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Um estímulo a todas as famílias do mundo

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No convívio de um lar verdadeiramente cristão, saibam dar o testemunho da grande alegria e felicidade de viver em família com Cristo e Maria.

Redação (06/10/2020 16:19, Gaudium Press) Uma boa parte das doces lembranças da infância deve-se ao fato de ser ela a fase de nossa vida na qual, pequenos e indefesos, nos sentíamos seguros, pois estávamos bem protegidos pela guarda de um homem que nos parecia um herói, nosso pai, e sob as asas de alguém que tinha algo de anjo e de fada, nossa mãe…

Não são essas, afinal, as primeiras recordações do que é uma família?

Para saber o que significa a ausência desta, basta mencionar a palavra “órfão”, com tudo quanto evoca de melancólico a imagem de uma criança que perdeu – ou nunca sentiu –a ternura de um pai ou de uma mãe.

Além disso, para nós católicos, o conceito de família transpõe os limites do mero e natural amor humano. Elevada ao patamar sobrenatural pelo sacramento do Matrimônio, ela é o primeiro “catecismo” onde as almas batizadas sorvem os influxos fundamentais da vida espiritual, e no convívio de um lar verdadeiramente cristão, a caridade ensinada pelos Evangelhos exala um suave e inigualável perfume.

Relacionamento entre pais e filhos

Mas, por que comentar este assunto só em teoria, quando podemos nos deleitar com a história de uma família real?

Vamos percorrer as encantadoras ruas de uma cidadezinha francesa, em fins do século XIX. Detendo-nos diante de uma bela casa algo parecida com um pequeno palácio e cometendo a indiscrição de olhar pela janela, veremos uma delicada jovenzinha a escrever. Seu nome é Paulina Martin e sua carta será publicada em diversos livros. Vejamos o comentário que ela faz a respeito de seus próprios pais: “Eu sempre os considerei como santos. Estávamos penetradas de respeito e admiração por eles. Por vezes perguntava-me a mim mesma se poderia haver outros semelhantes a eles sobre a terra”.

E qual era o pensamento desses pais a respeito de suas cinco filhas? Quais eram seus planos em relação a elas? Vejamos o eloquente e terno testemunho da mãe, numa carta por ela escrita à sua filha Paulina, mencionada acima:

“Este ano hei de ir (no dia 8 de dezembro), bem cedinho, ter com a Santíssima Virgem. Quero ser a primeira a chegar. Não Lhe pedirei mais filhinhas; rogar-Lhe-ei somente que faça santas as que me deu, e que eu não lhes fique muito atrás; mas é necessário que elas sejam bem melhores do que eu”.

Esses dois curtos trechos de cartas já nos permitem entrever o suave e virtuoso relacionamento reinante nessa boa família.

Ambiente familiar cristão

O leitor já poderá facilmente identificar o ambiente familiar ao qual nos estamos referindo: aquele em que nasceu, cresceu e se formou Santa Teresinha do Menino Jesus, padroeira das missões e doutora da Igreja.

Com efeito, do casamento de Luís Martin e Zélia Guérin — 13 de julho de 1858 — floresceram nove lírios de alva inocência. Quatro deles, o Senhor os colheu na tenra infância, os outros cinco haveriam de ser transplantados ao silencioso e recolhido ambiente religioso para ali destilar os mais intensos perfumes de virtude. Entre esses, a jovem santa, consagrada a Deus aos 15 anos, como carmelita descalça.

“Abri as Escrituras e ali vereis que, quando os pais foram santos, também o foram os filhos”. Bem se aplica à Família Martin esta sábia sentença do Santo Cura D´Ars. Assim sucedeu com esse virtuoso casal, cujas heroicas virtudes a Igreja já reconheceu oficialmente. Com um prodigioso zelo, Luís e Zélia custodiavam a inocência de suas cinco filhas — Maria Luísa, Paulina, Leônia, Celina e Teresinha — mantendo sempre no lar um ambiente intensamente cristão.

O exemplo dos pais é insubstituível na educação dos filhos

Sirva de exemplo um trecho das memórias de Paulina (mais tarde Madre Inês de Jesus, religiosa carmelita como Teresa). Conta-nos ela, enternecida, a respeito de sua querida mãe:

“Quando pequenina, mamãe punha-me sobre seus joelhos e contava-me histórias da vida dos Santos. Certa vez, disse-me que no Céu somente as virgens seguiriam por toda parte Jesus, sob a forma de Cordeiro sem mancha; seriam coroadas de rosas brancas e cantariam um cântico que outros não poderiam cantar. Eu lhe disse, então, que haveria de ser virgem, com uma bela coroa branca, e perguntei-lhe de qual cor seria a sua, pois ela me fizera notar que as pessoas casadas não teriam coroa branca. Respondeu-me que seria, sem dúvida, uma coroa de rosas vermelhas.”

