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Dom de Línguas, falso Vs verdadeiro?

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Comentarei a respeito do Dom de Línguas: a mensagem deste texto é feita tanto para os carismáticos quanto aos tradicionais — visando o entendimento de ambas as partes.

O que aconteceu em Pentecostes, é um dos fatos que mais sofrem deturpações e má interpretações por conta de muitos fiéis, mas afinal, o que aconteceu em Pentecostes? Obviamente que estou me referindo ao Dom de Línguas, que é extremamente famoso entre os membros da RCC (Renovação Carismática Católica) e igrejas pentecostais.

Primeiramente, o que é o Dom de Línguas? O Dom de Línguas é Real? Sim é óbvio que é real, ele é um dom dado pelo Espírito Santo, um Dom magnífico, mas como todo Dom tem por fim um objetivo, todos os dons são feitos para a edificação da comunidade, afinal o que é de fato o Dom de Línguas, primeiro vamos ter que começar pela origem: Pentecostes, o que aconteceu lá de fato? Primeiro vamos entender o contexto de pentecostes, naquele tempo, haviam muitos homens e mulheres de diversos lugares do mundo, de diversas culturas e línguas diferentes, os apóstolos não sabiam falar todas essas línguas, e como todo Dom, tem um objetivo: Edificar a Comunidade, todo Dom existe para um fim, nada existe por acaso, tudo foi criado pensado a atingir um fim ou em outras palavras, tudo possui: Finalidade, Especificidade e Medida, neste caso, em pentecostes o evangelho de Cristo tinha de ser propagado para todas aquelas pessoas, então sendo humanamente impossível de evangelizar todas aquelas pessoas, pois primeiro que seria impossível de conversar com um por um dali, segundo que os apóstolos não sabiam todas aquelas línguas diferentes e terceiro, não teria tempo suficiente, então Deus resolveu este problema, dando o Dom de Línguas para todas aquelas pessoas que ali estavam, os apóstolos vendo que Deus se manifestava, então começaram a propagar o evangelho de Cristo para todas aquelas multidões, São Pedro falava com sua língua materna, mas milagrosamente, todas aquelas pessoas que ali estavam, entendiam as palavras de São Pedro como se fossem suas próprias línguas vernáculas, eis o dom de línguas, eis o fim atingido em pentecostes, não aconteceu simplesmente uma salada de palavras desconexas onde todo mundo ficou falando nada com nada sem que ninguém entendesse, o que aconteceu em pentecostes foi o inverso do que aconteceu na torre de babel onde ninguém se entendia, em pentecostes, todos se entendiam. Vamos agora especificar o conceito de Função de algo: Para que serve uma caneta? Soltar tinta, qual é a sua utilidade? Escrever, tudo possui uma função prevista, o Dom de Línguas em pentecostes teve como finalidade a evangelização do povo.

Outro exemplo de Dom de Línguas é o que aconteceu com São Pio de Pieltrelcina que possuía o Dom de Línguas, ele que era um Padre muito santo, recebia a visita de pessoas de diversos lugares do mundo, e nas confissões, as pessoas falavam com ele em alemão, espanhol, inglês, etc, mas o Santo nunca tinha aprendido nenhum outro idioma além do dele, mas mesmo assim nos momentos da confissão, o Padre, conseguia entender as pessoas como se elas estivessem falando a ele em italiano que era a única língua que fora educado, eis ai o Dom de Línguas.

Agora vamos refletir: o que está acontecendo hoje nos grupos da RCC, e quando falo sobre a RCC aqui, não estou entrando em mérito no movimento como um todo, não é este o objetivo, o que estou entrando em questão é o que acontece na RCC se o movimento é isso ou aquilo, não me importa julgar no momento, o que falo é sobre o emocionalismo que toma conta dos participantes da RCC, continuando: o que vemos lá? Emocionalismo, vemos claramente pessoas entrando em histerias coletivas e buscando Deus em sensações passageiras é como tomar vinho, dá uma tontura gostosa e depois passa, e o principal destaque do evento é o dom de línguas, de repente, as pessoas começam a repetir “blu, xala la la bru bru ” e diversos ruídos e palavras desconexas e sem sentido algum, e falam que estão falando sobre a língua dos anjos e que é dom de línguas, a pergunta é: Qual é a finalidade de ficar repetindo sons e frases sem sentido e desconexas? Avaliando do ponto de vista lógico e teológico, não há sentido algum, para que Deus vai querer que uma pessoa fique emitindo sons sem sentido, no lugar de um Pai Nosso rezado de maneira ordenada e com sentido? O que ocorre é que pessoas estão criando uma cultura irracional e pífia, eu não estou desmerecendo os carismáticos não, estou apenas questionando um comportamento estranho, não é estranho que as mesmas pessoas que dizem possuir o dom de línguas, serem as mesmas que rejeitam a ideia de que a Missa deve ser celebrada em Latim, porque não dá pra entender nada? Ora, porque essa pessoa não tem o Dom de entender o Latim que é uma língua magnífica que é de uso comum da Santa Igreja? Outro fato interessante, será que essas pessoas que dizem ter o dom de falar em línguas, conseguiriam ir em um país com língua diferente e pregar o evangelho, mesmo não sabendo aquela língua, você consegue ensinar à pessoa? E outra, eu sou capaz de emitir os mesmos sons que aquelas pessoas que dizem ter o dom, fazem, então eu também tenho esse dom? E por que será que este dom só acontece em grupos? E a forma que ele se propaga é em forma de histeria coletiva? Um começa e de repente todos estão contagiados com o acontecimento, é que nem em shows de música, todo mundo gritando, agitado, seguindo os mesmos comportamentos da massa.

