A amizade, a coragem de escolher, a certeza da presença de Jesus no meio de provações e o valor do silêncio foram os temas abordados por Leão XIV com os jovens no palco de Tor Vergata, em Roma.
Foto: Vatican News/ Vatican Media
Redação (02/08/2025 15:32, Gaudium Press) A Vigília de Oração com o Papa Leão XIV, na noite deste sábado (02/08), em Tor Vergata, Roma, contou com participação de mais de 800 mil jovens.
O Papa respondeu a 3 perguntas dos jovens. Ele abordou os desafios da modernidade: a ilusão das relações no mundo digital, o medo das decisões e o desejo de uma bondade autêntica.
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A luta contra a solidão na era das redes sociais
Ao abordar a dolorosa solidão de um mundo dominado pelas redes sociais, onde, segundo a pergunta de Maria, jovem de 23 anos, “estamos próximos e conectados com tantas pessoas e, no entanto, não são relações verdadeiras e duradouras, mas passageiras e muitas vezes ilusórias; como podemos encontrar uma amizade sincera e um amor genuíno que nos levem à verdadeira esperança”, o Papa lembrou que “a vida começa com as conexões” e que “é através delas que crescemos”. Ele reconheceu que a internet se tornou “uma oportunidade única para o diálogo, o encontro e o intercâmbio entre as pessoas, bem como para o acesso à informação e ao conhecimento”. No entanto, ele alertou firmemente sobre o perigo: “Quando a ferramenta domina a pessoa, a pessoa se torna ferramenta: sim, uma ferramenta do mercado e, portanto, uma mercadoria”.
Citando o exemplo de Santo Agostinho que também passou “por uma juventude tempestuosa, mas não se conformou, não silenciou o clamor do seu coração”, o Papa apontou Cristo como o fundamento da verdadeira amizade, lembrando as palavras de Santo Agostinho: “Nenhuma amizade é fiel se não estiver em Cristo. E somente Nele ela pode ser feliz e eterna”.
Ele também recorreu a uma citação do beato Pier Giorgio Frassati: “Uma vida sem fé, sem um patrimônio a defender, sem luta pela Verdade, não é vida, mas mera sobrevivência”. “Quando nossas relações refletem esse vínculo intenso com Jesus, elas se tornam certamente sinceras, generosas e verdadeiras”, enfatizou o Papa.
“Desejem o bem uns aos outros, amem-se. Desejem o melhor para cada um em Cristo, sejam capazes de ver Jesus nos outros. A amizade está mudando o mundo. A amizade é o caminho para a paz”. Com estas palavras, o Papa concluiu sua resposta à primeira pergunta.
Onde encontrar a coragem para tomar decisões
Diante do medo dos jovens de tomar decisões vitais, o Papa explicou a essência da decisão: “Escolher é um ato humano fundamental. Quando escolhemos, decidimos, em sentido estrito, quem queremos ser”.
Diante da incerteza e do medo do futuro que paralisam os jovens, Leão XIV enfatizou que a coragem para tomar decisões vem do “amor de Deus, que nos precede, nos surpreende e nos supera infinitamente”. “A coragem para escolher vem do amor que Deus nos manifesta em Cristo”. Leão XIV citou as palavras de São João Paulo II na XV Jornada Mundial da Juventude de 2000: “é Jesus quem buscais quando sonhais a felicidade; é Ele quem vos espera, quando nada do que encontrais vos satisfaz; Ele é a beleza que tanto vos atrai; é Ele quem vos provoca com aquela sede de radicalidade que não vos deixa ceder a compromissos; é Ele quem vos impele a depor as máscaras que tornam a vida falsa; é Ele quem vos lê no coração as decisões mais verdadeiras que outros quereriam sufocar”.
Leão XIV lembrou que a vida nos foi dada livremente e que “não foi nossa decisão, mas o amor que nos desejou”.
O Santo Padre também falou sobre decisões radicais e cheias de significado. “O casamento, o sacerdócio e a consagração religiosa expressam uma entrega livre e libertadora que nos torna verdadeiramente felizes”, enfatizou.
Lembrança das jovens que faleceram a caminho do Jubileu
O Papa também se referiu a duas jovens que faleceram a caminho de Roma. “Essas decisões dão sentido às nossas vidas, transformando-as à imagem do Amor perfeito, que as criou e redimiu de todo o mal, inclusive da morte. Digo isso pensando em duas jovens: Maria, uma espanhola de vinte anos, e Pascale, uma egípcia de dezoito. Ambas escolheram vir ao Jubileu da Juventude e, nesses dias, encontraram a morte. Rezemos juntos por elas, peregrinas da esperança; rezemos por suas famílias, amigos e comunidades. Que Jesus Ressuscitado as acolha em seu Reino de paz e alegria. Rezemos também pelo jovem espanhol Ignacio González, que foi internado no Hospital Bambino Gesù”, disse o papa Leão XIV.
Certeza da presença de Jesus no meio de provações
Em resposta a terceira pergunta dos jovens sobre o encontro com o “Senhor Ressuscitado nas nossas vidas e ter a certeza da sua presença mesmo no meio de provações e incertezas”, o Santo Padre frisou que “a esperança está presente no coração de cada pessoa como desejo e expectativa do bem”. Ele destacou que a consciência dos jovens é formada graças àqueles que os apoiaram com amor, o que lhes permite se esforçar pelo bem em suas decisões diárias.
“Jesus é um amigo que sempre nos acompanha na formação de nossa consciência”, lembrou o Papa. Ele sublinhou que, para encontrar verdadeiramente o Senhor Ressuscitado, é necessário ouvir o Evangelho, refletir sobre o modo de viver e procurar a justiça para construir um mundo mais humano, e servir os pobres.
Ele lembrou-lhes o vínculo essencial com Deus. “Adorem Cristo no Santíssimo Sacramento, fonte de vida eterna. Estudem, trabalhem e amem segundo o exemplo de Jesus, o bom Mestre que sempre caminha ao nosso lado”, enfatizou Leão XIV.
Por fim, o Papa convidou os jovens a rezar, dizendo: “Obrigado, Jesus, por me chamar. Desejo continuar sendo um dos vossos amigos, para que, ao acolher-Vos, eu possa ser também companheiro de viagem para todos aqueles que encontro. Senhor, fazei com que aqueles que me encontram possam encontrar-Vos, mesmo através das minhas limitações e fraquezas”.
Durante a vigília, foi utilizada uma custódia, diante da qual rezou o jovem Pier Giorgio Frassati, assim como São João Bosco, apóstolo da juventude e fundador da Congregação Salesiana.
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