João de Damasco nasceu mais ou menos na metade do século VII de família árabe cristã e morreu em 749. É considerado o último representante da patrologia grega e equivalente oriental de santo Isidoro de Sevilha, por suas obras monumentais como A Fonte do conhecimento. A sua atividade literária é multiforme: passeia com autoridade da poesia à liturgia, da eloquência à filosofia e à apologética. Filho de alto funcionário do califa de Damasco, João foi companheiro de brinquedos do príncipe Yazid, que mais tarde o promoveu ao mesmo encargo do pai, que corresponde mais ou menos ao de ministro das finanças. Na qualidade de Logoteta, foi representante civil da comunidade cristã junto às autoridades árabes.
A determinado ponto João deixou a corte, demitindo-se do alto cargo, provavelmente pelas tendências anticristãs do califa. Em companhia do irmão Cosme, futuro bispo de Maiouma, retirou-se para o mosteiro de são Sabas, perto de Jerusalém, onde, ordenado sacerdote, aprofundou a sua formação teológica, preparando-se para o cargo de pregador titular da basílica do Santo Sepulcro.
Era o período em que o imperador de Bizâncio, Leão III Isáurico, inaugurava a política iconoclasta, isto é, jogava fora todas as imagens sagradas, cujo culto era declarado ato de idolatria. O patriarca de Constantinopla, de oitenta anos, são Germano, defendeu o culto tradicional explicando a verdadeira natureza da homenagem prestada às imagens, mas pagou com a destituição o seu ato de coragem. De Jerusalém, sob o domínio árabe, fez-se ouvir outra voz a favor do culto das imagens, a do ainda desconhecido monge João Damasceno que, com o seu Três discursos a favor das sagradas imagens, se impôs imediatamente à atenção do mundo cristão. O imperador, não podendo atingir diretamente o monge, recorreu vilmente à calúnia, fazendo falsificar uma carta de João, na qual ele estaria conjurando para restituir Jerusalém ao imperador bizantino.
Nesta disputa teológica, feita com sutis distinções incompreensíveis à mentalidade ocidental, João teve oportunidade de mostrar toda a sua preparação teológica, posta a serviço não só do patriarca de Jerusalém, mas de toda a Igreja. De fato o II concílio de Niceia (VII ecumênico), reparando as injúrias recebidas pelo defensor da ortodoxia, proclamou-lhe não só a ciência, mas também a santidade. Leão XIII o declarou doutor da Igreja.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.
FONTE: PAULUS