O Vaticano vai promover uma evento em homenagem ao sacerdote e cientista Georges Lemaître, um dos pioneiros sobre a teoria do Big Bang e a expansão do universo
Redação (12/06/2024 06:10, Gaudium Press) Como homenagem ao legado do sacerdote e físico belga, Monsenhor Georges Lemaître, o Observatório do Vaticano sediará a segunda conferência internacional focada na compreensão de buracos negros, ondas gravitacionais e outras singularidades do espaço-tempo.
A conferência, que ocorrerá de 17 a 21 de junho em Castel Gandolfo, próximo a Roma, é o segundo encontro. O primeiro foi realizado em 2017 e abordou a influência de Georges Lemaître na cosmologia moderna. Conhecido como o pioneiro da teoria do Big Bang e da expansão do universo, Lemaître influenciou pensadores proeminentes como Albert Einstein. Durante a coletiva de imprensa na última terça-feira, 11 de junho, o Diretor do Observatório do Vaticano, Irmão Guy Consolmagno, SJ, apresentou a agenda da conferência juntamente com membros do Comitê Científico Organizador.
Convidados laureados e científicos de diferentes áreas
O evento contará com a presença de cerca de 40 participantes, incluindo Adam Riess e Roger Penrose, laureados com o Prêmio Nobel de Física, em 2011 e 2020, respectivamente, além de físicos e cosmólogos renomados. O principal objetivo do encontro é fomentar discussões sobre os mais recentes desenvolvimentos em teoria e observação sobre buracos negros e espaço, promovendo a troca de novas ideias e percepções.
A conferência pretende juntar especialistas de duas áreas distintas da física: cosmologia e teoria quântica. Fabio Scardigli, físico teórico do Instituto Politécnico de Milão e um dos organizadores do evento, expressou a esperança de que a reunião promova um diálogo produtivo entre essas duas teorias, que muitas vezes são vistas como irreconciliáveis. “Nosso objetivo é dar pequenos passos, através de discussão e debate, para reconciliar essas duas construções teóricas do século 20”, afirmou Scardigli.
Os organizadores da conferência ressaltaram o ambiente neutro de Castel Gandolfo, onde os cientistas poderão expor suas teorias livremente, sem a obrigação de se adaptar a uma metodologia acadêmica. O sacerdote e astrônomo Gabriele Gionti, vice-diretor do observatório, destacou que o local permite um diálogo aberto e desinibido entre os convidados. Os participantes da conferência também terão a oportunidade de se encontrar com o Papa Francisco no Vaticano em 19 de junho, onde o pontífice deverá fazer um discurso.
A Igreja Católica e os avanços científicos
Georges Lemaître, nascido na Bélgica em 1894, foi um pioneiro nas áreas de física e teologia. Em 1927, ele demonstrou que o universo estava em expansão, antecipando a descoberta de Edwin Hubble, o que levou à formulação da teoria do “átomo primordial”. Suas significativas contribuições para a física, particularmente no campo da gravidade quântica, seguem sendo amplamente reconhecidas e valorizadas pela comunidade científica.
O Observatório do Vaticano foi estabelecido pelo Papa Leão XIII para promover o diálogo entre a fé e a razão, mas suas origens remontam a 1582 e à reforma do calendário gregoriano, tornando-o um dos mais antigos observatórios astronômicos ativos do mundo. De fato, a relação da Igreja Católica com os avanços científicos vem de longa data. A Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano, criada em 1603, é a mais antiga do mundo e conta com renomados cientistas, incluindo 24 vencedores do Prêmio Nobel. (FM)
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