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Uma ideia que divide a humanidade

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O peregrinar pela terra constitui apenas uma breve prova em função da qual nos fixaremos na vida futura.  

Redação (16/11/2021 11:32, Gaudium Press) Na realidade eterna, tão mais ampla que os estreitos limites compreendidos pela razão humana, figuram os Anjos, os quais não morrem nem ressuscitam, mas cuja existência está também dividida em duas fases bem diferenciadas.

Assim, poderíamos chamar “pré-história” angélica o período anterior à queda dos demônios no inferno, e história o acontecido após essa grande cisão entre espíritos bons e maus.

Para os homens, o que se passa neste mundo é apenas um preâmbulo daquilo que se desenrolará na eternidade. Na vida futura, por exemplo, jamais faltará aos eleitos matéria para conversar, fatos inéditos para comentar, novas perfeições de Deus para descobrir e louvar.

Todos possuirão corpo glorioso e estarão livres, portanto, de limitações como sono ou cansaço. Os dons de sutileza e agilidade resolverão qualquer problema de deslocamento ou de espaço.

É com vistas a esse destino eterno que devemos nos conduzir enquanto peregrinamos neste vale de lágrimas. Isto exige esforço e sacrifício, pois o cotidiano moderno, com toda espécie de facilidades da técnica, bem como de progressos da medicina – anestesias, remédios supereficazes, órgãos artificiais, transplantes –, pode criar a ilusão de o homem chegar a viver indefinidamente em meio aos prazeres da terra.

Tal ilusão gera uma mentalidade naturalista, esquecida de Deus. Se nos primeiros séculos o paganismo perseguia os fiéis para obrigá-los a sacrificar aos ídolos e renegar a Fé, hoje a civilização neopagã cobra das pessoas uma postura ateia, pela qual se esqueçam do sobrenatural.

Assim, por incrível que pareça, a ideia da ressurreição é ainda o divisor do mundo em nossos dias.

Abandonemos os apegos, caprichos e paixões

Todos compareceremos em certo momento diante de Deus para o juízo, do qual resultará nossa felicidade ou condenação eternas. Não há uma terceira opção, um post mortem neutro em que não se sofra e também não se goze de suma felicidade.

Rumamos para a morte como desfecho inevitável da nossa pré-história. O peregrinar pela terra constitui apenas uma breve prova em função da qual nos fixaremos na vida futura.

Se aqui nos guiarmos por aquilo que os sentidos corporais nos transmitem, deixando de lado a perspectiva eterna, cairemos no pior dos enganos: julgaremos serem reais somente as coisas concretas que nos rodeiam, as quais desaparecerão ao fecharmos os olhos para este mundo.

Portanto, é insensatez preocupar-se em demasia com a consideração ou o desprezo recebido dos outros, com a riqueza ou a pobreza, a saúde ou a doença. A única coisa que verdadeiramente importa é o amor que Deus tem por nós, a ponto de querer nos fazer participar da plenitude da vida d’Ele. A esperança de vê-Lo face a face deve nos animar até mesmo diante da dor e do sofrimento.

Por muito longa que seja a nossa existência, o que ela representa se comparada à eternidade? Não sejamos loucos, desperdiçando nosso tempo em algo que terminará com a morte e depois nos levará ao inferno!

Abandonemos todos os apegos, caprichos e delírios das paixões; evitemos o pecado e, se tivermos a infelicidade de ofender a Deus, procuremos o quanto antes o perdão sacramental. Enfim, preparemo-nos para o dia de nossa ressurreição.

Deus pode transformar defeitos em virtudes

O tema da ressurreição fortalece nossa esperança e nos enche do desejo de viver na graça de Deus. A boa consciência e a presença do Espírito Santo nas almas infundem energia e disposição de ânimo, e conferem um brilho característico e insuperável à fisionomia.

Quem vive com os olhos postos na eternidade não se deixa perturbar nem mesmo em meio às piores perseguições, pois sabe que tudo é permitido por Deus, e encontra motivo de alegria até nas próprias misérias:

“Que bom que eu tenha esta debilidade, porque ela me dá ideia de quanto sou ruim. Mas Deus é Todo-Poderoso. Assim como Ele pode transformar as pedras em filhos de Abraão, pode converter esse defeito em virtude. Ó Deus, quão maravilhoso é vosso modo de agir. Tomai esse horror que há em mim e fazei dele uma obra de santidade!”

Peçamos a Nossa Senhora que nos alcance graças para compreendermos a beleza das alegrias eternas e nunca desviarmos nossa atenção dessa magnífica perspectiva. Que a Virgem Fiel nos conceda considerar a vida presente com a mesma impostação com que Ela “guardava todas as coisas no seu Coração” (Lc 2, 51), convencendo-nos cada vez mais da necessidade de perseverarmos na virtude para que a nossa ressurreição seja a mais feliz possível.

Mons. João Scognamiglio Clá Dias, EP.

Texto extraído, com adaptações, da Revista Arautos do Evangelho, novembro 2019, n. 215.

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