A Beata Carmen Rendiles, uma venezuelana de fé inabalável, transformou sua deficiência em um testemunho vivo de santidade, inspirando gerações com seu amor a Deus e sua dedicação ao próximo.
Redação (28/03/2025 12:16, Gaudium Press) A história da Beata Carmen Rendiles, uma mulher sem um braço, rejeitada por diversas congregações, acaba servindo de inspiração para muitos. Esta mulher seria capaz de erguer uma obra de grande magnitude?
Nasceu em Caracas, em 11 de agosto de 1903, sendo a terceira filha do casamento entre Ramiro Rendiles e Ana Antonia Martínez. Em 24 de setembro daquele mesmo ano, foi batizada como Carmen Elena na Basílica de Santa Teresa, em Caracas. Em 19 de março de 1911, fez sua primeira comunhão.
Desde o nascimento, a vida de Madre Carmen não foi fácil. Ela nasceu sem o braço esquerdo – uma condição física que, na época, representava um estigma. No entanto, longe de ver essa deficiência como um obstáculo, ela encontrou nela uma oportunidade de mostrar como Deus pode transformar as debilidades em instrumentos de sua graça.
O serviço ao próximo: pilar de sua missão na congregação das Servas de Jesus
Embora algumas comunidades religiosas a rejeitassem por causa de sua condição, sua fé e determinação eram mais fortes. Em 1927, ela ingressou na Congregação das Servas de Jesus no Santíssimo Sacramento, de origem francesa, na Venezuela.
A vida dessa beata foi profundamente marcada por seu amor à Eucaristia e por sua vida de constante oração. A Irmã Teresita Hurtado, uma das discípulas de Madre Carmen, recorda com carinho: “Ela nos ensinou a amar Jesus na Eucaristia e a permanecer sempre em oração. Madre Carmen entendia que, por meio da oração e da proximidade com a Eucaristia, era possível viver um relacionamento íntimo com Jesus, algo que ela ensinou às suas irmãs e discípulas durante toda a sua vida.
A Beata Carmen desempenhou um papel fundamental na expansão da Congregação das Servas de Jesus na Venezuela. Com efeito, ela fundou vários centros educacionais, como o Colégio Belén, em Caracas, e o Colégio Santa Ana, e promoveu a educação cristã entre as meninas e as jovens da região. Essas obras também eram uma expressão sensível de seu amor pelos mais necessitados. Sob sua liderança, as irmãs da congregação assumiram a direção de escolas, trabalharam em seminários e outras instituições, como o Palácio do Arcebispo e a Catedral de Caracas, estendendo sua influência por todo o país.
Uma nova fundação
Em 1965, após vários anos de serviço à congregação, Madre Carmen fundou uma nova comunidade independente, mas com um nome semelhante: as Servas de Jesus, na Venezuela. Foi então que ela assumiu o cargo de Madre Geral, mas continuou a promover a educação cristã e o serviço aos mais necessitados. Sua dedicação a levou a fundar e dirigir várias outras escolas, sempre buscando oferecer uma formação sólida, tanto acadêmica quanto espiritual.
O milagre que confirmou sua santidade
Em 9 de maio de 1977, Madre Carmen morreu de uma estranha gripe. Sua morte foi um momento de grande tristeza, amenizado pela lembrança de sua vida. Ela foi sepultada na capela do Colégio Belén, em Caracas, que havia sido um dos principais frutos de seu trabalho.
Com o passar dos anos, a memória de Madre Carmen continuou viva. Sua causa de beatificação começou em 1995, quando o processo foi aberto perante as autoridades eclesiásticas. Após décadas de investigação, o Papa Francisco reconheceu as “virtudes heroicas” de Madre Carmen e concedeu-lhe o título de Venerável em 5 de julho de 2013. Esse foi o primeiro passo em seu caminho para a beatificação.
Nesse processo, um milagre atribuído a ela foi investigado: a cura inexplicável do braço da médica Trinette Durán de Branger. Em 18 de julho de 2003, a médica sofreu um forte choque elétrico enquanto realizava uma cirurgia. Com dores excruciantes e temendo perder a mobilidade de seu braço direito, ela recorreu à intercessão da Bem-Aventurada Carmen.
Um milagroso raio de luz
Enquanto rezava diante de uma imagem da Beata, a médica sentiu um raio de luz tocar seu ombro. Ela sentiu um calor profundo, perdeu a consciência e, ao acordar, descobriu que estava completamente curada.
Esse milagre foi oficialmente reconhecido pelo Vaticano e, em 16 de junho de 2018, Madre Carmen foi beatificada, tornando-se a terceira beata venezuelana, depois de Madre María de San José e Madre Candelaria de San José.
A Beata Carmen Rendiles é um exemplo de como Deus transforma as dificuldades e limitações humanas em uma ocasião para mostrar seu poder e amor. Sua vida nos lembra que a santidade é possível, mesmo em meio à dor e ao silêncio, e que não há obstáculo tão grande que o amor de Deus não possa superar.
Com informações Churchpop
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