InícioNotícias da IgrejaSanto Elias e o escapulário de Nossa Senhora do Carmo

Santo Elias e o escapulário de Nossa Senhora do Carmo

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Na data em que a Igreja comemora Nossa Senhora do Carmo, cabe uma relação histórica entre o escapulário e o Santo Profeta Elias.

Redação (14/07/2020 15:05, Gaudium Press) Não é nada fácil resumir e explicar toda a vida, história, luta, vocação e missão do Profeta Elias, cuja figura atravessa os séculos de modo paradigmático; não apenas no que diz respeito aos milagres e portentos, mas por tudo aquilo que ele representa diante de Deus e dos homens. Tal personagem é assaz misteriosa.

Como surgiu o Profeta Elias?

O Primeiro Livro dos Reis traz a história de Acab e de como “ele fez o que é mau aos olhos do Senhor, mais ainda que seus antecessores” (16, 30). O grande erro desse rei de Israel foi ter trazido para sua casa uma mulher da Sidônia chamada Jezabel. Ela era filha do rei dos sidônios e, por ter origens pagãs, fez com que Acab e muitos do povo de Israel prestassem culto de adoração a Baal. O rei também “construiu um altar no templo de Baal e ergueu um monumento idolátrico e cometeu ainda outros pecados, a ponto de encolerizar o Senhor, Deus de Israel, mais do que todos os reis que o antecederam” (16, 32-34).

É nesse contexto que surge a figura do Profeta Elias, natural de Tesbi de Galaad. Com ele, mudam-se os rumos do povo e, sobretudo, do rei de Israel.

Justiça e castigo…

Dois elementos marcam muito a presença do Profeta Elias. O primeiro é, sem dúvida, o fogo. Com esta singular criatura, Elias realiza verdadeiros prodígios, provando aos profetas de Baal que Deus não tolera a idolatria, e que, ademais, a Justiça de Deus se utiliza do castigo quando os homens desejam calar, contrariar ou desobedecer à voz do Profeta verdadeiro. Com o fogo, Elias não só fez consumir o sacrifício encharcado e as pedras do altar sobre o Monte Carmelo (Cf. I Rs 18, 20-38), mas puniu com a morte, mandando descer fogo do céu para devorar os 102 homens que, por ordens de Ocozias (sucessor de Acab), vinham para fazê-lo descer do alto de uma montanha (Cf. II Rs 1, 9-12).

…bondade e proteção

O segundo elemento que marca a presença de Elias é o manto. Todavia, com este manto vem representado outro aspecto de Deus, em contraste – mas não em contradição – com o primeiro, que é a bondade, a misericórdia e a proteção.

Quando Elias, acompanhado por seu discípulo Eliseu, se encontra diante do Jordão para atravessá-lo, não acha melhor saída que tomar seu manto, enrolá-lo e batê-lo sobre as águas para que, dividindo-as, pudessem passar a pé enxuto (Cf. II Rs 2, 7-8).

Logo após este fato, sucedem-se quatro acontecimentos muito simbólicos: 1-Eliseu pede a Elias a dupla porção de seu espírito; 2- Elias é arrebatado ao céu por um carro de fogo; 3- Eliseu apanha o manto que tinha caído dos ombros de Elias e rasga-o em duas partes. 4- Depois disso, à margem do Jordão, Eliseu bate o manto de Elias sobre as águas, dizendo: “onde está agora o Deus de Elias?” Mas quando o manto toca as águas, elas se dividem e Eliseu atravessa o rio a pé enxuto (Cf. II Rs 2, 9-14).

É evidente que não se trata de uma coincidência e, muito menos, de um fato explicável meramente por razões naturais. Tanto assim que: “à vista disso, os discípulos dos profetas que ficaram do outro lado, em Jericó, disseram: ‘O espírito de Elias repousa sobre Eliseu’” (II Rs 2, 15).

O escapulário de Nossa Senhora do Carmo, o manto de Elias e os inimigos da serpente

Ao reconhecermos que não há coincidência nas relações entre Elias e Eliseu, devemos também admitir que não existe entre Elias e Nossa Senhora. Na infinita sabedoria, providência e bondade do Deus verdadeiro estava – por assim dizer – planejado que Maria deveria ser a portadora daquele espírito de Elias, representado pelo manto. Sim, justamente a raiz da palavra escapulário, nos mostra mais uma “coincidência”: “Scapulae”, do latim, “ombros”, significando o manto que cobre e protege a pessoa que o porta por cima dos ombros.

Outro paralelo inegável entre a Mãe de Deus e o tesbita Elias se dá no Monte Carmelo. Neste local, enquanto Elias mostrou a justiça de Deus pelo fogo, Maria mostrou a misericórdia pelo manto bendito, quando o entregou a São Simão Stock no dia 16 de julho de 1251.

Por fim, outra relação indiscutível posta por Deus entre a Virgem Santíssima do Carmelo e o Profeta de fogo é a inimizade inflexível e total de ambos contra toda forma de mal; esta é, evidentemente, a maior e mais importante das relações. Sobre esta luta, disse o próprio Deus à serpente: “Porei inimizades entre ti e a mulher; entre a tua descendência e a que dela nascerá. Esta te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3, 15).

Ora, o que fez Elias senão combater a raça da serpente? E o que faz eternamente Maria Santíssima senão esmagar a cabeça desta soberba?

Promessa de salvação

Para concluir, é necessário que nos ponhamos de frente com a realidade do século em que vivemos. Que proveito nos pode trazer a história de Elias e de Nossa Senhora do Carmo? Será que Deus não tem mais um povo eleito? E que o trate com extremos de bondade, repleto de inúmeras promissões e auxílio?

Mas, ao mesmo tempo, quantos ídolos este povo já fabricou para si…! Não é verdade que existem hoje incontáveis outras formas de adoração a “deuses estrangeiros”?

Será que, neste contexto, para salvar o seu povo, Deus não fará surgir um profeta? Ademais, foi o próprio Redentor que afirmou: “Elias, de fato, deve voltar e restabelecer todas as coisas” (Mt 17, 11). Onde estará este Elias? Não virá ele revestido do manto e do espírito da Santíssima Virgem?

Queira Deus que, tal como Eliseu, este Elias nos dê a dupla porção de seu espírito, o amparo e a força na luta contra a raça da serpente: “Vou mandar-vos o profeta Elias, antes que venha o grande e temível dia do Senhor” (Ml 3, 23).

Estaremos, sem dúvida, entre estes protegidos de Elias, se hoje soubermos lutar contra as manobras e investidas dos “profetas de Baal”, rejeitando toda forma de idolatria.

Por Cícero Leite

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