A respeito do Sr. Luís Martin, podemos recolher abundantes testemunhos de sua “rainhazinha”, como ele chamava a encantadora Teresa, a quem amava com especial ternura por ser a mais nova, órfã de mãe já nos primeiros anos de infância. Na verdade, Teresinha aprendeu a amar a Igreja sentada no colo de seu “rei”. Conta-nos ela em suas memórias, a “História de uma Alma”, seus encantos com seu amado pai:

Aos domingos, na Missa, “quando o pregador falava de Santa Teresa, papai inclinava-se para mim, dizendo baixinho: ‘Escuta, minha rainhazinha, ele fala de tua santa padroeira´. Eu escutava, com efeito, mas olhava mais vezes para papai que para o pregador. Sua bela fisionomia dizia-me tantas coisas! Por vezes, seus olhos se enchiam de lágrimas, as quais ele em vão se esforçava por reter; não parecia mais ser da terra, de tal modo sua alma gostava de mergulhar nas verdades eternas.”

Bem sabia o Sr. Martin que o exemplo vivo dos pais é insubstituível na educação dos filhos nas vias da santificação. Estimular o amor a Deus, a frequência aos Sacramentos, a proximidade espiritual com a Igreja, é um meio pelo qual os progenitores exercem sobre a prole seu sacerdócio real, recebido no Batismo. Desta sorte, deitam fundo no coração dos filhos a vivência da espiritualidade cristã, gravando em suas almas uma marca que nem o tempo nem as circunstâncias da vida poderão apagar.

Como educar os filhos

Santa Teresinha recorda, comovida, a nobre alma de seu pai e o carinho com que ele a envolveu, depois da partida de sua mãe para o Céu:

“Após a morte de mamãe, meu bom caráter mudou completamente, tornei-me sensível ao excesso. Um olhar bastava para desfazer-me em lágrimas. Entretanto, o coração terno de Papai unia ao amor que ele já possuía um amor verdadeiramente maternal! (…) Aos domingos, como me era doce sentar-me com Celina sobre os joelhos de Papai! Ele cantava com sua bela voz cânticos que enchiam a alma de pensamentos profundos, ou então, embalando-nos docemente, recitava poesias impregnadas das verdades eternas. Em seguida, subíamos para fazer a oração em comum e a Rainhazinha ficava só junto com seu Rei; bastava olhá-lo para saber como rezam os santos.”

Neste ambiente de sublime candura, a pequena Teresa foi sendo preparada para a elevada missão para a qual havia sido escolhida pela Providência. Ela e suas quatro irmãs, todas consagradas a Deus, foram pedras preciosas cuidadosamente buriladas no atelier familiar dos Martin.

Descobrir os pequenos defeitos dos filhos e os ir corrigindo, estimular suas boas aspirações de alma, em suma, ensinar com empenho, delicadeza e tato o caminho da perfeição — é esta a verdadeira obra de ourivesaria digna de pais cristãos. Nos “Manuscritos Autobiográficos”, Santa Teresinha dá testemunho de como sua querida mãe e seu “Rei” tiveram essa especial dedicação por sua alma: “Com uma natureza como a minha, se tivesse sido educada por pais sem virtudes, ter-me-ia tornado bem má, talvez me perdendo. Mas Jesus velava por mim, Ele queria que tudo revertesse em meu bem, mesmo os meus defeitos, os quais, cedo reprimidos, me serviriam para adiantar-me na perfeição”.

Estas palavras repassadas de gratidão e humildade, e escritas por uma santa tão singular, não deixam dúvida de quanto seus pais foram exemplares e exímios na tarefa de polir o precioso brilhante que era a alma de sua filha. E que belo fruto alcançaram!

Edificados por um tão claro exemplo como o da família Martin, esperamos que todos os lares deixem-se envolver por este suave aroma do amor familiar cristão. Seguir o caminho trilhado por Luís e Zélia Martin, longe de ser algo impossível, está ao alcance de todos os casais que queiram abraçar a virtude e a santidade.

Pe Carlos Werner Benjumea, EP

Texto extraído, com adaptações, da revista Arautos do Evangelho n.56 agosto 2006.

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