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São Francisco e Santa Jacinta Marto

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No dia 20 de fevereiro, comemoramos a memória de dois Pastorinhos de Fátima, Santa Jacinta e São Francisco.  

Redação (20/02/2022 11:31, Gaudium Press) No período transcorrido entre as aparições de Fátima e a morte de Francisco e Jacinta Marto, a Santíssima Virgem operou em suas almas uma obra de perfeição que os tornou dignos de figurar ao lado dos grandes Santos da Igreja.

Ao volver seu olhar para os pastorinhos, Nossa Senhora quis servir-Se de sua inocência para falar ao mundo, tal como já o fizera em La Salette e Lourdes. A predileção pelos puros de coração é uma característica das aparições marianas dos tempos modernos.

O embuste era incompatível com aquelas crianças

As notícias vindas de Leiria a partir de maio de 1917 despertaram enorme interesse no povo português. Muitos por devoção, outros por curiosidade, acorriam para conhecer o local das aparições. Desejavam também encontrar-se com Lúcia, Francisco ou Jacinta, e ouvir seus relatos de primeira mão.

Quem visitava o lar dos pastorinhos se deparava com meninos provincianos destituídos de qualquer pretensão humana, porém ornados de uma piedade à altura dos fatos que diziam ter presenciado:

“Um sorriso angélico, que lhes iluminava o rosto, uma alma pura que lhes brilhava nos olhos límpidos que se tinham extasiado na visão da mais sublime criatura saída das mãos de Deus, uma singeleza encantadora transpirando de todos os seus gestos e suas falas; tudo dizia que ali a mentira era impossível, que o embuste era incompatível com aquelas crianças.”.

Entretanto, um grave vaticínio pairava sobre Francisco e Jacinta: Nossa Senhora avisara que viveriam pouco e logo iriam para o Céu. Quem seria levado antes e em que condições? Eles próprios o ignoravam. Entrementes não perdiam a menor oportunidade de oferecer sacrifícios para reparar as ofensas cometidas contra a linda Senhora e seu Filho Jesus.

Menino plácido, meditativo e religioso

Francisco foi o primeiro a falecer, em 4 de abril de 1919, vitimado pela famosa gripe pneumônica que tomou proporções de pandemia no fim da Primeira Guerra Mundial. Contava quase onze anos, sendo um ano e meio mais velho que Jacinta.

Conta a Ir. Lúcia em suas Memórias que “Francisco não parecia irmão da Jacinta senão nas feições do rosto e na prática da virtude”, devido ao contraste entre a sua placidez e a vivacidade dela. Embora tomasse parte comprazido nos jogos, cedia facilmente às preferências alheias, sem fazer questão de ganhar. Quando as outras crianças negavam os seus direitos de vencedor, respondia: “Pensas que ganhaste tu? Pois sim! A mim isso não me importa”.

Em contrapartida, gostava muito de cantar e tocar pífaro, ausentando-se contente das rodas infantis para se entreter com sua música.

Junto com as duas meninas, ele esperava cair a noite para acompanhar Nossa Senhora e os Anjos acenderem suas velas, como chamavam as estrelas. Iam contando-as, uma a uma, até quando já não podiam enumerá-las.

Quem observasse Francisco com superficialidade, talvez tivesse a impressão de ser ele um menino como os outros, e um tanto distraído. Os acontecimentos que se desenrolaram na Cova da Iria, contudo, revelaram a verdadeira estatura daquele que, dentre os videntes, era “o mais religioso de todos”.

Seriedade face às realidades sobrenaturais

As aparições do Anjo de Portugal, seguidas das seis visitas de Nossa Senhora, produziram nos pastorinhos um efeito profundo, transformando-os rapidamente e para sempre. O contato direto com a natureza angélica e com a própria Rainha dos Anjos desfez o véu que os separava das realidades eternas e operou neles uma completa mudança de mentalidade.

Francisco demonstrou grande seriedade em relação às aparições, sem nunca perguntar se a sua resposta comportava graus ou medidas, pois entendeu que Nossa Senhora esperava uma adesão inteira.

Amor transbordante por Nosso Senhor Jesus Cristo

Narra a Ir. Lúcia:

“Um dia perguntei-lhe:

“— Francisco, tu, de que gostas mais: de consolar a Nosso Senhor ou converter os pecadores, para que não vão mais almas para o inferno?

“— Gostava mais de consolar a Nosso Senhor. Não reparaste como Nossa Senhora, ainda no último mês, Se pôs tão triste, quando disse que não ofendessem a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido? Eu queria consolar a Nosso Senhor e depois converter os pecadores, para que não O ofendessem mais”.

Curiosamente, embora visse Nossa Senhora a cada dia 13 sem poder exprimir em palavras o entusiasmo que sentia por Ela, o menino deslumbrou-se ainda mais com a Santíssima Trindade, sobretudo com Nosso Senhor Jesus Cristo. Este verdadeiro fascínio polarizou seu coração, “toda a sua capacidade de amar”, e o levava a exclamar: “Eu gosto tanto d’Ele!” Ou: “Estou a pensar em Deus que está tão triste, por causa de tantos pecados! Se eu fosse capaz de Lhe dar alegria!”

