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Meditação natalina atípica

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Dezembro é um mês especial sobre o qual as graças do Advento e do Natal chovem como o orvalho suave. Pena que o paganismo invasor embotou o brilho das celebrações familiares e religiosas que outrora encantavam a todos.

Redação (03/12/2021 16:48, Gaudium Press) Apesar de serem muito apreciáveis e válidas as reflexões clássicas que normalmente traziam os devocionários de outrora, penso que os tempos não estão para meditações convencionais. Por isso, convido o leitor a seguir-me em um itinerário ‘sui generis’ navegando por águas agitadas. Chegaremos a bom porto.

O que é mais vital e preocupante, o chamado ‘aquecimento global’, cujo conceito divide a comunidade científica, ou a ‘frieza generalizada’ que se espalha entre os católicos em relação à sua Fé? Enquanto líderes mundiais nos alertam sobre o ecossistema ameaçado com graus desiguais de sinceridade, os fiéis vão se desinteressando do credo que assumiram em seu Batismo. Se aponta para o tal ‘aquecimento’ silenciando outras urgências.

Não confundamos nem minimizemos os assuntos. Uma coisa são os problemas ambientais aos quais temos que dar uma solução, ainda que sem aquele afã que concebe a tarefa como um culto idolátrico rendido à natureza. Outra coisa é a “temperatura” das almas na qual se refere aos seus deveres para com o Criador… situação que repercute na obra da criação, porque no universo há uma solidariedade e harmonia latente entre todos os seres que o pecado, suprema desordem, lastima.

Afirmo que a frieza generalizada aos deveres da religião está na origem dos males que afligem o planeta. Poderá não ser a causa exclusiva ou imediata, mas não é estranha à gênese das convulsões que assolam o globo: os desastres naturais que se multiplicam por todas partes, a pandemia com suas variantes e sequelas, a tensão bélica mundial, a economia que periclita, etc. Acrescente a isso o naufrágio geral dos costumes e se pergunte o que está faltando para uma regeneração salvífica ou para o colapso final.

Em nossos dias, falamos de “pecados sociais”, expressão que se presta a atenuar o compromisso pessoal dos indivíduos, como se estes fossem apenas vítimas e nunca culpados de seus próprios erros ou dos outros; a verdade é que é quase simpático fugir das responsabilidades em relação a Deus, à criação ou à própria consciência. O “aquecimento global” seria consequência de um “pecado social”.

Em todo caso, os tais “pecados sociais” devem necessariamente resultar de pecados individuais, porque para que haja falta são necessárias consciência e vontade, coisas que não existem difundidas no meio ambiente…

Santo Agostinho ensina que as sociedades recebem seu prêmio ou castigo na terra, uma vez que não são eternamente salvas ou condenadas como tais. As almas, por outro lado, são premiadas ou castigadas ‘post mortem’. Os “pecados sociais” são pagos, então, nesta vida.

Alguns dirão: “Mas Deus não castiga!” Grave equívoco. Por ter mérito ou culpa, a pessoa é capaz de prêmio ou castigo, pois não se glorifica a Deus sem receber a merecida recompensa nem se ofende impunemente. Como negar que uma lição às vezes não seja saudável, inclusive necessária?

Sobre isto, vejamos algo do que nos diz a Sagrada Escritura: “Se (…) abandonarem a minha lei e não seguirem os meus mandamentos, se violarem os meus preceitos e não guardarem os meus mandamentos, castigarei os seus pecados com a vara e suas culpas com chicotadas. Mas não lhes retirarei meu favor, não violarei minha aliança nem mudarei minhas promessas” (Salmo 89). Ou este outro trecho “Quem não usa a vara odeia o seu filho, quem o ama o corrige a tempo” (Prov. 13, 24).

“Ah, isso é coisa do Antigo Testamento!”, replicará o objetante imaginário, tentando justificar seu ponto de vista. “Raça de víboras, quem te ensinou a escapar do castigo iminente?”, disse Jesus aos fariseus e saduceus (Mt, 3, 7). E São Paulo escreveu aos efésios: “(…) estas coisas são as que atraem o castigo de Deus sobre os rebeldes” (Ef 5, 6). São citações do Novo Testamento.

Convenhamos nesta verdade essencial: Deus é amor, quer que todos sejam salvos, deseja perdoar o pecador, não nega a sua graça a ninguém e espera pacientemente que os corações se voltem para Ele; e porque nos ama, costuma mandar sinais para corrigir as más condutas. Bendito seja o castigo que “corrige a tempo” e não “anula a aliança nem muda suas promessas”!

É seguro que a escassa consideração para com o Sacramento do Altar é um dos principais males que produziu essa frieza generalizada da qual estamos tratando, sendo também uma das causas, próximas ou remotas, do desequilíbrio que sofre a própria natureza. “Na Eucaristia Cristo está realmente presente e a Santa Missa é um memorial vivo da sua Páscoa. O Santíssimo Sacramento é o centro qualitativo do cosmos e da história”. (Bento XVI aos estudantes universitários em Roma 14/12/2006).

Se assim for – e claro que é – entende-se que subestimar esta verdade pode levar a consequências terríveis. Por isso, regressar à Eucaristia, redescobrir o valor da Missa e colocar a Presença Real do Senhor no seu devido pedestal, será um fator decisivo de ordem pessoal, social e ambiental! Como as coisas seriam diferentes no mundo se os corações desejassem se iluminar e inflamar pelo sol eucarístico!

Dezembro é um mês especial sobre o qual as graças do Advento e do Natal chovem como o orvalho suave. Pena que o paganismo invasor embotou o brilho das celebrações familiares e religiosas que outrora encantavam a todos, principalmente as crianças.

Peçamos ao divino Infante, através de sua Santa Mãe e de São José, poder encontrá-lo com frequência na Eucaristia desde agora e durante todo o ano de 2022, que se mostra tão incerto. Imitemos os anjos, os pastores, os magos; corramos ao encontro do Pão da Vida… que vem até nós. Não fechemos a porta para ele como fizeram os habitantes de Belém.

A gruta é um sacrário, o presépio um altar, o Menino Jesus, manjar celestial e Maria Santíssima, o modelo insuperável de como se deve adorar e comungar.

Mairiporã, São Paulo, dezembro de 2021

Por Padre Rafael Ibarguren EP – Assistente Eclesiástico das Obras Eucarísticas da Igreja.

Traduzido por Emílio Portugal Coutinho

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