Somos convidados a ter o coração aberto à voz de Cristo e não fechar os olhos diante de suas manifestações.
Redação (30/11/2021 12:24, Gaudium Press) No período do Advento, a Igreja passa a manifestar uma “nova fisionomia”: o roxo predomina nas alfaias. Cessa-se o canto do Glória e os altares já não ostentam as flores que costumeiramente os ornavam. Sente-se no ar um ambiente de espera diante do grande acontecimento, do fato que dividiu a História em dois períodos: o nascimento do Menino Jesus numa gruta em Belém.
Nós, presentemente, nos preparamos para a sua chegada, durante quatro semanas; simbolicamente, significam os quatro milênios durante os quais a humanidade aguardou ansiosamente o advento do Messias.
Não endureçais o vosso coração
O nome dado a este período litúrgico exprime bem a realidade que revivemos: Estamos à espera do Natal, da vinda de Deus à terra. Entretanto, não se trata de uma simples recordação de algo ocorrido há dois mil anos, pois quando celebramos qualquer ação litúrgica, nos são concedidas graças semelhantes àquelas dadas aos homens que a constataram mediante a presença física de Cristo.
Contudo, alguém poderia apontar que a liturgia retrata sobretudo o fim dos tempos e o juízo final (Cf. Lc 21,27; 1 Ts 3,13). Não seriam, pois, as leituras propostas pouco condizentes com a solenidade tão esperada?
Acontece que a Igreja se aproveita dessa ocasião para nos preparar não só para a primeira vinda de Nosso Senhor – rememorando-a a atualizando-a –, mas também para a segunda, quando Ele vier para julgar todo o gênero humano: eis o nexo entre ambas essas vindas.
É por esse motivo que o Apóstolo nos exorta a viver para agradar cada vez mais a Deus e a desejar sempre que Ele nos confirme na santidade (Cf. 1 Ts 3,12-4,2). De igual modo, é nos dada uma importante advertência, a de nunca deixar que os nossos corações se tornem insensíveis aos sinais que Deus nos manda.
Tais sinais bem podem ser grandiosos como as calamidades prenunciadas por Cristo no Evangelho (Cf. Lc 21, 25-26); mas também podem ser aparentemente insignificantes, como uma graça recebida, convidando a deixar as vias de pecado e a mudar de conduta, ou ainda a impulsionar vivermos segundo os mandamentos de Deus. Seja como for, Nosso Senhor está sempre desejando entrar em comunicação conosco, e muitas vezes utiliza-Se desses meios para nos mostrar os seus desígnios e nos preparar para o dia em que O encontrarmos.
Qual deve ser a nossa atitude face a isso?
Precisamos nos vigiar constantemente, de modo que essas palavras não fiquem estéreis em nós.
Imaginemos um homem que recebeu de seu médico a advertência de não ingerir certos alimentos, com o perigo de lhe fazer muito mal à saúde. Com que cuidado ele evitaria tais comidas para assim preservar a sua vida?! Da mesma maneira, o Divino Médico nos deixa esse aviso, pois deseja nos salvar e conceder a vida eterna.
Nesse ano de 2021, marcado não apenas pela pandemia, mas também pelos vários desastres naturais que abalaram o mundo, será que Nosso Senhor não nos quer transmitir algum recado?
Recorramos, pois, à Santíssima Virgem, para que nunca fiquemos insensíveis diante dos sinais que Deus nos manda, e assim possamos ficar de pé diante do Filho do Homem (Cf. Lc 21,36).
Por Jerome Sequeira Vaz
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