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São Leandro, bispo de Sevilha

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Os grandes movimentos da História, em geral, são impulsionados por homens a quem Deus concede uma grandiosa missão, comunicando-lhes seu espírito e sua força. Um destes homens foi São Leandro de Sevilha, cuja memória é celebrada no dia 13 de março. Convertendo os godos e salvando uma nação inteira do jugo dos arianos, ele bem pode ser considerado um dos fundadores da Idade Média.

Foto: Wikipedia

Foto: Wikipedia

Redação (13/03/2025 06:29, Gaudium Press) São Leandro nasceu em Cartagena, Espanha. Seus pais pertenciam à alta nobreza, e sua família estava repleta de santos. Um de seus irmãos, Santo Isidoro, sucedeu-o no trono episcopal de Sevilha; o outro, São Fulgêncio, foi Bispo de Cartagena. Sua irmã, Santa Florentina, tornou-se religiosa.

Quando era jovem ainda, São Leandro retirou-se para um mosteiro, tornando-se perfeito modelo de ciência e piedade. Seus méritos o levaram à Sé Episcopal de Sevilha, onde não diminuíram em nada as austeridades que praticava.

Quando Leandro foi nomeado bispo, parte do território espanhol estava dominada pelos visigodos arianos havia cento e setenta anos. Entregando-se imediatamente ao combate da heresia, o novo Bispo rezava e implorava o auxílio de Deus. O sucesso coroou seu zelo e, em pouco tempo, a heresia já contava com menos adeptos.

640px Retablo de San Leandro Manuel de Escobar

São Leandro e a História Católica da Espanha

Em 567, subiu ao trono de Toledo um homem de grande energia: Leovigildo. Tratava-se de um soberano faustoso, que em matéria de religião mantinha-se ariano fanático.

No ano de 580, Leovigildo, ingenuamente, convida os seus súditos católicos a aderir à fé ariana, e enfeita a sua proposta com tantas promessas vantajosas e aparentemente substanciais que alguns se deixam iludir. Mas esta política encontrou pela frente a clarividência de um monge notável: São Leandro, o futuro Arcebispo de Sevilha.

Sob a influência de São Leandro, Hermenegildo, filho primogênito de Rei, abjurara o arianismo, o que lhe valeu as maiores violências por parte de seu pai. Mas, num abrir e fechar de olhos, agrupou-se em torno de Hermenegildo um verdadeiro partido, constituído por todos os católicos que estavam cansados das perseguições arianas, pelos Bispos e, sobretudo, por São Leandro. Não demorou a formar-se uma autêntica coligação contra Leovigildo. O Rei intimou o filho a regressar à fé ariana e, perante a sua recusa, rebentou a guerra.

Refugiado na Andaluzia, o jovem chefe católico organiza a resistência, enquanto São Leandro embarca para o Oriente a fim de pedir o auxílio do Imperador. Mas Hermenegildo, embora plenamente consciente do direito que lhe assiste, sofre por ter de lutar contra o próprio pai. Então, a pedido de seu irmão Recaredo, aceita encontrar-se com o Rei para entrar em negociações. Leovigildo abraça-o e declara que está tudo perdoado. Mas, de repente, a um sinal do Rei, os guardas prendem o Príncipe, despojam-no das suas vestes e lançam-no na masmorra.

Começa então uma “paixão” digna dos antigos mártires. Em vão, enviam ao Príncipe bispos e teólogos arianos para convencê-lo a voltar ao credo de seu pai; nada o faz ceder. Durante longos meses sofre o cativeiro, os maus tratos e — ainda mais — a privação da Sagrada Eucaristia. Por fim, louco de cólera, Leovigildo dá a ordem fatal para decapitar Hermenegildo na prisão.

Mas é verdadeiramente o caso de repetir a célebre frase de Tertuliano: “O sangue dos mártires é semente de cristãos”. Não se passara ainda um ano da morte de Santo Hermenegildo, e já em maio de 586 Leovigildo morria no seu palácio de Toledo, sucedendo-lhe o seu filho Recaredo.

O novo Rei deu uma reviravolta completa em toda a política: os Bispos católicos foram chamados do exílio e São Leandro, nomeado Arcebispo de Sevilha, foi recebido na corte com as mais delicadas atenções. Começava a história católica da Espanha.[1]

São Leandro dedicou-se a manter o fervor dos fiéis e foi a alma de dois grandes concílios: o de Sevilha e o de Toledo, os quais condenaram o arianismo.

Homem de ação, Leandro a todos inspirava o amor à prece, especialmente aos religiosos. Escreveu instruções admiráveis à sua irmã sobre o exercício da oração e o desprezo do mundo. Reformou a liturgia na Espanha.

Afligido por numerosas enfermidades, o apóstolo dos visigodos faleceu em 596.

Texto extraído, com adaptações, da Revista Dr Plinio, março 2012.


[1] Rops, Daniel. A Igreja dos tempos bárbaros. Cap. IV. São Paulo: Quadrante, 1991. p. 211-212.

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