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Análise forense na Espanha confirma: tecidos foram utilizados para envolver o corpo de Santa Teresa de Jesus

Os tecidos de linho com os quais Santa Teresa de Jesus foi sepultada fazem agora parte da Sala de Relíquias que pode ser visitada na Basílica da Anunciação de Alba de Tormes, e foram objeto de um estudo médico forense realizado pelos especialistas Felipe Montero e Alfonso Sánchez.

Foto: Sepulcro de Santa Teresa de Jesús/ Facebook

Foto: Sepulcro de Santa Teresa de Jesús/ Facebook

Redação (06/11/2025 17:12, Gaudium Press) Trata-se de duas peças de linho antigo, uma delas com quase três metros de comprimento e cerca de setenta centímetros de largura, sobre as quais foi depositado o corpo da Santa, já envolto em seu hábito.

Os dois tecidos apresentam, de acordo com o estudo médico forense, “uma quantidade abundante de manchas provenientes do que parecem ser fluidos cadavéricos que se produzem após a morte, especialmente durante os processos de saponificação do cadáver, e posteriormente com os fenômenos de mumificação natural do mesmo”, algo condizente com o uso para o qual as duas peças de tecido foram destinadas durante vários séculos, ao envolverem os restos mortais de Santa Teresa no interior de sua urna funerária.

Um estudo médico-forense exaustivo sobre os tecidos sepulcrais atribuídos a Santa Teresa de Jesus traz novas e significativas evidências sobre sua história e uso. O relatório científico conclui que as peças têxteis são compatíveis com o contato direto com um corpo e alerta para uma deterioração biológica ativa que coloca em risco sua preservação a longo prazo. Sobre os tecidos, desenha-se a silhueta do corpo da Santa, que ficou marcada neles com o passar do tempo.

O estudo foi realizado por Felipe Montero Ortego, engenheiro químico pela Universidade Politécnica de Madri, e por Alfonso Sánchez Hermosilla, licenciado em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina da Universidade de Múrcia e membro fundador da Associação Sudário de Oviedo (ASDO).

A análise, concentrada em duas peças de linho de inestimável valor histórico, identificou características que corroboram a hipótese de sua utilização como mortalha ou complemento funerário. Tais achados mostram-se plenamente consistentes com os registros históricos acerca do sepultamento e das sucessivas exumações do corpo da Santa, cuja memória litúrgica é celebrada no mês de outubro.

Em suas conclusões, os especialistas também apontam que “a presença relativamente escassa de partículas minerais contaminantes na superfície dos tecidos é compatível com a hipótese de que ambos foram conservados em condições de isolamento que os protegeram no passado dessas contaminações”. Por outro lado, com o objetivo de limitar a fotodeterioração das telas, os especialistas recomendaram a instalação de um vidro que, sem impedir a observação das telas, permita a filtragem da luz ultravioleta, que danifica o tecido.

A investigação não apenas confirma a antiguidade dos tecidos, mas também elucida aspectos de sua utilização histórica. O padrão de dobras e a distribuição das manchas indicam que um cadáver foi nele depositado, imprimindo uma marca química e física que perdurou por séculos e que agora é decifrada pela ciência forense.

O que revela a análise dos tecidos?

Os tecidos estudados são feitos de linho, com fios que apresentam uma torção em Z, um detalhe técnico que denota um trabalho de tecelagem minucioso e de alta qualidade para a época. A relativa escassez de partículas minerais em sua superfície sugere que foram conservados em condições de isolamento, protegidos da contaminação ambiental.

Durante a análise, foram encontradas algumas fibras de seda tingidas de vermelho, que os especialistas classificaram como contaminantes externos, alheios ao processo original de fiação e tecelagem das peças de linho. Da mesma forma, a ausência de conservantes artificiais não descarta seu uso em um enterro.

A hipótese do uso funerário: as manchas e as dobras

A conclusão mais relevante do estudo é a compatibilidade das manchas presentes nos tecidos com fluidos cadavéricos. Isso permite formular a hipótese de que as peças, embora possivelmente fabricadas para uso pessoal, foram destinadas a um fim funerário.

A análise das dobras primárias revela que os tecidos permaneceram por muito tempo na posição horizontal. Especificamente, o tecido nº 2 e parte do tecido nº 1 puderam suportar diretamente o peso de um cadáver. A disposição das manchas sugere que o tecido nº 2 estava sob o corpo envolto no sudário, enquanto o tecido nº 1 o cobria, recebendo os fluidos do cadáver que envolvia.

Em suas conclusões, eles também apontam uma oportunidade de continuar avançando na análise desses dois tecidos funerários, afirmando que “o material biológico de provável origem humana poderia ser investigado no futuro, quando os métodos analíticos paleogenéticos estiverem mais desenvolvidos tecnicamente”.

Os tecidos que durante vários séculos acompanharam os restos mortais de Santa Teresa de Jesus em sua urna sepulcral nunca haviam sido exibidos em público até agora. Eles mostram um mapa visual cheio de manchas que os especialistas que realizaram o estudo médico forense consideram como resultado dos fluidos cadavéricos e do processo natural de mumificação do corpo da Santa.

Com informações La Gaceta de Salamanca e Salamanca al dia

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