Eu tenho firme convicção de que o dito Dom de Línguas que é propagado por ai, não é dom coisa alguma, é histeria, sinto em dizer, pois todo dom de Deus, tem finalidade, todo dom gera frutos, qual é o fruto gerado pelo comportamento de ficar falando coisas sem sentido e desconexas? Nenhum, em 21 séculos de Cristianismo, a Igreja não deixou de criar Santos e Santas e principalmente santos místicos, porque não tinha o tal do dom de línguas, se vermos grandes santos que rezavam e oravam intimamente com Deus, nenhum realizava essas rezas e orações em assembleias, mas isolados em seus cantos, pois o Dom de Línguas ele visa a edificar a si mesmo e não a comunidade, logo não há sentido algum de todos numa assembleia terem dom de línguas. Mas afinal, existe o Dom de Línguas que faz com que a pessoa diga coisas que não são compreendidas? Sim, existe, mas se vermos ao longo do cristianismo, vemos que toda vez que uma pessoa que tinha a segunda especificidade do dom de línguas que é de falar palavras incompreensíveis: Ela estava sozinha e rezando para Deus, e quando estava com presença de outros, havia sempre um interprete que também era dotado do dom de línguas. Mas tudo isso aqui é apenas minha opiniãozinha de leigo não? Bom, é sim, mas o que digo é baseado em algo, para começar a falar sério, vamos ver o que pessoas de autoridade tem a nos dizer, isto é nos Apóstolos e Doutores da Igreja, vejamos o que São Paulo Apóstolo nos recomenda a respeito do uso do Dom de Línguas:

“Empenhai-vos em procurar a caridade. Aspirai igualmente aos dons espirituais, mas sobretudo ao de profecia. Aquele que fala em línguas não fala aos homens, senão a Deus: ninguém o entende, pois fala coisas misteriosas, sob a ação do Espírito. Aquele, porém, que profetiza fala aos homens, para edificá-los, exortá-los e consolá-los. Aquele que fala em línguas edifica-se a si mesmo; mas o que profetiza, edifica a assembleia. Ora, desejo que todos faleis em línguas, porém muito mais desejo que profetizeis. Maior é quem profetiza do que quem fala em línguas, a não ser que este as interprete, para que a assembleia receba edificação. Suponhamos, irmãos, que eu fosse ter convosco falando em línguas, de que vos aproveitaria, se minha palavra não vos desse revelação, nem ciência, nem profecia ou doutrina? É o que se dá com os instrumentos inanimados de música, por exemplo a flauta ou a harpa: se não produzirem sons distintos, como se poderá reconhecer a música tocada? Se a trombeta só der sons confusos, quem se preparará para a batalha? Assim também vós: se vossa língua só profere palavras ininteligíveis, como se compreenderá o que dizeis? Sereis como quem fala ao vento. Há no mundo grande quantidade de línguas e todas são compreensíveis. Porém, se desconhecer o sentido das palavras, serei um estrangeiro para quem me fala e ele será também um estrangeiro para mim. Assim, uma vez que aspirais aos dons espirituais, procurai tê-los em abundância para edificação da Igreja. Por isso, quem fala em línguas, peça na oração o dom de as interpretar. Se eu oro em virtude do dom das línguas, o meu espírito ora, mas o meu entendimento fica sem fruto. Então que fazer? Orarei com o espírito, mas orarei também com o entendimento; cantarei com o espírito, mas cantarei também com o entendimento. De outra forma, se só renderes graças com o espírito, como dirá Amém a tuas ações de graças aquele que ocupar o lugar dos simples? Sem dúvida, as tuas ações de graças podem ser belas, mas o outro não é edificado. Graças a Deus que possuo o dom de línguas superior a todos vós. Mas prefiro falar na assembleia cinco palavras que compreendo, para instruir também os outros, a falar dez mil palavras em línguas. Irmãos, não sejais crianças quanto ao modo de julgar: na malícia, sim, sede crianças; mas quanto ao julgamento, sede homens. Na lei está escrito: Será por gente de língua estrangeira e por lábios estrangeiros que falarei a este povo; e nem assim me ouvirão, diz o Senhor {Is 28,11s}. Assim, as línguas são sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis; enquanto as profecias são um sinal, não para os infiéis, mas para os fiéis. Se, pois, numa assembleia da igreja inteira todos falarem em línguas, e se entrarem homens simples ou infiéis, não dirão que estais loucos? Se, porém, todos profetizarem, e entrar ali um infiel ou um homem simples, por todos é convencido, por todos é julgado; os segredos do seu coração tornam-se manifestos. Então, prostrado com a face em terra, adorará a Deus e proclamará que Deus está realmente entre vós. Em suma, que dizer, irmãos? Quando vos reunis, quem dentre vós tem um cântico, um ensinamento, uma revelação, um discurso em línguas, uma interpretação a fazer – que isto se faça de modo a edificar. Se há quem fala em línguas, não falem senão dois ou três, quando muito, e cada um por sua vez, e haja alguém que interprete. Se não houver intérprete, fiquem calados na reunião, e falem consigo mesmos e com Deus.” 1 Coríntios 14:1-28

