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Apenas 54% dos chilenos se declaram católicos

Do total das pessoas com 15 anos ou mais, 74,2% (11.214.961) seguem alguma religião ou crença.  Dentre elas, 54,5% são mulheres e 45,5% são homens, com uma idade média de 46,7 anos.

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Redação (09/07/2025 09:51, Gaudium Press) Na história do Chile, o catolicismo sempre ocupou um lugar central na cultura, na vida pública e na política. No entanto, essa predominância tem diminuindo de maneira constante nas últimas três décadas, de acordo com o Censo 2024.

Atualmente, apenas 54% da população com mais de 15 anos no país se declaram católicas. Em 2002, a porcentagem era de 70% e, em 1992, de 77%. Ou seja, mais de 20 pontos percentuais a menos em pouco mais de duas décadas.

Um aspecto que o censo destaca é o crescimento do número de pessoas sem afiliação religiosa, que agora representam 25,8% da população adulta do Chile. Esse grupo cresceu significativamente desde 2002, quando representava 8,3%, consolidando-se como uma das transformações culturais mais profundas das últimas décadas.

“A maioria não é necessariamente ateia, mas não se sente mais representada pelas instituições religiosas tradicionais”, explica Eduardo Valenzuela, sociólogo do Instituto de Sociologia da Universidade Católica.

A transformação também é geracional e geográfica.  A média de idade das pessoas religiosas é de 46,7 anos, ao passo que a média de idade das pessoas não religiosas é de 38,8 anos.  As regiões de Maule, Ñuble e O’Higgins apresentam os maiores índices de religiosidade, enquanto que, nas regiões Metropolitana, Antofagasta e Valparaíso, predominam os que não seguem nenhuma religião, superando 30%.

Além disso, embora as mulheres continuem sendo maioria entre os crentes (54,5%), a diferença de gênero está diminuindo, e tanto homens quanto mulheres participam do processo de secularização.

O caso chileno não é isolado. De acordo com o Pew Research Center, o Chile está entre os países onde mais cresceu a população sem afiliação religiosa, juntamente com o Uruguai, a Austrália e os Estados Unidos.

Em um artigo publicado no jornal La Tercera, o arcebispo René Rebolledo reconheceu que “os dados nos desafiam a discernir esses resultados e discuti-los, dialogar sobre eles em todas as instâncias”.

Embora o arcebispo tenha assinalado que “ainda não tive a oportunidade de analisá-los com outros bispos”, os dados convidam a um processo de estudo “com espírito de autocrítica e discernimento”.

Dom Rebolledo enfatizou que, no contexto cultural atual, “já não basta a pertença cultural ou a tradição para sustentar a fé” e pediu um retorno ao essencial da vida cristã: “A centralidade de Jesus Cristo, o anúncio do Evangelho, a proximidade com as pessoas”.

Em meio ao aumento da descrença, particularmente entre os jovens, Dom Rebolledo afirmou que “a fé é um dom que se acolhe e se vive por convicção, não por imposição”, e que essa convicção só pode crescer se a Igreja estiver presente na vida das pessoas. Por isso, ele ressaltou a importância de comunidades “mais simples, mais espirituais, criativas, testemunhais e solidárias”.

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