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Como árvores… oxalá cheias de frutos

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Há aqui, todavia, uma diferença elementar: em nós as características da árvore adulta não estão contidas, senão em pequena escala, na semente: é a nossa formação e, sobretudo, a nossa vontade que decidirá aquilo que seremos

Redação (13/06/2021 11:57, Gaudium Press) É de impressionar o modo como, em simples alegorias, o Homem-Deus consegue transmitir lições e princípios tão profundos.

Certo historiador afirma, com razão, que os Evangelhos não foram escritos por homens de talento, desejosos de exprimir-se numa obra, mas sim das necessidades e circunstâncias, como um testemunho e meio de ação: “Como teve início esta história das letras cristãs, destinada a uma glória tão grande? Jesus não escreveu, mas falou. E com que arte, com que poder!

‘Jamais homem algum falou como este homem! …’, tinham reconhecido os esbirros do Templo (Jo 7, 46). Muitos se tinham confessado estupefatos ante a sua autoridade. Jesus falava de forma simples, clara, de tal maneira que o mais iletrado podia compreendê-lo.

As suas palavras tinham o bom perfume das coisas naturais, da terra trabalhada, da árvore cheia de frutos, da água batida pelo vento, das searas maduras […]. Mas nessas palavras pressentiam-se grandes mistérios, e por vezes brilhavam em seus lábios expressões […] que atingiam em cheio o coração.”[1]

A figura de uma simples semente de mostarda ou de uma árvore que refugia pássaros sob sua sombra se tornam, nos lábios do Redentor, capazes de representar aquilo que há de mais alto: o Reino dos Céus.

Essas imagens presentes na liturgia de hoje, não só no Evangelho, mas também na Primeira Leitura e no Salmo Responsorial, são muito evocativas; delas podemos extrair muitas lições.

No Salmo 91 vemos o justo comparado à palmeira e ao cedro do Líbano. Ora, essa figura da árvore pode, sob diversos aspectos e, claro, com algumas adaptações, ser aplicada também à alma humana.

Ao nascermos, somos pequenas sementes, promessas de um futuro. Recebemos a água dos exemplos daqueles que nos rodeiam, a luz do ensinamento de nossos pais e mestres; em pouco tempo nascem brotos que já denunciam o que seremos no futuro.

Há aqui, todavia, uma diferença elementar: em nós as características da árvore adulta não estão contidas, senão em pequena escala, na semente: é a nossa formação e, sobretudo, a nossa vontade que decidirá aquilo que seremos: árvores verdejantes, repletas de doces frutos de virtude e de bem, ou plantas mirradas, produtoras de frutos nocivos e venenosos que, por vezes, têm aparência de boas frutas silvestres.

É a nossa vontade que define esse futuro, pois somos nós que escolhemos com que águas havemos de irrigar nossas raízes espirituais: com a Graça Divina, ou com os líquidos tóxicos do pecado.

A nossa existência sobre a Terra é breve e muito séria, todos deveremos prestar contas de nossos atos, um dia, no Tribunal da Justiça Divina. Lá receberemos “a devida recompensa – o prêmio ou castigo – do que tivermos feitos ao longo de nossa vida corporal (Cf. 2Cor 10).

Oxalá não ouçamos nesse dia palavras semelhantes às de Santo Agostinho quando se dirigia a certa classe de pessoas: “Os vossos louvores são folhas de árvores, mas eu quereria ver os frutos!”[2]

Para que sejamos de fato aquilo que devemos ser, a oração do Dia nos traz uma solução: “como nada podemos em nossa fraqueza, dai-nos sempre o socorro da vossa graça, para que possamos querer e agir conforme vossa vontade”.

Santa Teresinha do Menino Jesus, num de seus belos poemas, imaginava na terra uma árvore maravilhosa que se chamava amor, cujas raízes se fixavam, misteriosamente, nos céus. Seu doce fruto era o abandono, que já nesta vida conferia inefável felicidade aos homens.

Aproximemo-nos, pois, desta árvore bendita, que é o Amor Divino, abriguemo-nos à sua sombra e não hesitemos em nos deliciar com o fruto do abandono à vontade de Deus, a melhor garantia de nossa salvação.

Por Afonso Costa


[1] DANIEL-ROPS, Henri. História da Igreja de Cristo. A Igreja dos Apóstolos e dos mártires. São Paulo: Quadrante, 1988, p. 243-244.

[2] Cf. Idem. A Igreja dos Tempos Bárbaros. São Paulo: Quadrante, 1991, p. 32-33.

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