Há muitas coisas capazes de machucar e desestabilizar uma pessoa, mas nenhuma é tão forte quanto duvidar do amor de Deus. E Satanás sabe muito bem como usar essa arma contra nós.
Redação (03/01/2024 17:07, Gaudium Press) A fim de testarem Jesus, perguntaram-lhe “Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?”. E Jesus respondeu: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu o coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás teu próximo como a ti mesmo. Nesses dois mandamentos se resumem toda a Lei e os Profetas”. Entretanto, até hoje, quanta dificuldade há em compreender e executar algo aparentemente tão simples!
Muitos não sabem, mas existe uma bíblia satânica, escrita e publicada em 1969, por Anton LaVey, fundador da igreja de Satã. Este livro está na base do satanismo e já foi reeditado mais de 30 vezes. A obra ocupa-se em refutar, um a um, os Dez Mandamentos dados por Deus a Moisés, e mostrar um contraponto que é considerado correto pelos adeptos da seita, como: mentir, adulterar, matar etc.
Um dos pontos fundamentais usados pelo satanismo para atrair seguidores é a afirmação de que o demônio não é uma entidade que exige adoração, mas apenas uma força da natureza que pode ser evocada para benefício próprio. A contradição deste ponto é que o livro traz a denominação de vários demônios e as formas de evocá-los.
A criação de uma antilei
A fim de refutar a Lei de Deus, o satanismo criou uma nova lei às avessas, que se apoia num pensamento do ocultista britânico Aleister Crowley “Faze o que tu queres, pois é tudo da lei”. E o centro dessa lei é o individualismo, a autoindulgência e a vingança às ofensas recebidas (“olho por olho, dente por dente”, a chamada pena de Talião), de onde surgem muitos malefícios feitos de forma ritualística para prejudicar o próximo.
Quando Jesus respondeu aos fariseus que o maior mandamento é amar a Deus de todo coração, alma e entendimento, Ele deixou clara a nossa absoluta submissão a Deus. A seguir, colocou a importância de amarmos ao próximo como a nós mesmos. Aqui está o princípio do amor-próprio desprovido de egoísmo, diferente da ordem do inimigo, que coloca o amor-próprio acima de todas as coisas. E é esse pensamento que está disseminado por todas as partes; muitos o vivem, o divulgam e nem percebem o quanto estão propagando e servindo ao mal.
Outro aspecto muito importante a ser considerado é a explicação de Jesus, mostrando que esses dois mandamentos “resumem toda a Lei e os Profetas”, ou seja, em momento algum Ele disse que esses dois mandamentos substituem a Lei de Deus, como alguns, infelizmente, pregam: basta amar, não precisa cumprir os mandamentos. Jesus foi taxativo ao dizer que não veio destruir a Lei, mas dar-lhe cumprimento.
Uma mentira muito propagada
Sei que este assunto pode incomodá-lo, mas peço que não deixe de ler. Ele incomoda também a mim, contudo é necessário tratar disso, porque esse movimento tem crescido surpreendentemente e seus preceitos são vividos e defendidos por pessoas que sequer sabem o que é o satanismo, e você, ingenuamente, pode estar entre essas pessoas.
Sabemos que a afirmação de que Satanás não quer ser adorado é uma mentira, todavia devemos saber também que ele não se importa em ser ignorado e ouvir a afirmação de que não existe. Quanto mais pessoas acreditam que ele não existe, maior se torna o seu poder de domínio, porque ninguém se preocupa em combater ou evitar algo que não existe. E assim, ele ganha terreno e vai dominando as almas.
Querem saber o que é mais triste? É que um número cada vez maior de cristãos –incluindo padres! – afirmam que ele não existe, que é apenas um conceito, uma ideia e não um ser, como está claríssimo na Bíblia – que faz mais de 500 menções à sua existência – e também no Catecismo da Igreja Católica.
Não é preciso aderir ao satanismo para praticar os seus preceitos
Embora tenha aumentado o número de pessoas que se declaram satanistas, ainda existe certa resistência em se aderir abertamente a isso e se bandear para o lado das trevas. No entanto, basta ir a uma livraria ou pesquisar na internet para ver o destaque dado a livros de bruxaria e ocultismo. Isso sem contar o aumento dos livros e filmes de terror, praticamente empatados com a pornografia.
Temos aí um subnicho. A pessoa não é abertamente um satanista, mas um consumidor desses livros, seja por curiosidade, simpatia ou modismo. Você pode estar pensando: “Então estou livre, porque não me interesso por esse tipo de coisa!”. Engana-se! Há outros tentáculos desse monstro, bem menos óbvios e, um deles já pode ter envolvido você.
Uma pessoa pode, de fato, nunca ter se interessado por livros de terror, bruxaria, ocultismo, porém é difícil que nunca tenha lido um livro de autoajuda. “Espera aí, seu Afonso, o senhor vai querer dizer que autoajuda, uma coisa que faz bem para tanta gente, algo tão inofensivo, é satanista?” Não, eu não digo, mas dou elementos para que você tire as suas próprias conclusões.