Prestem atenção no que São Paulo diz, é São Paulo dizendo que é melhor dizer 5 palavras que se entende do que 10 mil palavras que não são compreensíveis, ele também deixa claro que sempre tem que ter um interprete, pergunta nas reuniões da RCC de línguas tem o interprete? Na maioria não, veja que ele deixa claro sobre a estranheza de uma pessoa simples e infiel, ao ver um monte de gente repetindo sons estranhos, isso realmente vai causar estranhamento o que afastará aquele homem, que dirá que são um bando de fanáticos. Agora vejamos o que o Doutor Angélico nos diz a respeito do Dom de Línguas, inclusive ele comenta sobre justamente essas passagens das escrituras:

“Quanto ao dom de línguas, devemos saber que como na Igreja primitiva eram poucos os consagrados para pregar ao mundo a Fé em Cristo, a fim de que mais facilmente e a muitos se anunciasse a palavra de Deus, o Senhor lhes deu o dom de línguas.” – São Tomas de Aquino, comentário à primeira Epístola aos Coríntios, Tomo II, p. 178)

“Porém, os coríntios, que eram de indiscreta curiosidade, prefeririam esse dom ao dom de profecia. E aqui, por ‘falar em línguas’ o Apóstolo entende que em língua desconhecida e não explicada: como se alguém falasse em língua teutônica a um galês, sem explicá-la; esse tal fala em línguas. E também é falar em línguas o falar de visões tão somente, sem explicá-las, de modo que toda locução não entendia, não explicada, qualquer quer seja, é propriamente falar em língua.” Comentário a primeira epístola aos Coríntios, Tomo II, pg 178-179.

O Doutor Angélico também nos diz a Especificidade do Dom de Línguas o separando em: 1° falar em língua desconhecida, porém existente, como aconteceu em Pentecostes, quando São Pedro falou em sua língua e cada um dos presentes entendeu na sua língua vernácula e 2° pregação ou oração sobre visões ou símbolos.

“Suponhamos que eu vá até vós falando em línguas (I Cor 14,6). O qual pode entender-se de duas maneiras, isto é, ou em línguas desconhecidas, ou a letra com qualquer símbolos desconhecidos” – comentário à primeira Epístola aos Coríntios, Tomo II, p. 173).
“É de notar-se que este costume até agora (…) se conserva na Igreja. Por que as leituras, epístolas e evangelhos temos em lugar das línguas, e por isso na Missa falam dois (…) as coisas que pertencem ao dom de línguas, isto é, a Epístola e o Evangelho.” Comentário a primeira epístola a Coríntios, Tomo II, pg 208

Vejamos o que outros Doutores falam a respeito do Dom de Línguas:

“O Galileu Pedro ou André falavam persa ou medo. João e o resto dos apóstolos falavam todas as línguas para aquela porção de gentios (…) Mas o Santo Espírito os ensinou muitas línguas naquela ocasião, línguas que em toda a vida deles nunca conheceram.” – São Cirilo de Alexandria Sermões Catequéticos, sermão XVII: 16

“Eles falaram com línguas estranhas, e não aquelas de sua terra nativa; e a maravilha era grande, uma língua falada por aqueles que não as aprenderam.” São Gregório Nazianzeno
Vejamos relatos dos Padres da Igreja

