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Qual tesouro escolheremos?

Meu filho, a qual tesouro você entregou o seu coração? Por pior que tenha sido a sua escolha até aqui, Eu estou disposta a lhe ajudar a abraçar o caminho da sabedoria.

Redação (17/10/2022 11:09, Gaudium Press) Quando Deus nos pede algo, seu desejo é dar-nos cem vezes mais. A história do próprio São Pedro o ilustra de maneira cogente: ele deixou os familiares, as redes e todos os pertences, e recebeu o primado da Igreja. Quanta maravilha decorreu de sua entrega! E mesmo ao morrer, crucificado de cabeça para baixo, o primeiro Papa viu realizada em si a sentença de Nosso Senhor, que lhe prometera o cêntuplo já nesta terra, “com perseguições”.

Quem abandona tudo por amor a Deus torna-se pedra de escândalo em relação aos infelizes que se aferram às criaturas, dominados pelas paixões egoístas. Estes odeiam aqueles, pois lhes atormentam a consciência, e mais dia menos dia quererão se vingar, promovendo perseguições. Entretanto, por mais violentas que elas sejam, em nada abalarão a felicidade dos que optaram pela sabedoria, preferindo fixar seus corações no tesouro do Céu.

Que caminho tomar?

Em nossa vida espiritual, em certo momento, aparece uma bifurcação: à esquerda está o tesouro da terra; à direita, o do Céu. O moço rico descrito no Evangelho queria unir ambos e chegar à bem-aventurança carregando todos os seus apegos.

Contudo, tal possibilidade não existe para quem é chamado a imitar Nosso Senhor Jesus Cristo, como exige a vocação da totalidade dos batizados. Lembremos que Ele não pede a todos o despojamento dos bens materiais, mas sim o do coração.

Os irmãos Lázaro, Marta e Maria, fiéis discípulos de Jesus e membros de uma das famílias mais abastadas de Israel, nunca receberam d’Ele a indicação de renunciar às suas propriedades. Utilizando-as com sabedoria, eles puderam não só proporcionar conforto ao Homem-Deus, como também manifestar-Lhe seu carinho e veneração.

Assim, um exame de consciência não se cifra em um problema econômico ou caritativo, como poderiam sugerir as palavras de Nosso Senhor aconselhando o jovem rico a dar tudo aos pobres, mas numa questão mais profunda: não terei eu alguma riqueza escondida no coração?

Reza o conhecido adágio: “o bem procede de uma causa íntegra; o mal, de qualquer defeito”. Se meu coração ama a Deus sobre todas as coisas, nele habita o bem, a graça, a sabedoria; se, pelo contrário, alimento algum apego, seja ao dinheiro, seja a uma amizade ou mesmo a um objeto simples como uma caneta, não terei forças para manter-me na virtude e os desastres virão em consequência.

Cresçamos na esperança de adquirir o tesouro do Céu, herança incorruptível, que não se mancha nem murcha (cf. I Pd 1, 4), cujo ápice se encontra no convívio com a Santíssima Trindade, com os nossos irmãos celestes e, de maneira muito especial, com Nossa Senhora. Ela, que é Mãe de Misericórdia, nos diz no fundo da alma:

“Meu filho, a qual tesouro você entregou o seu coração? Por pior que tenha sido a sua escolha até aqui, Eu estou disposta a lhe ajudar a abraçar o caminho da sabedoria, ao lado da qual ‘todo o ouro do mundo é um punhado de areia’ (Sb 7, 9). Essa é a riqueza que lhe trará a verdadeira felicidade e, conforme a promessa de meu Filho, multiplicará até os seus bens temporais. Peça-Me! Reze a Mim com seriedade, confiança e humildade, na certeza de que o reconhecimento das próprias misérias abre as torrentes de amor do meu Sapiencial e Imaculado Coração”.

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP

Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n. 238, outubro 2021.

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