Ensinamentos distorcidos
Lembre-se de que, no começo deste artigo, eu disse que o satanismo tem como objetivo principal se opor à Lei divina e tem em suas bases o individualismo e a autoindulgência. A pessoa individualista e autoindulgente é aquela que pensa em si em primeiro lugar, que acredita que pode conseguir todas as coisas por esforço próprio e que irá obter sucesso na vida através do autodesenvolvimento, ou desenvolvimento de suas potências. Em quantos livros, vídeos e posts das redes sociais você já viu incentivo a essas posturas?
O Evangelho nos manda perdoar, isso está na oração do Pai-Nosso, ensinada pelo próprio Cristo. E o que ensinam os livros da nova tendência? “Afaste-se das pessoas tóxicas”; “saia de relacionamentos que o/a impedem de crescer”. Além disso, as referências são normalmente sobre as relações familiares. As pessoas são cada vez mais incentivadas a ficarem sozinhas, a se afastarem daquilo que “impede o seu autodesenvolvimento”, a romper com relacionamentos conjugais e familiares, incluindo a relação pais e filhos.
Em seguida, vem uma série de conselhos para vencer na vida, para se dar bem nos negócios. Usa-se até o nome de Deus e passagens bíblicas para isso, e há inúmeros exemplos de atitudes ritualísticas, como deixar notas de dinheiro espalhadas pela casa, escrever o nome em uma nota de valor alto e deixá-la na carteira como um talismã para atrair dinheiro, e por aí vai.
Quantos desses livros e práticas citam a Deus?
Temos ainda as terapias alternativas – também chamadas holísticas ou da Nova Era – que falam muito de portais, de campos de força, abertura de campo energético, auto-hipnose, regressão.
Quantos desses livros e práticas citam a Deus? Quantos desses livros colocam como primordial amar a Deus sobre todas as coisas, respeitar-se como pessoa e amar ao próximo como a si mesmo? E amar a si mesmo é não se expor a certos perigos, não brincar com o desconhecido e não sair do domínio de Deus.
Quantos ensinam a amar, aceitar, perdoar, rezar pelas pessoas difíceis? Ou confessar, buscar aconselhamento com sacerdotes? É óbvio que ninguém deve se submeter a situações de abuso e violência e, nesses casos, deve-se sempre buscar ajuda especializada. Mas estamos falando do dia a dia, das questões comuns.
Quando usamos uma das expressões da moda, “relações tóxicas”, nunca olhamos para nós para ver se não somos nós as pessoas tóxicas para os outros. Somos sempre colocados no centro da situação; os outros são tóxicos, os outros nos fazem mal, os outros nos prejudicam. Temos um excesso de eu, eu, eu. E isso é satânico.
Ninguém precisa ler o livro imundo dos satanistas para ter contato com essa realidade: individualismo, autoindulgência, autorrealização. Doutrina do mal. Oposição à Lei de Deus.
Existe um antídoto!
Vejam como tudo isso é profundo e como é poderosa a sutileza do inimigo para nos seduzir, nos engambelar e nos levar para o lado dele.
Ler a Bíblia? Que coisa mais ultrapassada! Perdoar a quem me feriu? Imagine, quero “cancelar” a pessoa, humilhá-la, diminuí-la, fazê-la compreender com quem está lidando. Rezar, fazer novena, penitência? Colocar Deus acima do meu ego? De jeito nenhum!
Preste atenção que agora eu vou revelar o principal segredo por detrás disso: a pessoa que tem o seu amor-próprio ferido e que vai até as últimas consequências para se posicionar e se autoafirmar, lá atrás, em algum momento da sua vida, acreditou na maior mentira que Satanás conta para nos enganar: “Deus não te ama. Você não é digno do amor de Deus. Olhe para os seus pecados! Deus jamais vai te amar!”
E é exatamente aí, quando se começa a duvidar do amor de Deus, que você, inconscientemente, passa a achar absurdo amar sobre todas as coisas Aquele que lhe impõe normas e ainda por cima não gosta de você porque você não é digno de ser amado por Ele!
Há muitas coisas capazes de machucar e desestabilizar uma pessoa, mas nenhuma é tão forte quanto duvidar do amor de Deus. E Satanás sabe muito bem como usar essa arma contra nós.
Existe um antídoto para isso: coloque uma cruz na entrada da sua casa, no seu quarto, no espelho do seu banheiro, no seu carro, na sua mesa de trabalho, no plano de fundo do seu celular, na sua cabeça. E, quando qualquer ideia dessa ordem surgir em sua mente, olhe para a cruz e diga: “Foi por mim. Foi esse tanto que Ele me amou. É assim que Ele continua me amando. Não é pelos meus merecimentos, é por escolha d’Ele, é por vontade d’Ele”. Ame-O, isso basta. Renuncie ao mal. Renuncie formalmente ao mal, não importa quão agradável e atraente seja o disfarce que ele use para nos seduzir.
Por Afonso Pessoa
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