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Santa Clotilde, a rainha flor de lis

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No meio de terríveis sofrimentos Santa Clotilde não esmoreceu, mas redobrou sua fortaleza de alma. Ela contribuiu possantemente para a conversão de Clóvis, o primeiro rei católico da França.

Redação (13/10/2021 18:09, Gaudium Press) Proveniente de uma família real de bárbaros que habitavam às margens do Mar Báltico, nasceu Clotilde provavelmente em Genebra, no ano 474. Sendo adolescente, seus pais, que a educaram na Religião Católica, foram assassinados por seu tio. Aos dezenove de idade, ela se casou com o rei dos francos, Clóvis, que era pagão.

Não só através de explicações sobre a Doutrina da Igreja, mas sobretudo pelo exemplo de sua vida ela procurou converter seu esposo; entretanto, este se mantinha aferrado ao paganismo. Sua conversão efetiva operou-se quando, recorrendo ao “Deus de Clotilde”, ele venceu os alamanos na Batalha de Tolbiac.

 No Natal de 496, Clóvis foi batizado por São Remígio, na Catedral de Reims. Conta-se que nesse dia um Anjo entregou a Santa Clotilde um estandarte, no qual estavam pintadas três flores de lis, e disse-lhe que estas deveriam substituir os desenhos de três sapos, que figuravam na bandeira dos francos.

O Rei Clóvis obedeceu filialmente a essa ordem, e a flor de lis tornou-se o símbolo oficial da França durante séculos.

Com efeito, o estandarte que Santa Joana d’Arc levava em suas virginais mãos, nas lutas pela libertação da “filha primogênita da Igreja” contra os ingleses invasores, era semeado de flores de lis[1]. Mas a ímpia Revolução Francesa rejeitou esse belíssimo símbolo e adotou a bandeira com três faixas nas cores azul, branco e vermelho.

São Cloud, neto de Santa Clotilde

 Devido às más tendências herdadas do paganismo, os bárbaros cometiam tremendas violências. Os próprios filhos de Santa Clotilde, após a morte de Clóvis, guerrearam entre si e praticaram homicídios.

Após uma vitória que alcançou contra os visigodos, em 507, Clóvis estabeleceu a capital de seu reino em Paris, onde ele e sua esposa passaram a residir. A pedido de Santa Clotilde, fez construir uma igreja em honra de São Pedro e São Paulo, nas margens do Rio Sena.

 A Santa, que renunciara ao mundo e residia em Paris, onde levava uma vida religiosa, conservou consigo três netos ainda crianças a fim de protegê-los.  Entretanto dois deles foram assassinados, e o mais novo chamado Cloud salvou-se. Posteriormente ele se tornou sacerdote e santificou-se. A memória de São Cloud, ou Clodoaldo, é celebrada em 7 de setembro.

Mantendo-se sempre confiante e combativa, Santa Clotilde mandou construir diversos conventos e igrejas. No ano 524, passou a residir junto à Abadia de São Martinho, na cidade de Tours, onde faleceu em 545, aos 71 anos de idade.

Foi sepultada na Igreja de Santa Genoveva, em Paris. Mas para evitar as profanações perpetradas pela Revolução Francesa, seus restos foram transportados para Reims, onde se encontram atualmente na Basílica de Santa Clotilde[2].

Às vezes, uma lenda diz mais do que um fato histórico

       A respeito de Santa Clotilde, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira teceu comentários que sintetizamos a seguir.

“As armas do Rei pagão eram três sapos, mas, ao receber ele o Batismo, tornaram-se flores de lis. É a ação da Igreja, tocando o que é natural e decaído e transformando-o. […]

“A Bíblia fala de transformação das pedras em filhos de Abraão, que é uma coisa linda, mas esta é muito poética e bonita.

“Pode-se imaginar um sapo — com aquela pele rugosa, aquele aspecto horrível dos pântanos, aquela suficiência cafajeste, aquela falta de respiração dando ideia de sua avidez — que se transforma e se torna um lírio maravilhoso. Esta é a transformação que as almas, por ocasião do Reino de Maria, devem sofrer.

“Aí está o valor das lendas e do maravilhoso: às vezes, dizem muito mais do que um acontecimento autenticamente histórico. Toda a história de Santa Clotilde pode basear-se nisto: transformação de sapos em flores de lis. […]

Teve filhos criminosos

“Santa Clotilde teve filhos criminosos que se jogaram uns contra os outros, a par de um neto santo, que foi o famoso Saint Cloud. Ela foi de uma raça de sapos transformada numa pura flor de lis. Teve junto de si algumas outras flores de lis, mas o resto era sapo em via de transformação.

“E aí vemos a tragédia de sua vida. Era tão grande o peso do paganismo, dos maus costumes antigos, que se tornava necessária uma virtude heroica para não cair nos pecados do paganismo, ainda que se tivesse sido batizado como católico.

“Houve um fato curioso de uma índia muito piedosa, que [São José de] Anchieta encontrou em São Paulo, quando esta não era mais do que o Pátio do Colégio. A índia estava bastante triste e ele perguntou-lhe o que sentia.

– Estou, padre, com saudade de comer o braço de uma criança tapuia…”

Ela era batizada, comungava e não comeria o braço da criança, mas tinha vontade de fazê-lo…

“O pessoal que rodeava Santa Clotilde não era antropófago, mas pouco faltava para que o fosse. Eram batizados, mas tinham saudades das coisas bárbaras.

“Ela, no meio de tudo isto, era uma flor de lis das mais perfeitas e admiráveis, ensinando a virtude, a mansidão e dando também admiráveis exemplos de senso de sua própria dignidade. […]

Grande retorno da humanidade para a verdadeira Igreja

“É muito oportuno que lhe peçamos nos consiga a graça de vermos a hora da outra transformação de sapos em flores de lis. E, quando houver o Grand Retour – Grande Retorno – e se começar a trabalhar para a construção do mundo futuro, sejamos o que ela foi no mundo dela: os precursores de um admirável progresso. Esse, então, verdadeiro, porque progresso em Nosso Senhor e em Nossa Senhora.”[3]

Dr. Plinio empregava a expressão francesa grand retour a fim de designar o grande retorno da humanidade para a verdadeira Igreja. Isso se conseguirá por meio de uma torrente avassaladora de graças que, através da Virgem Santíssima, Deus concederá ao mundo para a implantação do Reino de Maria.

Que Santa Clotilde – cuja memória se celebra em 3 de junho – reze por nós para sermos batalhadores indômitos contra os inimigos da Igreja e em defesa do bem, da verdade e da beleza, e que logo seja proclamado o triunfo do Imaculado Coração de Maria.

Por Paulo Francisco Martos


[1] Cf. VIRION, Pierre. Le mystère de Jeanne d’Arc et la politique des nacions. Paris: Téqui. 1972, p. 173.

[2] Cf. DARRAS, Joseph Epiphane. Histoire Génerale de l’Église. Paris: Louis Vivès. 1870, v. XIV, p. 17-32, 237 passim.

 

[3] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Santa Clotilde, uma admirável flor-de-lis. In revista Dr. Plinio. São Paulo. Ano XVI, n.183 (junho 2013), p. 27-29.

 

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