O rito renovado destaca que o funeral do Romano Pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo e não de um poderoso deste mundo.
Cidade do Vaticano (21/11/2024 13:04, Gaudium Press) O Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice publicou a segunda edição típica do Ordo Exsequiarum Romani Pontificis. Apesar de ter sido aprovado pelo Papa Francisco em 29 de abril de 2024, o primeiro exemplar foi entregue ao Santo Padre apenas no dia 4 de novembro.
Entre as mudanças introduzidas nesta nova edição está a constatação da morte não mais no quarto do falecido, mas na capela, a deposição imediata dentro do caixão, a exposição do corpo do Papa à veneração dos fiéis já dentro do caixão aberto, a eliminação dos tradicionais três caixões de cipreste, chumbo e carvalho.
Nova edição atende a um pedido do próprio Papa Francisco
A versão anterior do livro havia sido aprovada por São João Paulo II no ano de 1998 e publicada em 2000, tendo sido utilizada como guia nas exéquias do próprio Pontífice em 2005 e, com adaptações, nas do Papa emérito Bento XVI no ano de 2023. Segundo Dom Diego Giovanni Ravelli, Mestre das Celebrações Litúrgicas dos Pontífices, esta nova edição atende ao pedido do próprio Papa Francisco.
“Fez-se necessária uma segunda edição antes de tudo porque o Papa Francisco pediu, como ele mesmo declarou em diversas ocasiões, para simplificar e adaptar alguns ritos de forma que a celebração das exéquias do Bispo de Roma expressasse melhor a Fé da Igreja em Cristo Ressuscitado… O rito renovado, ademais, deveria enfatizar ainda mais que o funeral do Romano Pontífice é o de um pastor e discípulo de Cristo e não de uma pessoa poderosa deste mundo”, explicou o prelado.
As três estações
Foram mantidas as três ‘estações’ clássicas, aquela na casa do falecido, a na Basílica Vaticana e no local da sepultura. “No entanto, a estrutura interna das estações e os textos foram revistos à luz da experiência amadurecida com as exéquias de São João Paulo II e Bento XVI, da atual sensibilidade teológica e eclesial e dos livros litúrgicos recentemente renovados”, explicou Dom Ravelli.
A primeira estação «na casa do defunto» prevê as novidades da confirmação do óbito na sua capela privada, e não no quarto, e a deposição do corpo em um único caixão de madeira e naquele interno de zinco, antes de ser trasladado para a Basílica. Foi eliminada a primeira trasladação para o Palácio Apostólico.
A segunda estação «na Basílica Vaticana» considera uma única trasladação em São Pedro, o fechamento do caixão e a Missa exequial. Na Basílica Vaticana, o corpo do Papa falecido é exposto diretamente no caixão e “não mais sobre um alto esquife”, além disso, em conformidade com o que estabelece o Cæremoniale Episcoporum para as exéquias do bispo diocesano, durante esta exposição não será colocado ao lado do caixão o pastoral papal.
Por fim, a terceira estação “no local da sepultura” inclui a trasladação do féretro para o túmulo e o sepultamento. “Esta estação sofreu uma significativa racionalização devido à eliminação da deposição e fechamento do caixão de cipreste em um segundo de chumbo e em um terceiro de carvalho ou outra madeira”, explicou Dom Ravelli. Outro elemento novo consiste na introdução das indicações necessárias para o eventual sepultamento em um local diferente da Basílica Vaticana.
Santas Missas em sufrágio do Papa falecido
Os títulos pontifícios também foram simplificados, retomando a terminologia utilizada na terceira edição do Missale Romanum (2008), ou seja, as denominações de Papa, de Episcopus [Romæ] e de Pastor, enquanto nas notas introdutórias gerais e nas rubricas optou-se pela expressão Romanus Pontifex, em conformidade com o título do livro litúrgico.
O último capítulo do livro litúrgico é dedicado às disposições para as Santas Missas em sufrágio do Papa falecido celebradas durante nove dias consecutivos a partir da Missa exequial. No ritual são citadas quatro – e não mais três – formas de oração à escolha, enquanto foram retomadas todas aquelas oferecidas pelo Missale Romanum pelo Papa falecido e aquela pelo bispo diocesano falecido. Diferentemente da edição anterior, são omitidos os textos do Lecionário, do qual são oferecidas apenas as indicações bíblicas.
“O Ordo Exsequiarum Romani Pontificis não é pensado como um ‘missal plenário’, mas sim como um Ordo no sentido próprio do termo, que contém as indicações rituais, o desenvolvimento de ritos e os textos próprios, mas para todo o resto refere-se aos livros litúrgicos em uso, nomeadamente o missal, o lecionário e o gradual. O resultado é, portanto, um volume mais ágil, de fácil consulta e preciso nas indicações rituais, instrumento essencial para a preparação e celebração das exéquias do discípulo de Cristo escolhido como sucessor de Pedro”, conclui o Mestre das Celebrações papais. (EPC)
The post Rito fúnebre para Papas é simplificado pelo Vaticano appeared first on Gaudium Press.