Milícias jihadistas e nacionalistas turcas impedem que chegue água potável a uma região onde ela não existe e onde vivem refugiados cristão e outras minorias religiosas e étnicas.
Redação (27/08/2020, 10:40 – Gaudium Press) Imagine uma região onde o sol sempre é forte, as temperaturas chegam a 40 graus ou mais em todos os dias e não caia um só pingo de chuva. Esta região existe e o que “imaginamos” são circunstâncias normais neste momento em Lower Jezireh, a região de al-Hasakah que fica no nordeste da Síria. Por ali passa um rio chamado Khabour que atravessa a capital do governadorado de Hassaké mas, ele agora é um rio seco.
Apesar de tudo isso, não é normal que nas torneiras não exista uma só gota d’água.
Jihadistas e nacionalistas turcos usam água como arma de guerra
O que tem acontecido é que, nas duas últimas semanas, milícias jihadistas e nacionalistas turcas têm impedido que os sistemas de transporte e abastecimento de água potável vinda de regiões menos áridas localizadas na região de fronteira entre a Síria e a Turquia.
Não é a primeira vez que eles usam a água como uma arma de guerra. Desde que houve a captura de uma “zona de segurança contra terroristas curdos” situada numa faixa de cem quilômetros de extensão e vinte e cinco quilômetros de largura no Haute-Djézireh sírio, isso tem acontecido com frequência.
“Cortes voluntários de água potável são violações dos direitos humanos”
“Esses cortes voluntários de água potável são violações dos direitos humanos”. Esta afirmação foi feita na última sexta-feira pelo Patriarca Sírio-Ortodoxo Ignatius Ephrem II Karim em uma carta enviada ao secretário-geral das Nações Unidas:
“Este ato antiético atinge especialmente crianças, idosos e pessoas vulneráveis, em um país que também já está sofrendo muito com a pandemia de Covid-19. Isso é um crime contra a humanidade”, disse Ignatius Ephrem.
Perseguição religiosa, limpeza étnica, crimes turcos para as quais Ocidente faz vista grossa
Na verdade, isto é um outro crime que pratica o presidente turco Erdogan em torno de suas fronteiras do sul, para as quais Ocidente faz vista grossa. Também a limpeza étnica continua e ela é assistida em silêncio.
A minoria cristã que tenta sobreviver no lado norte da fronteira enfrenta, constantemente, uma intimidação após a outra. Um exemplo dessa intimidação aconteceu quando os pais de um padre caldeu em Istambul, Remzi Diril, queriam voltar para sua aldeia natal de Meer: eles foram sequestrados e assassinados em janeiro deste ano.
Mas as tropas turcas –sob o pretexto de proteger a Turquia dos ataques terroristas curdos– não só invadiram o norte da Síria em outubro passado, mas ainda fizeram vítimas entre os cristãos e iazidis no extremo norte do Iraque, em torno de Zakho e Sinjar.
As tropas turcas que invadem os países vizinhos pertencem à Nato
E há algo em tudo isso que não se pode esquecer: estas tropas turcas que invadem os países vizinhos são tropas da Organização do Tratado do Atlântico Norte, a NATO, uma aliança militar da faz parte um bom número de países ocidentais!
A expressão al-Jazayra em árabe significa: “A ilhota”. Djézireh sempre foi uma região multicultural e multirreligiosa, onde vivem Yezidis e Mandeanos, Curdos Cristãos e Sunitas, Cristãos Caldeus, Siríaco-Católicos e Siríaco-Ortodoxos, bem como Armênios que aí se estabeleceram após o genocídios cometidos por Jovens Turcos no final da Primeira Guerra Mundial.
Essa diversidade está sendo sistematicamente ameaçada agora por islamistas e nacionalistas turcos:
No final do ano passado, nos abrigos de ônibus em Diyarbakır, foram afixados pôsteres onde nos quais aparecia um verso do Alcorão que é conhecido como “da Espada”. Trata-se de um verso muito popular e presente em ambientes extremistas e frequentemente citado como justificativa para atos terroristas.
É hora de ser revista a “aliança” do Ocidente com a Turquia?
Mas o Ocidente não se importa muito com isso! Contudo, uma pergunta carregada de bom senso se impõe:
Não chegou a hora de ser revista fundamentalmente a “aliança” do Ocidente com a Turquia? (JSG)
(Fonte: La Libre.be)
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