Santa Afonsa da Imaculada Conceição, cuja memória a Igreja lembra no dia 28 de julho, queimou o próprio pé para evitar um matrimônio imposto e, admitida entre as clarissas malabarenses, viveu quase continuamente enferma, oferecendo a Deus a sua vida.
Redação (28/07/2024 07:24, Gaudium Press) Irmã Alfonsa da Imaculada Conceição, da Congregação das Clarissas, de família influente que deu à Igreja vários sacerdotes, nasceu em 1910, vindo a falecer em 28 de julho de 1946, num convento da pequena cidade de Barananganam, no sul da Índia.
Às almas mais diletas, o Divino Salvador convida não ao monte Tabor, mas ao Calvário; oferece-lhes não um caminho de rosas, mas o amargo cálice que Ele experimentou em sua Paixão.
A união com a Paixão de Cristo foi a nota tônica da espiritualidade da Irmã Alfonsa ao longo de vinte anos de vida conventual.
Outro traço marcante de sua via espiritual foi a intensa devoção a Santa Teresinha do Menino Jesus, cuja biografia — a famosa “História de uma Alma” — ela leu várias vezes na juventude e conhecia quase de cor.
As celas que ela ocupou nos conventos de Changanacherry e Barananganam são conservadas e abertas à visitação dos fiéis. Neste último local, além de sua cama, colchas e vários objetos de seu uso, encontra-se um quadro de Santa Teresinha.
Tendo vivido no estrito ambiente conventual, a Irmã Alfonsa foi naturalmente pouco conhecida do público.
Hoje, nas proximidades do convento no qual habitou a Irmã Alfonsa, uma capela abriga seu túmulo, que é continuamente visitado por fiéis. Situada no alto de uma colina, a pequena construção tem na frente um enorme pátio, medindo cerca de um hectare e capaz de acolher uma considerável multidão de fiéis.
Perfil espiritual de Ir. Alfonsa
Sua mãe faleceu logo após ter lhe dado à luz. Ana Muttathupadathu — este o nome de batismo de Irmã Alfonsa — foi criada por uma tia. Esta lhe dispensou esmerada formação.
Em certa ocasião, a jovem Ana foi abordada por uma religiosa carmelita que, demonstrando-lhe muita estima, aconselhou-a a tornar-se religiosa.
Posteriormente, já no convento, constatou ter sido a própria Santa Teresinha do Menino Jesus que lhe aparecera miraculosamente. Suas palavras tiveram o efeito de inflamar o desejo que Ana já nutria em seu coração.
Enfim, chegou o momento de pedir permissão à tia para deixar o lar e tornar-se religiosa clarissa. A resposta, entretanto, foi negativa e peremptória.
Sua tia desejava vê-la como uma boa mãe de família, e jamais no isolamento de um convento. Para isso havia já agenciado a escolha do noivo, e providenciava a confecção do vestido para a cerimônia de noivado, que, segundo o costume da Índia, se realiza também na igreja.
Ana, porém, já decidira fazer-se religiosa. Para tornar inviável o noivado, decidiu provocar uma queimadura nos pés. Para isso saltou sobre algumas brasas que ardiam numa cavidade existente no quintal de sua casa, na qual se queimava palha.
Esse lance, que a família supôs ter sido acidental, ocasionou-lhe queimaduras que superaram a sua expectativa e exigiram tratamento especial.
Porém, o objetivo foi inteiramente alcançado. O casamento veio a ser cancelado e, algum tempo depois, Ana podia transpor os portões do Convento das Clarissas.
Sofreu também pelos religiosos
Tanto durante o noviciado como depois de sua profissão, períodos de graves enfermidades alternaram-se com épocas de saúde.
Muitas de suas irmãs de hábito asseguram que frequentemente a Irmã Alfonsa conhecia os pensamentos delas e problemas mais íntimos, e consolava-as.
Certa vez, uma religiosa desejava obter alguma lembrança da Irmã Alfonsa, mas não a pediu. Alguns dias depois, a Irmã Alfonsa chamou-a e deu-lhe uma oração escrita de próprio punho.
Não é de estranhar, portanto, que mesmo vivendo no isolamento, conhecesse e se sacrificasse pelas necessidades da Igreja na Índia e em todo o mundo.
Num de seus escritos, referindo-se à enfermidade que a acometia, assim se expressou:
“Estou pronta a sofrer não apenas esta, mas quaisquer outras doenças. O mundo moderno desceu ao mais baixo nível na busca dos prazeres. Que o Senhor faça de mim o que quiser, pisando-me, ferindo-me como pequena vítima, por amor do mundo que trilha o caminho da ruína, como também pelos sacerdotes, religiosos e religiosas cujo fervor esteja decaindo.”
Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n.5, maio 2002.
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