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A Consagração a Maria segundo S.João Damasceno e S.Luís de Montfort

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Conhecem a consagração a Maria? Há três anos fiz a consagração de 33 dias a Jesus através de Maria, tal como ensinou S. Luís Maria Grignon de Montfort. Aconteceu uma coisa estranha. No 33º dia, que eu tinha escolhido para ser 15 de Agosto (a Assunção de Maria e o aniversário da minha mulher), entrei na igreja e tive um estranhíssimo sentimento de terror.

Foi um ataque demoníaco
Assustei-me. Senti uma presença negra. Senti emoções terríves e pensamentos terríveis começaram a inundar a minha cabeça. Estava muito assustado. Sentia que a minha alma estava a ser sufocada com fumo.
Ainda assim, acabei as minhas orações do 33º Dia da Consagração a Maria na igreja e no preciso momento em que acabei, senti que todo o fumo mau tinha sido sugado da sala. Tive uma sensação intensa de paz, amor, graça e misericórdia. Senti que Jesus me amava com imensa intensidade e que Maria me cobriu com o seu manto a toda a volta, para me proteger. Ela estava a levar-me para perto de Jesus. Eu sentia-o. Não consigo explicar.
A minha conclusão é que os demónios não queriam que eu me consagrasse a Jesus por Maria e perceberam que eu iria ganhar uma protecção especial. Fizeram uma última tentativa… e o pé de Maria esmagou as suas cabeças. Fugiram quando a consagração acabou.
Consagração a Maria?
Lamentavelmente, os teólogos desde os anos 50 começaram a questionar o conceito de “consagração a Maria.” Todos concordam que as pessoas e as coisas podem ser consagradas à Santíssima Trindade, e isto é verdade de uma forma especial para a Eucaristia, mas também é verdade para o sacerdócio, para as freiras, para os vasos sagrados e para os nossos corpos de baptizados como sacrários do Espírito Santo (que é a razão pela qual devemos manter a santa puresa e a guarda da vista).
Como é que pessoas ou objectos podiam então ser consagrados à Santíssima Virgem Maria que é uma pessoa humana e criatura? Esta questão normalmente surge relacionada com o pedido da consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria. Alguns dizem que isso é impossível, visto que o Imaculado Coração de Maria foi criado e, portanto, não é um objecto próprio para solene consagração.
São Luís de Montfort sobre a Consagração a Maria
S. Luís de Montfort é o santo para responder a esta questão porque ele mostra que todas as consagrações a Maria (ou a qualquer santo, já agora) estão orientadas para nosso Senhor Jesus Cristo através da Sua Santíssima Humanidade. Visto que todos os santos são membros do Seu Corpo e participantes da Sua Natureza Divina, as consagrações a eles são relativas e, portanto, são feitas a Cristo nosso Deus através deles.
O mesmo é válido para as orações aos santos. Nós rezamos aos santos mas percebemos que a oração “a” um santo é relativa e não absoluta. Estritamente falando, as intercessões dos santos têm o seu fim em Jesus Cristo, o único mediador entre Deus e os homens.
“Pois há um só Deus, e um só mediador entre Deus e os homens, um homem: Jesus Cristo.” (1 Tim 2, 5)
São João Damasceno sobre a consagração a Maria
“Estamos presentes diante de vós, Ó Senhora, Senhora eu digo e outra vez Senhora, unindo as nossas almas à nossa esperança em vós, como se fosse a uma firme e segura âncora, consagramos {anathémenoi} as nossas mentes, as nossas almas, os nossos corpos, numa palavra, o nosso próprio ser, honrando-vos com salmos, hinos e cânticos espirituais, tanto quanto estivermos capazes, apesar de ser impossível fazê-lo com toda a dignidade. 

Se é verdade que, como a palavra sagrada nos ensinou, a honra paga aos nossos fiéis servidores testemunha a nossa boa vontade para com o nosso Mestre comum, como é que podíamos deixar de vos honrar, vós que trouxestes o vosso Mestre? Desta forma podemos mostrar melhor a nossa ligação ao nosso Mestre.”

S. João Damasceno, “Sermo Prima de Dormitione,” Patroligia Graeca 96, 720C-D, 721A-B
“Anathema” para Maria
S. João Damasceno, um Doutor da Igreja Católica, consagrou-se a si e aos seus ouvintes à Santíssima Virgem Maria usando a palavra ‘anathémenoi’. Vão reconhecer isto como a mesma palavra de onde se deriva “anátema” que pode significar “posto acima”, “suspendido”, “banido” e, pricipalmente “amaldiçoado.” É a palavra grega usada para traduzir a palavra hebraica חֵרֶם {charem} para aquelas pessoas ou coisas que pertencem a Deus como santas ou amaldiçoadas. A mesma ideia preserva-se no Latim onde “sacrosanctum” se pode referir a pessoas que são ou “santas” ou “amaldiçoadas”. Por exemplo, ser “sacrílego” tem as mesmas conotações.
Tudo isto se relaciona com as coisas “reservadas para Deus” e isto pode ser ou uma benção ou uma maldição. Por exemplo, o Santíssimo Sacramento é a maior benção para aquele que O recebe em estado de graça, mas é também a maior maldição para aquele que o recebe em estado de pecado original ou mortal. A “sacrosantidade” é cortante para ambos os lados.
De volta a S. João Damasceno. Ele consagra-se a Maria desta forma usando o termo “anathémenoi.” Isto significa que ele está totalmente e completamente entregue e guardado para a Santíssima Virgem Maria. (isto devia lembrar-nos o Beato João Paulo II, cujo motto era dirigido a Maria: “Totus tuus” ou “Todo teu.”) Ai dele se falhar na sua devoção a ela. E no entanto este “anátema Mariano” também inclui as maravilhosas e brilhantes graças que ele receberá de Cristo através dela.
Mais ainda, esta consagração a Maria sob a forma de um “anátema” é Cristocêntrica (centrada em Cristo) ou, como eu prefiro dizer, Cristotélica (conduzindo a Cristo). Vejam como S. João Damasceno conclui a sua consagração a Maria: “Desta forma podemos mostrar melhor a nossa ligação ao nosso Mestre.” O nosso Mestre é Cristo Senhor.
O ponto principal da consagração a Maria não é exaltar Maria ao nível da divindade ou colocá-la numa competição com Cristo. A verdadeira consagração a Maria (também defendida por S. Luís de Montfort e S. Maximiliano Kolbe) leva a um maior amor e serviço a Cristo.
Querem consagrar-se ao Imaculado Coração nesta forma? Se sim, eu recomendo de coração a consagração a S. Luís de Montfort, mas especialmente a de S. Maximiliano Maria Kolbe.
Para usar a consagração de Kolbe de uma forma solene, escolham uma festa Mariana. Façam jejum no dia anterior (uma refeição), rezem o Terço, confessem-se e vão à Santa Missa nesse dia de festa Mariano, e depois recitem a oração de consagração a Maria. Renovem a consagração anualmente.
Nossa Senhora Imaculada, Mãe da Igreja, rogai por nós.

Taylor Marshall

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