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Ferocidades promovidas pelo protestantismo na França

Tendo dominado a Inglaterra, os Países Baixos e grande parte da Alemanha, o protestantismo pretendeu conquistar a França, em fins do século XVI, causando tragédias que duraram quase 40 anos e foram denominadas Guerras de religião.

Santos mártires de Gorcum Foto: Wikipedia

Santos mártires de Gorcum Foto: Wikipedia

Redação (05/11/2025 10:00, Gaudium Press) Na França, os protestantes, também chamados calvinistas ou huguenotes, “maltratavam sacerdotes, matavam religiosos, destruíam imagens sagradas, vitrais dos templos, dançavam em torno da fogueira onde haviam jogado relíquias e Hóstias consagradas”.[1]

“Os huguenotes procuravam especialmente os padres para imolá-los com requintes de barbárie. Amarravam-nos aos rabos dos cavalos, cortavam seus pés, quebravam os dentes, furavam os olhos e os escorchavam vivos”.[2]

Causa-nos estranheza esta afirmação de Daniel-Rops: “A responsabilidade desse múltiplo drama é [da] própria religião”.[3]   Na verdade, a culpa é do protestantismo que dilacerou a Cristandade; a Religião Católica é sapiencial, imaculada, a única verdadeira.

Esses inimigos de Cristo promoveram uma Revolução, manifestando sua ferocidade contra Deus, sua Igreja e seus fiéis servidores.  Observa Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:

“Quando consideramos o poder da Revolução, o modo pelo qual ela se alastrou pelo mundo e, mais do que isso, sua ferocidade intrínseca, chegamos à conclusão de que isso não poderia ter acontecido sem a ação do demônio”.[4]

Ficamos horrorizados com os morticínios efetuados. Mas recordemos que “a perda da Fé é um mal maior do que todo o extermínio que uma guerra, mesmo atômica, possa causar”.[5]

Catarina de Médicis, desprovida de valor moral

Catarina de Médici Foto: Wikipedia

Catarina de Médici Foto: Wikipedia

Em todo o emaranhado de acontecimentos ocorridos, focalizaremos alguns deles.

Catarina de Médicis, nascida em 1519, na cidade de Florença, descendia de uma das mais ricas famílias da Itália. Tendo se casado com um filho do Rei da França, Francisco I, tornou-se posteriormente mãe de três reis dessa nação: Francisco II, Carlos IX e Henrique III.

Sobrinha-neta do Papa Leão X e prima do Papa Clemente VII, era “muito ambiciosa e intrigante, o caminho reto nunca lhe agradava e preferia sempre fazer um jogo falso. Faltava-lhe também uma verdadeira e grande concepção das coisas, bem como valor moral”.[6]

Acreditava mais nos astrólogos do que em Deus. Escreveu uma carta ao Papa Pio IV propondo reduzir a Religião católica aos Dez Mandamentos.[7] Para ela, a Missa e os Sacramentos, por exemplo, não faziam parte da Doutrina da Igreja…

Em 1549, foi sagrada rainha da França na Basílica de Saint-Denis. Dominada pelo relativismo, ela deu liberdade de culto aos protestantes.

Duque de Guise, o Balafré

Alguns membros da mais alta nobreza batalharam pela Igreja, e outros aderiram às seitas protestantes. Constituíram exércitos, dos quais participavam também burgueses, artesãos e camponeses.

O principal nobre católico foi Henrique, Duque de Guise, Príncipe de Joinville, descendente do Rei Luís XII. Era um jovem alto, formoso, heroico, trabalhador, alegre, eloquente e atuava sempre com dignidade.[8]

Numa batalha de 1575, ferido à espada na face, ficou com uma cicatriz; por isso recebeu a alcunha “Balafré”, acutilado.

Em 1588, estando reunidos os Estados Gerais, o Rei Henrique III convocou-o para conversar com ele no Castelo de Blois. Quando o Duque de Guise chegou às escadarias, oito gentis homens o mataram com golpes de punhais.

Entre os protestantes, destacaram-se o Príncipe de Condé e o Duque de Montmorency.

Noite de São Bartolomeu Foto: Wikipedia

Noite de São Bartolomeu Foto: Wikipedia

Em Paris e outras cidades, 20.000 pessoas foram mortas

O principal líder herético foi certamente o almirante Coligny que, entre outras traições, mediante ajuda monetária, negociou com a protestante Rainha Isabel I da Inglaterra a entrega do Porto francês de Havre, no Canal da Mancha, a esse país.

