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Explicação da Liturgia do Sábado Santo: Vigília Pascal na Noite Santa

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Em meio à escuridão, na grande “noite” da História, “a Luz resplandeceu nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la”. Realizou-se o fato mais grandioso, um dos maiores mistérios de nossa Fé, hoje revivido através da Liturgia: das sombras da morte, surge fulgurante Cristo Ressurrecto!

cirio pascal 1

Redação (18/04/2025 09:34, Gaudium Press) A noite é um símbolo do reino das trevas. Cercado pela escuridão, o mundo parece atado por laços inquebrantáveis. Nesta noite, Aquele que Se proclamou “a Luz do mundo” (Jo 8, 12) depois de ser traído e entregue aos seus inimigos, jaz imóvel em um sepulcro, aparentemente sem poder algum. Por essa razão, a Santa Igreja celebra a mais solene de todas as suas cerimônias em plena noite. Em meio à escuridão, na grande “noite” da História, “a Luz resplandeceu nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la” (Jo 1, 5). Realizou-se o fato mais grandioso, um dos maiores mistérios de nossa Fé, hoje revivido através da Liturgia: das sombras da morte, surge fulgurante Cristo Ressurrecto!

Também em nossos dias o Redentor, em seu Corpo Místico, parece estar cercado pelas trevas de um mundo em guerra contra Deus e que almeja sepultar para todo sempre, no esquecimento e na ignomínia, a vida imortal da Santa Igreja.

Entretanto, tal como seu Divino Esposo, a Santa Igreja se levantará luminosa, não de um túmulo, mas do interior de nossos corações. E quanto maiores forem os esforços para destrui-la, tanto mais glorioso será o seu triunfo!

Com efeito, enquanto houver no mundo almas fiéis, elas alçarão suas vozes até as estrelas, proclamando em alta voz: “Ó noite verdadeiramente santa, em que o Céu se une à terra para o supremo combate entre a Vida e a morte, o Bem e mal! Vede os nossos corações ardentes. Deles se elevam as chamas que rasgam as trevas e anseiam por cumprir as palavras do Salvador: ‘Eu vim para atear fogo à terra, e como gostaria que já estivesse aceso!’ (Lc 12, 49)”

Preparação do Círio Pascal

O Círio Pascal é símbolo de Nosso Senhor Jesus Cristo e, por isso, recebe em si as marcas que representam os estigmas com que seu Corpo sacratíssimo foi depositado no sepulcro.

Contudo, como a Liturgia cantará, ele é também símbolo da Santa Igreja Católica, prefigurada pela coluna de fogo que marchou à frente de Israel e guiou o povo eleito na travessia do Mar Vermelho. Sendo o próprio Corpo Místico de Cristo, a Santa Mãe Igreja ostenta, como troféus, essas marcas gloriosas.

Por essa razão, serão gravados no Círio: a gloriosa Cruz de nossa Redenção; a primeira e a última letra do alfabeto grego, “alfa” e “ômega”, significando que Jesus Cristo é o princípio e o fim de toda a criação; e os algarismos do ano corrente, pois é em função de Nosso Senhor que o tempo transcorre nesta terra.

O celebrante grava no Círio uma cruz, a primeira e a última letra do alfabeto grego – “Alfa” e “Ômega” – e os algarismos do ano em curso, enquanto diz: Cristo, ontem e hoje, Princípio e Fim, Alfa e Ômega. A ele o tempo e a eternidade, a glória e o poder pelos séculos sem fim. Amém.

Os cravos que serão fincados a seguir representam as chagas do Salvador. São feitos com grãos de incenso em memória dos perfumes preparados pelas Santas Mulheres, e nos ensinam que todas as dores dos Santos, unidas às do Redentor, sobem como nuvem aromática até o trono da Trindade Santíssima.

O celebrante aplica no Círio cinco grãos de incenso, em forma de cruz, dizendo:

  1. Por suas santas chagas,
  2. suas chagas gloriosas,
  3. o Cristo Senhor
  4. nos proteja
  5. e nos guarde. Amém.

A chama que refulgirá no Círio representa a vida de Cristo Ressuscitado, o qual, enquanto Cabeça da Igreja, transmite sua própria vida a cada um de seus membros. Essa chama também indica que em toda a Igreja já resplandece a fé na Ressurreição.

É importante notar que a chama, proveniente do fogo abençoado, é transmitida ao Círio Pascal por meio de uma pequena vela, simbolizando que, nas noites da História, a luz e a santidade da Igreja subsistem pela fidelidade de poucos, às vezes de uma única alma eleita, como foi a de Nossa Senhora na solidão do Sábado Santo!

Por fim, o celebrante acende o Círio Pascal com fogo novo, dizendo: A luz do Cristo que ressuscita resplandecente dissipe as trevas de nosso coração e nossa mente.

