétua.

Certo dia, um Anjo de beleza deslumbrante apareceu-lhe e disse: “Eu sou o Arcanjo Miguel, venho da parte de Deus para ordenar-lhe que vá a outras regiões da França a fim de sustentar a causa do Delfim [Carlos VII] e restabelecer seu reino.”

Ao lado de São Miguel, estavam as Santas Margarida de Antioquia e Catarina de Alexandria, mártires do século IV. O Arcanjo acrescentou: “Elas foram escolhidas pelo Senhor para serem tuas guias e protetoras na missão que recebeste.”

As aparições se renovaram com frequência durante três anos. Em 1428, borguinhões invadiram Domremy fazendo devastações. Acompanhando seus pais, ela fugiu para outra região.

Quando regressou, as vozes lhe ordenaram que fosse falar com o governador de Vaucouleurs, uma localidade próxima, o qual lhe faria muita resistência, mas por fim daria os meios para ela se dirigir aonde Deus a chamava.

“Deus o quer”, o sublime brado dos Cruzados

Ela obedeceu, e o governador, ao ouvir seu relato, chamou-a de feiticeira e pediu a um padre que a exorcizasse. Vendo a inocência e a coragem da jovem, o sacerdote se recusou a fazê-lo. Com a terrível notícia do cerco de Orléans efetuado pelos ingleses, no povinho das redondezas se espalhou a notícia de que Joana viera libertar a França.

Plena de Fé e combatividade, ela declarou: “Devo partir com ou sem auxílio. Mesmo que precisasse gastar minhas pernas até os joelhos, é necessário que eu esteja logo aos pés do Delfim. Preferiria guardar o rebanho de meu pai ou ajudar minha mãe a costurar. Mas Deus o quer!”  Era o sublime brado dos Cruzados que provinha de seu coração.

Tendo recebido um cavalo e uma espada, ela se pôs em marcha, acompanhada de seis cavaleiros, um arqueiro e dois servos de armas. O povo a seguiu chorando até as portas da cidade, onde ela declarou: “Nos vos lastimeis, é para isso que eu nasci!”

Entrando em territórios dominados pelos borguinhões, tiveram que cavalgar durante as noites para não serem pegos. Em fevereiro de 1429, chegou ao Castelo de Chinon – Centro-oeste da França –, onde Carlos VII se encontrava. Ele duvidava que fosse o herdeiro do trono.

Seu pai, Carlos VI, ficara louco e sua mãe, Isabel da Baviera, declarou que o futuro Carlos VII era filho bastardo. Em 1420, ela assinou o ignóbil Tratado de Troyes pelo qual entregava a França ao herdeiro do rei da Inglaterra.

Quando Joana chegou a Chinon, após cavalgar 600 km durante onze dias, seus soldados acompanhantes declararam que junto a ela nunca sentiram tentações de impureza.

Embora levasse uma carta do governador de Vaucouleurs para ser entregue ao rei, esperou dois dias para ser atendida.

No Castelo de Chinon

Ao transpor o portal do castelo, o soldado porteiro disse blasfêmias e denegriu sua pureza ilibada. A Santa replicou-lhe: “Tu renegas a Deus e estás muito próximo da morte.” Uma hora depois, caminhando por uma ponte, ele caiu no rio e morreu afogado.

No grande salão do castelo, Carlos VII reuniu cerca de 300 cavaleiros e mandou que um primo seu colocasse o traje real e se sentasse no trono. E ele mesmo, vestido como os outros, ficou no meio deles.

A virgem guerreira – que nunca vira o monarca – entrou, foi diretamente até ele e ajoelhou. Mentindo, Carlos VII declarou que não era o rei e, apontando o cavaleiro assentado no trono, afirmou: “eis ali o rei”.

A Santa, então, disse-lhe:

“Em nome de Deus, nobre príncipe, sois vós o rei e não outro. Senhor Delfim, eu me chamo Joana e sou enviada da parte do Senhor para socorrer vosso reino e fazer guerra aos ingleses.

“Porque recusais acreditar em mim? Não hesiteis! O Senhor tem pena de vós e de vosso povo. São Carlos Magno e São Luís não cessam de rezar pela França.”

Como ele ainda duvidava que era o herdeiro do reino, a Santa o fitou nos olhos dizendo: “Da parte de Deus, declaro que tu és o verdadeiro herdeiro da França”. Foi a única vez que o tuteou.[1]

Descrevendo o que sentira quando visitou o Castelo de Chinon, em 1988, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira afirmou:

“Eu estava impressionado com tudo quanto se passou de grandioso no lugar, e me parecia sentir ainda no ar os Anjos e as bênçãos daquela hora excepcional. E osculei as pedras de Chinon porque não podia oscular os pés de Santa Joana d’Arc”.[2]

A França corria o risco de ficar protestante

E a respeito da situação em que a França se encontrava, comentou:

“Naquele tempo, a França estava ocupada em grande parte pelos ingleses. Portanto, encontrava-se em jogo um ponto muito importante da História da Igreja: se os franceses não conseguissem expulsar os ingleses de seu território, no século seguinte, a França corria o risco de ficar protestante. (…)

“Prevendo isso, a Providência suscitou [Santa Joana d’Arc] a fim de reconquistar o território que os ingleses haviam tomado, e reintegrar à filha primogênita da Igreja os limites que historicamente lhe eram próprios”.[3]

Por Paulo Francisco Martos

Noções de História da Igreja


[1] Cf. DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église. Paris: Louis Vivès. 1883, v. 31, p. 280-330. SEQUEIROS, Marie de la Sagesse. Santa Juana de Arco. Buenos Aires : Katejon. 2018, p. 6-80.

[2] CLÁ DIAS, João Scognamiglio, EP. O dom de sabedoria na mente, vida e obra de Plinio Corrêa de Oliveira. Cidade do Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae. 2016, v. V, p. 255.

[3] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A epopeia de Santa Joana d’Arc. In Dr. Plinio. São Paulo. Ano XV, n. 170 (maio 2012), p. 17-18.

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