InícioNotícias da IgrejaA história dos calendários – Parte II – O calendário judaico

A história dos calendários – Parte II – O calendário judaico

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Um simples modo de dividir os dias e os meses dos anos deixa transparecer características de uma mentalidade muito peculiar.

Redação (13/08/2022 15:08, Gaudium Press) Na concepção judaica da vida, assaz diferente da mentalidade romana, as datas, a formação dos meses e dos anos possuíam explicações com traços predominantemente religiosos. Um exemplo disso é que para os judeus o ano começava sempre na quarta-feira, pois segundo o relato da Criação no Gênesis, foi no quarto dia que Deus criou a Lua, o Sol, as estrelas e todo o curso do tempo.[1] Sob outro aspecto, também chegaram a considerar o início do ano no equinócio de outono ou no mês da grande libertação dos judeus da terra do Egito com Moisés: “Este mês será para vós o primeiro dos meses do ano” (Ex 12,1).

Um pormenor interessante é que o dia, que para nós começa à meia-noite, para os judeus já se tinha principiado na véspera, na tarde anterior. Deste modo, a quarta-feira começa na tarde de terça-feira, a quinta-feira na tarde da quarta-feira e assim sucessivamente, seguindo mais uma vez uma interpretação do Gênesis: “Houve uma tarde e uma manhã”; e não o contrário, como nós ocidentais costumamos nos referir.

Os dias da semana eram também divididos em função dos sete dias da criação do mundo. Tais dias, em hebreu, eram simplesmente os numerais ordinais do segundo ao sexto, tal como no idioma português. Mas o sábado seguia outra regra: chamado Shabat (שבת), que quer dizer descanso, rememorava o dia em que Deus repousou de sua obra criadora. E havia o domingo, cuja etimologia – יום ראשון (“yom rishón”), significa “o dia primeiro”.

O perdão dos pecados constituía uma parte fundamental para a composição do calendário hebraico, por isso a cada sete anos um era “Sabático”; neste, os judeus, entre outras observâncias, tinham que ficar à disposição dos estrangeiros e dos pobres. A cada sete anos Sabáticos, um era jubilar, também de descanso, e nele os escravos de Israel reencontravam sua liberdade, pois todo israelita é “propriedade” inalheável de Deus, não podendo ser, por este motivo, escravo perpétuo de ninguém. Era proibido apressar os devedores a pagarem suas dívidas, e assim, tanto um ano quanto o outro se iniciavam com o “grande dia da remissão”.[2]

Divisão dos meses:

Assim se dividiam os meses:

Nisán, ou Abib, mês das espigas ou dos novos frutos. Começava com a lua nova que precede o equinócio de primavera; corresponde, portanto, à segunda metade de março e primeira metade de abril. No dia 14 pela noite, era a solenidade da Páscoa e o sacrifício do cordeiro pascal. Do dia 15 ao 21, era a festa da Páscoa, chamada também “festa dos pães ázimos”. O 16 ou, se este fosse sábado, o 17, era de oferenda solene dos primeiros feixes. Desta data se começava a contar sete semanas até a festa de Pentecostes.

Ijar (abril-maio), primitivamente Ziw, que quer dizer mês do esplendor ou das flores.

Sioán o Sibán (maio-junho). No dia 6 ou 7, era festa de pentecostes ou das semanas; havia também as festas da colheita ou dia das primícias (colheita de trigo).

Tliamnz o Adoms (junho-julho).

Ab (julho-agosto). No dia 9, relembrava-se a destruição de Jerusalém (duelo e jejum).

Elul (agosto-setembro).

Tischri (setembro-outubro), primeiro mês do ano civil, chamado Etanirn, mês sabático. O dia 10 era o grande dia da expiação (penitência, jejum); e dos dias 16 a 22, festa dos tabernáculos.

Marqueshvan, Marsnan (o também Búl), quer dizer mês das chuvas (outubro-novembro).

Kislev ou Casleu (novembro-dezembro); no 25, desde o tempo de Judas Macabeu, celebrava-se a festa das Encenias ou da Dedicação do Templo.

Tebet (dezembro-janeiro)

Schebat ou Sabbat (janeiro-fevereiro)

Adar (fevereiro-março) o 14 e 15 festa dos Purim ou das sortes.

Intercalava-se a cada dois ou três anos um segundo Adar, ou Veadar onde, nos dias 14 e 15, celebrava-se o Grande Purim.

Continua no próximo artigo

Por João Pedro Serafim


[1] Cf. ÁLVAREZ VALDÉS, Ariel. O que podemos saber sobre a Bíblia? Trad. Afonso Paschoette. 4 ed. Aparecida: Santuário, 1999, v.4, p. 71.

[2] Cf. HOLZAMMER, Juan; SHUSTER, Ignacio. História bíblica: Antigo Testamento. Trad. Jorge de Riezu. Barcelona: Litúrgica española, 1934, p. 275, 346-347.

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