“Ficou fora de si e [começou] a estar repentinamente em uma sorte de frenesi e êxtase, ele delirava e começava a balbuciar e pronunciar coisas estranhas, profetizando de um modo contrário ao costume constante da igreja (…) E ele, excitado ao lado de duas mulheres, encheu-as com o falso espírito, tanto que elas falaram extensa, irracional e estranhamente, como a pessoa já mencionada.” Eusébio, comenta sobre o que Montano o Herege que fundou a heresia montanista já descrita no livro
“A estas promessas, são acrescentadas palavras estranhas, fanáticas e completamente ininteligíveis, das quais nenhuma pessoa racional poderia encontrar o significado, porque elas são tão obscuras, que não têm um significado em seu todo.” Orígenes – Contra Celso, VII:9

“Diferentemente do que tinha acontecido com a torre de Babel (cf. Jo 11, 1-9), quando os homens, intencionados a construir com as suas mãos um caminho para o céu, tinham acabado por destruir a sua própria capacidade de se compreenderem reciprocamente. No Pentecostes o Espírito, com o dom das línguas, mostra que a sua presença une e transforma a confusão em comunhão. O orgulho e o egoísmo do homem geram sempre divisões, erguem muros de indiferença, de ódio e de violência.O Espírito Santo, ao contrário, torna os corações capazes de compreender as línguas de todos, porque restabelece a ponte da comunicação autêntica entre a Terra e o Céu.” Papa Bento XVI

Vejamos a recomendação Pastoral bem feita e prudente pela CNBB – Orientações Pastorais Sobre a Renovação Carismática Católica:

“62. Orar e falar em línguas: O destinatário da oração em línguas é o próprio Deus, por ser uma atitude da pessoa absorvida em conversa particular com Deus. E o destinatário do falar em línguas é a comunidade. O apóstolo Paulo ensina: “Numa assembleia prefiro dizer cinco palavras com a minha inteligência para instruir também aos outros, a dizer dez mil palavras em línguas” (1Cor 14,19). Como é difícil discernir, na prática, entre inspiração do Espírito Santo e os apelos do animador do grupo reunido, não se incentive a chamada oração em línguas e nunca se fale em línguas sem que haja interprete.”

Concluindo, o Dom de Línguas é real? Sim, todavia contudo, não é da forma como a maioria das pessoas acreditam que é, não se trata de ficar falando coisas sem sentido, todo Dom existe para uma finalidade, e o dom de Línguas teve como finalidade a pregação do evangelho, contudo o dom de línguas possui uma segunda especificidade que é a edificação de si mesmo, pois este dom nos move para Deus, mas a maneira que este Dom se manifesta é mais privado e não utilizado em assembleias.

Ademais – Também faço uma dura crítica quanto aos líderes do movimento da RCC que incitam seus membros a praticarem algo que não é tão bem entendido e que causa inúmeros problemas, pois muitas pessoas de pouca fé, riem dos carismáticos, tiram sarro e afastam, além de que essa incitação de “êxtases místicos” trazem problemas para a Igreja, pois promove falsas conversões, pois no momento que as sensações forem embora, a pessoa passa a duvidar de sua fé, mas deixo claro aqui, que a finalidade desse opúsculo é sobre o Dom de Línguas e sua interpretação completamente equivocada e a aplicação errônea deste dom magnífico e dos efeitos nocivos dos ensinamentos errados e não estou dizendo que a comunidade carismática da RCC, são um bando de hereges, de maneira alguma e inclusive já tento comunicar os tradicionais como eu, que não sejam tão nojentos a ponto de criar aversão a tudo e qualquer tipo de pessoa que busca as emoções, se tal pessoa quer buscar a santidade, contraria suas vontades, faz o que é certo, realmente ama a Santa Igreja, mas que tem um certo interesse nas emoções, isso não deve ser desprezado por nós, mas que fique evidente que devemos alertar essa pessoa, que tais emoções e sensações que Deus pode nos conceder, não dura para sempre e que uma hora isso acaba. Devemos buscar a unidade sempre, evitando cismas internos desnecessários, mas que a verdade seja dita, mas de forma mansa e prudente.

Ademais – A Santa Igreja tem diversos carismas, mas que há erros feios que devem ser combatidos (um erro bem feio que está presente na RCC é pegar elementos protestantes e colocar na Santa Igreja, músicas, hábitos e histerias tipicamente protestantes, gerando abusos litúrgicos por conta dos leigos que infelizmente é permitido por muitos clérigos), isso é evidente.

Ademais – Se o suposto “dom” está gerando confusão desnecessária, certamente não é dom coisa alguma, pois Deus não daria um dom que aumentasse a divisão entre seus membros e um dom que faz com que os “ateus e agnósticos” zombem da fé alheia ou até mesmo membros internos sintam-se assustados ao ver tal fenômeno.

“Porquanto Deus não é Deus de confusão, mas de paz.”
1 Coríntios 14:33

Texto de https://www.facebook.com/vinicius.martinez.180

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