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“Enviai à terra esse Espírito todo de fogo !”

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Como o Espírito Santo poderá agir atualmente nas almas, se as obras contrárias ao Espírito, como assinala o Apóstolo, estão tão enredadas em nossa sociedade?

Redação (22/05/2021 11:31, Gaudium Press): A Santa Igreja celebra na liturgia deste domingo, tão rica em matizes e significados, a grande solenidade de Pentecostes.

Contudo, convém nos recordarmos do acontecimento ocorrido cinquenta dias antes. No momento auge da Paixão, os Apóstolos abandonaram o Divino Redentor, fugiram vergonhosamente no momento em que deveriam manifestar uma completa fidelidade a Ele na hora do supremo sacrifício…

Por quê? Porque a chama da fé já não iluminava mais seus corações.  A visualização humana de um Messias que viria solucionar os problemas políticos e restaurar o reino de Israel (cf. At 1, 6) ofuscou suas vistas, de maneira a não enxergarem os planos de Deus com respeito à Redenção da humanidade pecadora.

No entanto, “junto à cruz de Jesus, estava de pé sua mãe” (Jo 19, 27). Maria encontrava-se “de pé”, pois apesar de estar coberta de lancinantes dores, as chamas da fé ardiam em seu Imaculado Coração. Como assinalava Bento XVI em certa ocasião: “Junto da Cruz, (…) Vós (Maria) Vos tornastes Mãe dos crentes. Nesta fé que, inclusive na escuridão do Sábado Santo, era certeza da esperança, caminhastes para a manhã da Páscoa. A alegria da Ressurreição tocou o Vosso Coração e uniu-Vos de um novo modo aos Apóstolos”[1].

 A inabalável fé de Nossa Senhora na vitória de seu Divino Filho sobre o mal foi o sustentáculo da Igreja nascente, que fortaleceu e iluminou o interior dos Apóstolos e discípulos.

Os Apóstolos no cenáculo

A primeira leitura da Santa Missa descreve que, por ocasião do dia de Pentecostes, os Apóstolos estavam reunidos no cenáculo com Nossa Senhora. Repentinamente, ao ouvirem o ruído de um vento impetuoso que encheu toda a casa onde eles estavam:

“Apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava”. (At 2, 3-4)

    Diz-se com frequência que o Paráclito desceu primeiro sobre Maria Santíssima, cumulando-A de uma nova plenitude de graças, e que por seu intermédio estas graças e dons do Espírito Santo foram derramados sobre os Apóstolos, operando verdadeiras transformações: de medrosos e pusilânimes de espírito, saíram do cenáculo arrebatados, confirmados na fé e obedecendo sem temor ao mandato do Divino Mestre: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado” (Mc 16, 15-16). Os sinais sensíveis da ação do Paráclito logo fizeram-se sentir nas almas, como se demonstra na fogosa pregação de São Pedro: “o número de adeptos elevou-se a mais de três mil homens” (At 2, 41).

Pentecostes foi, portanto, um verdadeiro marco na história da Santa Igreja, pois, a partir de então, ela passou a ter novos dons, novas graças e virtudes.

Uma nova vinda do Espírito Santo?

Mas a presente liturgia possui também uma aplicação para o nosso século.

Apesar de graças terem sido derramadas copiosamente em Pentecostes, a humanidade decaiu de forma espantosa, virando as costas para Deus: “Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (Jo 1, 11). Vivemos em um mundo no qual o materialismo e as paixões mundanas dominam o coração dos homens, minando nas almas o resto de fé que ainda possuem

Ora, poderá o Espírito Santo agir atualmente, se as obras contrárias ao Espírito: “fornicação, impureza, libertinagem, idolatria superstição, inimizades, brigas, ciúmes, bebedeiras, ódio, ambição, discórdias, invejas…”, como enumera o Apóstolo (Gl 5, 16-19), estão tão enredadas em nossa sociedade?

Mais do que nunca, a sequência da Santa Missa de hoje – o Veni Sancte Spíritus, composto no século XIII pelo Papa Inocêncio III – fala às almas dos Católicos, e pede por eles aquilo de que realmente precisam:

“Vinde, Espírito Santo, e enviai do Céu um raio de vossa luz”.

Sim! Pois Ele deve vir sem mais tardar para reconduzir os homens a Deus.

“Lavai o que é impuro, fecundai o que é estéril, ao que está ferido curai”. “Dobrai o que é rígido, aquecei o que é frio e o que se extraviou, guiai”.

O Espírito Santo tem a força de transformar as almas; é Ele quem as santifica e fortalece, iluminando-as com Sua luz. A ação d’Ele é eficaz; capaz de mudar os corações mais empedernidos no mal, conquanto estes se Lhe abram. E conclui:

“Dai-lhes o mérito da virtude, a salvação no termo da vida, o gáudio eterno. Amém.

Uma “nova vinda” do Espírito Santo

Não é possível que, durante tantos séculos, seja pedida a vinda deste Paráclito, sem que, em determinado momento, esta oração não venha a ser atendida de uma forma extraordinária. Pois, se o estado atual da humanidade é mais alarmante que a época apostólica, somente uma nova descida do Espírito Santo por meio de sua Santíssima Esposa, Maria Santíssima, seria capaz de purificar o mundo de seus pecados e instaurar de forma definitiva o reinado de Cristo.

O grande devoto mariano, São Luís Maria Grignion de Montfort, deu mostras deste ardoroso desejo em sua “Oração Abrasada”, suplicando o advento do Divino Paráclito, por meio de Nossa Senhora, e de “novos Apóstolos”, íntegros anunciadores do Evangelho: “Verdadeiros servos da Santíssima Virgem, que, como outros tantos São Domingos, vão por toda parte, com o facho lúcido do santo Evangelho na boca, e o santo Rosário na mão, a ladrar como cães, a arder como fogos e iluminar como sóis as trevas do mundo, por meio de uma verdadeira devoção à Santíssima Virgem”.[2] Mais adiante continua: “Enviai à terra esse Espírito todo de fogo, para nela criar sacerdotes cheios de fogo, por cujo ministério seja renovada a face da terra”[3].

Peçamos então, neste dia de Pentecostes, pela intercessão de Maria Santíssima, uma “nova vinda” do Espírito Santo, e de novos “Apóstolos”, fiéis anunciadores de Jesus Cristo. Peçamos uma urgente renovação da face da Terra, operada pelo Divino Paráclito.

Por Guilherme Motta


[1] Bento XVI. Spe salvi, n.50: AAS 99 [2007], 1026-1027. (Tradução pessoal)

[2] Cf. MONTFORT, São Luís Maria Grignion de. Euvres complètes de Saint Louis-Marie Grignion de Montfort, du Seuil, 1996, p. 679.

[3] ibid., p. 681-682.

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