Mudar de vida!

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Acompanhemos alguns trechos do sonho de Dom Bosco a respeito do Inferno, no qual lhe foram mostrados os pecados que são causas de numerosas condenações, e os meios de evitá-los.

Redação (13/02/2021 14:43, Gaudium Press) […] E nos encaminhamos por aquela estrada. Era formosa, larga, espaçosa e bem pavimentada: “O caminho dos pecadores é muito bem pavimentado, mas, no fim dele estão o Inferno, as trevas e as penas” (Eclo 21, 11).

Nos lados do caminho, sobre as encostas, havia dois formosíssimos vales verdes, cobertos de flores encantadoras. As rosas, especialmente, surgiam por todas as partes dentre as folhas.

À primeira vista, este caminho parecia plano e cômodo, e, sem suspeitar de nada, pus-me a caminhar por ele.

Porém, à medida que avançava, notei que ia descendo insensivelmente, e, embora a descida não parecesse muito rápida, eu corria com tal velocidade que parecia estar sendo levado pelo vento. Mais ainda: tão rápida era nossa carreira que dei-me conta de estar avançando sem mover os pés.

Um caminho com muitas armadilhas

O caminho descia sempre. Seguíamos nossa viagem entre flores e rosas, quando vi todos os meninos do Oratório, com muitíssimos outros companheiros que jamais havia visto, caminhando atrás de mim.

Enquanto eu os observava, encontrei-me entre eles e vi que ora caía um, ora caía outro, sendo em seguida arrastados por uma força invisível rumo a um horrível precipício que se divisava ao longe, e depois eram lançados de ponta-cabeça num forno.

Perguntei a meu companheiro:

— O que faz caírem esses jovens?

— “Estenderam cordas em forma de armadilha; junto ao caminho lhe armaram ciladas” (Sl 140, 6). Aproxima-te um pouco mais — respondeu-me.

Aproximei-me e vi que os meninos passavam entre muitas armadilhas, algumas colocadas rentes ao chão, outras à altura da cabeça.

Estas últimas não eram percebidas. Por conseguinte, muitos jovens, enquanto caminhavam sem dar-se conta do perigo, eram colhidos pelas armadilhas.

No momento em que eram apanhados, davam um salto, depois caíam por terra com as pernas para cima, e, levantando-se, empreendiam irrefreável carreira em direção do abismo.

Eram presos pela cabeça, pelas mãos, pela cintura, por um braço, por uma perna, pelo pescoço, e arrastados imediatamente. As armadilhas estendidas na terra, quase imperceptíveis, pareciam ser de estopa. Eram semelhantes a fios de aranha e parecia que não podiam fazer muito mal.

Tomei uma daquelas armadilhas, puxei-a até perto de mim, e descobri que sua ponta extrema não aparecia. Puxei um pouco mais, mas não pude ver aonde ia terminar aquele fio, e percebi que também a mim ele arrastava.

Segui então a direção daquele fio e chequei à boca de uma espantosa caverna. Detive-me, porque não queria entrar. Puxei de novo aquele e fio e me dei conta de que em algo ele cedia. Porém, era necessário fazer mais força.

E eis que, depois de muito puxar, pouco a pouco veio saindo para fora um monstro feio, grande e asqueroso, o qual mantinha fortemente seguras as pontas de todas aquelas armadilhas.

Era este que puxava imediatamente para si todo aquele que caía naquela rede. É o demônio que estende essas armadilhas para fazer meus jovens caírem no Inferno.

Avertere

Observei com atenção muitas dessas armadilhas e vi que cada uma levava escrito seu próprio título: “Soberba, desobediência, preguiça, sexto mandamento, roubo, gula, inveja, ira, etc.”

Sem embargo, vi que também os jovens colhidos por essas armadilhas caíam todos por terra.

Vendo cair tantos, disse com tom de voz desolado:

— Então é inútil nosso trabalho nos colégios, uma vez que são tantos os meninos aos quais está reservado este fim, a condenação eterna. Não há remédio algum para impedir a perda de tantas almas?

— Este é o estado atual em que se encontram. Se morressem neste estado, viriam parar aqui inevitavelmente.

— Neste caso, deixa-me anotar seus nomes, para eu poder avisá-los e colocá-los no caminho do Paraíso.

— E crês tu que, avisados, alguns se emendariam? Num primeiro momento, ficarão impressionados pelo aviso, mas depois o desprezarão, dizendo: “É um sonho!…” E se tornarão pior do que antes. Outros, sentindo-se descobertos, passarão a frequentar os Sacramentos, mas sem méritos, porque não o farão bem.

Outros se confessarão, mas somente por um medo momentâneo do Inferno, sem extirpar de seu coração o apego ao pecado.

— Não há, então, remédio para esses desgraçados? Dá-me um remédio para salvá-los.

— Aqui está: eles têm superiores, obedeçam-lhes; têm o regulamento, sejam observantes; têm os Sacramentos, utilizem-se deles.

— Prega constantemente contra a impureza. Basta avisá-los em geral; não te esqueças de que, mesmo que os avises em particular, prometerão, mas nem sempre firmemente. Para conseguir isto é necessária a graça de Deus, a qual, se for pedida, jamais lhes faltará. Deus manifesta especialmente seu poder em compadecer-se e perdoar. Oração, pois, e sacrifício, de tua parte. Os jovens escutem tuas exortações e interroguem sua consciência, e ela lhes sugerirá o que devem fazer.

Ficamos assim conversando cerca de meia hora sobre as condições necessárias para fazer uma boa confissão.

Depois o guia repetiu várias vezes, elevando a voz:

Avertere!… Avertere!…

— Que significa esta exclamação?

— Mudar de vida!… Mudar de vida!…

A desobediência, raiz de todo mal

Ia retirar-me quando o guia me chamou e disse:

— Ainda não viste tudo.

E, dirigindo-se a outra parte, levantou outro véu, sobre o qual estava escrito: “Sétimo Mandamento”. Os que querem fazer-se ricos, caem em tentação e no laço do demônio.

Li e exclamei:

— Isto nada tem a ver com meus meninos, porque são pobres.

— Creio que esta inscrição algo tem a ver com teus meninos.

— Explica-me, pois, esse qualificativo de divites (ricos).

— Por exemplo, alguns de teus jovens têm de tal maneira o coração apegado a um objeto material que esse apego os afasta do amor de Deus, e por isso faltam à caridade, à mansidão e à piedade. Não somente com o uso das riquezas se perverte o coração, mas também com o fato de desejá-las, tanto mais se esse desejo ofender a justiça.

E concluiu dizendo:

— Já que te indiquei esses males, adverte-os. Dize-lhes que rechacem os desejos inúteis e nocivos, que sejam obedientes à Lei de Deus e zelosos de sua honra, se não a avareza os arrastará a piores excessos, que os submergirão nas dores, na morte e na perdição.

— E que conselhos poderei dar-lhes para evitar tão graves desgraças?

— Insistirás em lhes demonstrar como a obediência a Deus, à Igreja, aos pais e aos superiores — mesmo nas menores coisas — os salvará.

— E que mais?

— Dirás a teus jovens que se acautelem muito do ócio, porque foi esta a causa do pecado de David. Dize-lhes que estejam sempre ocupados, porque assim o demônio não terá tempo de assaltá-los.

Texto extraído, com adaptações, do livro Obras completas de San Juan Bosco, Editora B.A.C., Madrid, 1967.

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