“Os católicos não devem temer defender o bom e belo, esse é nosso direito de nascimento como nos recorda Santo Agostinho”, afirmou o escritor norte-americano Paul Krause em um artigo para a revista ‘Crisis Magazine’. Inspirado em uma das recordações compartilhadas pelo Santo no seu célebre livro “Confissões”, Krause recordou que o apetite pela beleza é inato no ser humano por ser criado a imagem de Deus e que uma parte importante dos males da atualidade estão relacionados com a rejeição do belo e elevado na cultura.
“A beleza é algo que nos chama às alturas mais elevadas”, afirmou Krause, que citou os comentários de Santo Agostinho sobre seu remorso por ter roubado uma pera de uma árvore de um vizinho junto a um grupo de amigos em sua juventude. O fato, uma travessura sem muito sentido nem gravidade (a pera foi jogada para alguns porcos), não produziu felicidade em Santo Agostinho, devido o fato de que “não havia beleza (nisso) porque foi um roubo”. Sua consciência lhe indicou de uma maneira estética, a negação do belo, a imoralidade do ato que ao invés de elevá-lo o distanciava de Deus.
A experiência da admiração da beleza, que conduz ao sublime é descrita por Krause como “uma participação com o ‘Logos’, a ‘participatio Trinitatis’ que Agostinho e outros Padres latinos descrevem em seus escritos”. Através da participação do divino “nossos corações são colocados em uma viagem ascendente” nas palavras de Santo Agostinho. A contemplação prepara a participação “com o ‘Logos’, com a Palavra que é Cristo”. “A beleza é um chamado à razão, a contemplação, ao colocar a própria vida em ordem, joga um papel integral na restauração da ‘imago Dei’ (a imagem de Deus)”.
A vivência atual de muitas pessoas contradiz estes princípios, explicou o redator, justo em tempo qualificado como “a idade da razão”. Os desejos desordenados e o relativismo diante do bem e do mal, a beleza e a feiura, cala a voz da razão moral no interior dos homens e substitui a autêntica racionalidade. “Os novos profetas da ‘razão’ não são mais que profetas da concupiscência separada da razão que nos alentam enquanto nos submergimos nas profundidades escuras da alienação enquanto afirmamos que isto ou aquilo é ‘razoável’ e ‘belo’ de forma muito similar a como os romanos celebraram o suicídio de Lucrécia e afirmavam que esse ato era um belo reflexo da virtude”, declarou.
Por estes motivos, os crentes devem defender a autêntica busca da beleza que aponta a Deus. “Este é o chamado do Espírito, o convite para virtude e participar com a criatividade da vida que cria uma beleza ainda maior”, concluiu. “É pertinente para a salvação de nossas almas e a luta pelo futuro de nossa cultura que sejamos despertados de nosso mal estar moral pelo resplendor da beleza”.
(Gaudium Press)
Fonte: Expresso Cerara.