Admitido no conselho real por Carlos IX, em 1571, propôs grande aliança com a Inglaterra, os príncipes luteranos da Alemanha … e os turcos.  Catarina de Médicis desconfiou que ele queria governar a França. Então, com seu filho mais novo Henrique de Anjou, futuro Henrique III, resolveram matar Coligny e “todos os huguenotes de Paris”.[9] Era preciso obter a aprovação do Rei Carlos IX.

Catarina, Henrique e outros quatro personagens se dirigiram ao monarca e lhe disseram que precisava concordar com a eliminação do almirante, pois do contrário elegeriam outro soberano.

Apavorado, o rei aceitou e, em 24 de agosto de 1572 – festa de São Bartolomeu Apóstolo –, deu ordem para desencadear a matança dos hereges de Paris.

Coligny foi decapitado e seu corpo arrastado pelas ruas. “Os sinos tocavam, ribombavam os tiros, portas eram forçadas. Os berros de furor dos homicidas se misturavam com os soluços das vítimas”.[10] Também alguns católicos foram mortos.

Igualmente em outras províncias houve morticínios. Aproximadamente 20.000 pessoas pereceram.

Dois dias depois da tragédia, Carlos IX foi ao Parlamento, acompanhado de Catarina de Médicis bem como de outros príncipes, e declarou que ele “havia mandado tudo e não encontrara outro meio para salvar-se e aos seus da traição do almirante [Coligny] e seus amigos”.[11]

Minado pela tuberculose e pesadelos, Carlos IX morreu em maio de 1574. Sucedeu-o seu irmão Henrique III, que levava vida depravada.

Protestantismo e Revolução Francesa

Pouco depois, os protestantes se organizaram em um contra Estado. Reclamavam a convocação dos Estados gerais para a escolha de um novo rei. E elementos da plebe, dirigidos por pessoas experientes, gritavam pelas ruas que o “verdadeiro rei da França eram eles, o povo soberano”

Vemos aqui a afinidade do protestantismo com a Revolução Francesa. Afirma Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:

“Profundamente afim com o protestantismo, herdeira dele e do neopaganismo renascentista, a Revolução Francesa realizou uma obra de todo em todo simétrica à da Pseudo-Reforma. A Igreja Constitucional que ela, antes de naufragar no deísmo e no ateísmo, tentou fundar, era uma adaptação da Igreja da França ao espírito do protestantismo”.[12]

Santos mártires de Gorcum

Nossos olhos respeitosos e admirativos se voltam para os dezenove Santos mártires de Gorcum, na Holanda, que em 1572 – ano no qual aconteceu o morticínio em Paris – resistiram heroicamente contra os hereges.

Quatro sacerdotes, catorze religiosos e um leigo, por defenderem a presença real de Cristo na Eucaristia e a autoridade do Papa, foram submetidos pelos calvinistas a toda espécie de sevícias e mutilações, terminando por serem enforcados.

Foram canonizados e sua memória é celebrada em 9 de julho. Roguemos-lhes que, no meio do caos religioso, cultural, social e político existente em toda a Terra, nos obtenham uma Fé ilibada, ardente e combativa em união com Nossa Senhora.

Por Paulo Francisco Martos

Noções de História da Igreja


[1] WEISS, Johann Baptist. Historia Universal. Barcelona: La Educación.  1929, v. IX, p. 578.

[2] DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église. Paris: Louis Vivès. 1885, v. 35, p. 64.

[3] DANIEL-ROPS, Henri. A Igreja da Renascença e da Reforma (II) . São Paulo: Quadrante. 1999, v. V, p. 163.

[4] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Rainha dos Anjos e inimiga inexorável dos demônios– In Dr. Plinio. São Paulo. Ano XXVII. n. 318 (setembro 2024), p. 4.

[5] Id.  In Catolicismo. Campos dos Goitacazes, setembro 1964.

[6] WEISS, op. cit. p. 565.

[7] Cf. DANIEL-ROPS, op. cit., p. 181.

[8] Cf. WEISS, op. cit. p. 879-880.

[9] Cf. WEISS, op. cit. p. 599-600.

[10] WEISS, op. cit. p. 602.

[11] WEISS, op. cit. p. 604.

[12] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Revolução e Contra-Revolução. 10. ed. em português.  São Paulo: Associação Brasileira Arautos do Evangelho. 2024, p. 41.

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