Em casa de Lúcia a reação foi diferente e desencadeou-se uma perseguição que muito a fez sofrer. Mas Francisco a animava: “Deixa lá. Não disse Nossa Senhora que íamos a ter muito que sofrer, para reparar a Nosso Senhor e o seu Imaculado Coração, de tantos pecados com que são ofendidos? Eles estão tão tristes! Se com estes sofrimentos Os pudermos consolar, já ficamos contentes”.

O amor transbordante do menino por Jesus e a resolução de confortá-Lo têm sua origem na Comunhão trazida pelo Anjo e, em especial, nas aparições de junho, julho e outubro, em que Nossa Senhora os fez ver a luz inacessível da Trindade. Esta dádiva atraiu-o de maneira definitiva, ocasionando um maravilhamento nunca superado:

“Nós estávamos a arder, naquela luz que é Deus, e não nos queimávamos. Como é Deus!!! Não se pode dizer! Isto sim, que a gente nunca pode dizer! Mas que pena Ele estar tão triste! Se eu O pudesse consolar!…”

Este anseio, nascido em sua alma virginal, não era apenas fruto de um arroubo de efêmera duração. Francisco Marto estava decidido a consolar Jesus com todos os meios ao seu alcance, em particular pela própria conversão.

Profunda e radical mudança de vida

Ao conhecer a Rainha dos Céus, Francisco passa a viver em outro patamar: seus afetos são todos para Ela e seu Divino Filho, seu pensamento voa a cada instante para o sacrário onde está Jesus escondido, como ele se referia ao Santíssimo Sacramento, e suas ações nascem do contínuo e entranhado relacionamento interior com o Imaculado Coração de Maria.

Como ser o mesmo e voltar aos antigos divertimentos depois de sentir sobre si o dulcíssimo olhar da Senhora do Rosário? Por isso, ao entoar as primeiras estrofes de uma das canções que antes o empolgavam, ele decide: “Não cantemos mais. Desde que vimos o Anjo e Nossa Senhora, já não me apetece cantar”.

As esporádicas inobservâncias domésticas ou as preguiças de Francisco deixam de existir; elas cedem lugar a um espírito penitente e contemplativo, ávido por consolar Jesus e colaborar com o oferecimento de sua vida para a magnífica vitória da Santa Igreja nos acontecimentos que lhe foram revelados.

Correspondência generosa ao apelo celeste

Na primeira aparição, quando Lúcia perguntou se Francisco ia para o Céu, Nossa Senhora respondeu: “Também, mas tem que rezar muitos Terços”.

A advertência era uma evidente alusão ao modo abreviado com que o menino costumava recitá-los para terminar rápido. E esta foi recebida por ele com as melhores disposições: “Ó minha Nossa Senhora, Terços, rezo todos quantos Vós quiserdes”.

A partir daí Francisco redobrou o número de Rosários, rezando muitos com as meninas e outros tantos sozinho. Conta a Ir. Lúcia que “se lhe dizia que viesse brincar, que depois rezava conosco, respondia:

“— Depois também rezo. Não te lembras que Nossa Senhora disse que tinha de rezar muitos Terços?”

Este espírito de oração fervorosa distinguiu o pastorinho até o fim, como sua arma mais eficaz para levar adiante a missão recebida do Céu. Ao lado dela estava a dos sacrifícios, em cujo cumprimento foi igualmente generoso: “Nossa Senhora disse que íamos a ter muito que sofrer! Não me importo; sofro tudo quanto Ela quiser! O que eu quero é ir para o Céu”.

Início do triunfo do Imaculado Coração nas almas

Em fins de outubro de 1918, Francisco e Jacinta adoeceram gravemente para não mais se recuperarem. Uma forte febre os consumia. No princípio dava esperança de cura, não tardando em mostrar-se irreversível.

A celestial Senhora visitou a casa da família Marto para confortá-los, como contou Jacinta à prima Lúcia: “Nossa Senhora veio-nos ver e diz que vem buscar o Francisco muito breve para o Céu”. Desde então, os dois irmãos aguardavam com ardente amor o dia jubiloso de partirem para a eternidade.

No dia 3 de abril de 1919, um sacerdote veio trazendo de Fátima o Viático para Francisco, que há meses O pedia com fervor. Aquela foi a sua segunda Comunhão, precedida pela que recebera das mãos angélicas.

O anseio veemente de comungar consistiu, durante o ­período da doença, o único estímulo que o animava a viver e, quando pôde por fim receber a Eucaristia, confessou à Jacinta: “Hoje sou mais feliz que tu, porque tenho dentro do meu peito a Jesus escondido. Eu vou para o Céu; mas lá vou pedir muito a Nosso Senhor e a Nossa Senhora que vos levem também para lá depressa”.

Na manhã do dia seguinte, sem agonia nem estertores, com a serenidade de quem entra no suave descanso dos justos, Francisco Marto expirou santamente em Aljustrel.

A vida de Francisco abre para nós a mais alentadora das esperanças: “Se a obra de Nossa Senhora em Fátima – especialmente com essas duas crianças chamadas para o Céu – foi assim, nós podemos bem nos perguntar se isto não tem um valor simbólico, e se não indica qual vai ser a ação de Nossa Senhora sobre toda a humanidade quando Ela cumprir as promessas feitas em Fátima”.

Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho n. 184, abril 2017.

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