Procissão com o Círio Pascal

Libertando o povo eleito da escravidão do Egito, Deus o guiou por uma coluna de fogo no mar e no deserto, rumo à Terra Prometida. Libertando-nos do pecado e da morte com sua Ressurreição, Nosso Senhor Jesus Cristo rompeu os grilhões que nos escravizavam ao mundo e nos deu como guia a Santa Madre Igreja, a qual nos conduz ao cumprimento das promessas divinas.

Esse glorioso percurso da Esposa Mística de Cristo rumo à plena realização do Reino de Deus é representado em nossa entrada no templo. Guiados pela luz da Santa Igreja, iremos ao encontro da Jerusalém Celeste, “que desce do Céu, enviada por Deus” (Ap 3, 12).

O cortejo deter-se-á por três vezes para aclamarmos a luz de Cristo, em honra da Santíssima Trindade. E as velas serão acesas sucessivamente, significando que recebemos dessa luz a missão de transmiti-la ao mundo inteiro.

Proclamação da Páscoa

Tal é o júbilo da Igreja pela Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo que ela não se contenta em manifestá-lo apenas pelos ornamentos sagrados, pelo adorno do templo ou pelo brilho das luzes. Seu coração exulta, e transborda de seus lábios um verdadeiro cântico de amor.

No Precônio Pascal devemos reconhecer a voz da Santa Igreja que, inebriada de entusiasmo pela vitória de Cristo, ergue até os Céus seu hino triunfal. Exultemos com ela, pois no triunfo de Cristo está consignada a nossa própria vitória.

Glória

A Santa Igreja escuta, encantada, a narração das maravilhas operadas por Deus junto ao povo de Israel. Mas ela sabe que tudo isso não foi senão o prelúdio da obra da salvação, pois é Nosso Senhor Jesus Cristo quem a realiza em sua plenitude.

Após ouvir as vozes do Antigo Testamento, agora é a vez da Igreja alçar o seu cântico de louvor e de triunfo. Ao som dos sinos, Anjos e Bem-Aventurados descidos do Céu unem-se às nossas vozes para proclamar ao mundo inteiro, com entusiasmo: Christus vincit, Christus regnat, Christus imperat!

Se a nota predominante da Quaresma foi a penitência preparatória para as festas pascais que se aproximavam, agora, vencidas as trevas do pecado, todos nós, redimidos pelo Sangue do Redentor, podemos entoar um cântico novo, como fizeram Moisés e os israelitas após a passagem do Mar Vermelho: “Ao Senhor quero cantar, pois fez brilhar a sua glória” (Ex 15, 1).

No período pascal, este cântico resume-se numa só palavra hebraica, que nos convida literalmente a louvar a Deus: O “Aleluia”. Omitido durante quarenta dias, o “Aleluia” retorna à Liturgia nesta Noite Santa, cantado solenemente três vezes antes do Evangelho, sendo que a cada vez é utilizado um tom mais elevado que o anterior, para expressar com a alegria transbordante de toda a Igreja pela glória da Ressurreição.

Evangelho

Um detalhe faz contraponto à alegria dominante: as velas que acompanham o Evangelho ao ambão e ali permanecem enquanto este é proclamado, hoje não estarão presentes; somente será utilizado o incenso para reverenciar o livro dos Santos Evangelhos. Eis aqui uma alusão às santas mulheres que foram ao sepulcro com perfumes e bálsamos, mas a fé na Ressurreição ainda não brilhava em suas almas. O incenso recorda os perfumes, a ausência das velas significa que não tinham fé.

Liturgia Batismal

Pelo Batismo nós “morremos para o pecado, uma vez por todas” (Rm 6, 10), para nos tornarmos semelhantes a Nosso Senhor Jesus Cristo. E, com a sua Ressurreição, Ele conquista também a nossa glória (d. Cl 3, 4).

A Liturgia nos convida a renovar as promessas do nosso Batismo nesta Santa Vigília, sepultando sob as águas santificadas “o homem velho, com seu modo de agir” (Cl 3, 9), e revestindo o homem novo, a fim de sermos luzeiros de santidade em todo o mundo.

Liturgia Eucarística

A Vigília Pascal se encerra com a Liturgia Eucarística. A renovação do Sacrifício do Calvário proclama o triunfo d’Aquele que, ressurgindo dos mortos, penetrou no Céu “uma vez por todas” (Hb, 12) para interceder “sempre em nosso favor” (Hb 7,3).

A Santa Igreja Católica é a única instituição indestrutível, pois participa da imortalidade de seu Fundador. Que esta noite santa firme em nossas almas a convicção ardorosa, a fé inabalável, a confiança invencível de que jamais as portas do inferno prevalecerão contra nós (c. Mt 16, 18), pois somos membros do Corpo Místico do Invicto Ressuscitado.

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