Dom Alves Aguiar, futuro cardeal, concedeu uma entrevista à RTP (Radio e Televisão Portuguesa) há dias. Algumas de suas declarações suscitaram polêmica.
Redação (11/07/2023 09:11, Gaudium Press) Entre os diversos comentários sobre os novos cardeais do próximo consistório no dia 30 de setembro, há alguns que se referem às recentes declarações de Dom Américo Manuel Alves Aguiar, Bispo Auxiliar de Lisboa.
Com efeito, nos últimos dias Dom Alves Aguiar concedeu uma entrevista à RTP em Portugal sobre os 320 mil jovens já inscritos para a próxima Jornada Mundial da Juventude, que será realizada em Lisboa, de 2 a 6 de agosto. O bispo auxiliar é o presidente da Fundação JMJ Lisboa 2023, que coordena todas as atividades relacionadas com este grande evento, o qual certamente exigiu muito empenho da Igreja em Portugal.
Na reportagem, de aproximadamente meia hora, Dom Alves lembrou alguns pontos do magistério do atual papa sobre os jovens, como seu empenho em que eles sejam protagonistas de sua história, que não vejam a vida passar como a que se vê de uma varanda, mas que sejam sonhadores e até poetas com o que querem de suas vidas.
Dom Alves também enfrentou perguntas sobre o tema dos abusos, um tema sempre muito sensível e, infelizmente, atual.
Entretanto, o Bispo parece ter afirmado que a evangelização cristã, ou o fortalecimento da fé em Cristo tal como concebida pela Igreja, não é uma das prioridades da próxima JMJ:
A jornalista pergunta se a JMJ será a ocasião para “encontrar o outro, encontrar Cristo no outro”.
O bispo responde que “a Jornada Mundial da Juventude é também exatamente um grito desta fraternidade universal”. E mais adiante, ressaltou que esta “tem de ser uma escola pedagógica para o gosto e alegria de eu conhecer o que é diferente. O diferente tem que ser entendido como uma riqueza. […] Católicos, não católicos, com religião, sem religião, com fé, sem fé, mas primeiro [os jovens participantes] entendem que essa diversidade é uma riqueza, seja ela qual for, é uma riqueza.”
E continua: “Nós não queremos converter os jovens a Cristo nem à Igreja Católica nem nada disso. Nós queremos é que seja normal que o jovem cristão católico diga e testemunhe que o é; que o jovem muçulmano, judeu ou de outra religião também não tenha problemas em dizer que o é; (queremos que) aquele jovem que não confessa religião nenhuma se sinta à vontade e não se sinta estranho porque é assim ou é de outra maneira, e que todos entendamos que a diferença é uma riqueza; e o mundo será objetivamente melhor se nós formos capazes de colocar no coração de todos os jovens esta certeza da fraternidade de todos os irmãos que o Papa tem feito um enorme esforço para fazer ecoar no coração de todos; no nosso e de todos”.
Essas declarações do Bispo já suscitam reações no ciberespaço: como fica o mandato cristão de ” Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos prescrevi” (Mt 28, 19-20). Outros internautas desculpam as declarações do prelado, dizendo que o que ele queria enfatizar era o acolhimento do católico àqueles que não professam sua fé, ainda mais em um evento onde haverá Eucaristias frequentes, além de confissão e ensinamento.
No entanto, outros apontam que não se pode afirmar que, em um evento católico, não se queira converter a Cristo, porque essa é a razão de ser não só da JMJ, mas da própria Igreja Católica, e deve ser prioridade de todo cristão, que valoriza esse dom como tal.
Alguns chegaram mesmo a afirmar que tais declarações são expressão da profunda crise de fé que a Igreja atravessa.
Dom Alves Aguiar é para muitos – com grande probabilidade – o próximo Cardeal Patriarca de Lisboa. (SCM)
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