O Arcebispo de Curitiba, Dom José Antônio Peruzzo, publicou uma nota de esclarecimento sobre a carta enviada pela Santa Sé a um casal homossexual, ressaltando que se tratou “de uma simples resposta cordial” e não “de uma aprovação à união estável do casal em causa”.
Toni Reis e David Harrad enviaram uma carta ao Papa Francisco para contar sobre o batizado de seus três filhos adotivos na Igreja Católica, em Curitiba (PR). Em resposta, receberam uma carta assinada pelo Assessor para os Assuntos Gerais do Vaticano, Mons. Paolo Borgia.
A mensagem afirma que “o Santo Padre viu com apreço a sua carta, com a qual lhe exprimia sentimentos de estima e veneração e formulava votos pelos bons frutos espirituais do Seu ministério de Pastor da Igreja Universal”.
“Ao agradecer, da parte do Sucessor de Pedro, o testemunho de adesão e as palavras de homenagem, posso acrescentar: também o Papa Francisco lhe deseja felicidades, invocando para a sua família a abundância das graças divinas, a fim de viverem constante e fielmente a condição de cristãos, como bons filhos de Deus e da Igreja, ao enviar-lhes uma propiciadora Bênção Apostólica, pedindo que não se esqueçam de rezar por ele”, acrescenta o texto.
Diante da divulgação e repercussão da carta, Dom José Antônio Peruzzo publicou no site da Arquidiocese de Curitiba uma nota, na qual esclarece que a missiva “não foi escrita nem assinada pelo Santo Padre”.
“A mesma veio da parte de um assessor. É de praxe a Santa Sé responder afavelmente todas as cartas que recebe. Não se trata, portanto, de uma aprovação à união estável do casal em causa. Tampouco se tratou de permissão”, sublinha.
Acrescenta ainda que “trata-se de uma simples resposta cordial a um gesto também cordial” e, portanto deve ser interpretada “com o tamanho e a importância que realmente tem”.
Na nota, o Prelado ainda deixa claro que “a doutrina da Igreja acerca do Sacramento do Matrimônio e da família cristã não mudou”. “O matrimônio cristão somente pode ocorrer entre um homem e uma mulher, que licitamente formam uma família”.
Citando a exortação apostólica Amoris Laetitia do Papa Francisco, em seu número 75, explica que, “no sacramento do matrimônio, segundo a tradição latina da Igreja, os ministros são o homem e a mulher que se casam, os quais, ao manifestar o seu consentimento e expressá-lo na sua entrega corpórea, recebem um grande dom. O seu consentimento e a união dos seus corpos são os instrumentos da ação divina que os torna uma só carne”.
Além disso, na mesma exortação, o Papa Francisco afirma que “o matrimônio é um sinal precioso, porque, quando um homem e uma mulher celebram o sacramento do matrimônio, Deus, por assim dizer, ‘espelha-Se’ neles, imprime neles as suas características e o carácter indelével do seu amor. O matrimônio é o ícone do amor de Deus por nós”.
O Arcebispo esclarece ainda a questão do Batismo dos filhos adotivos do casal homossexual, tendo em vista que, “a Igreja Católica, por força de sua própria origem em Cristo que é a perfeita expressão do amor de Deus, não pode fazer acepção de pessoas”.
“Assim – explica –, as pessoas homoafetivas têm o direito de batizar seus filhos adotivos na Igreja, desde que se comprometam a educa-los na fé e moral cristã com a ajuda de padrinhos cristãos em conformidade com as normas da Igreja”.
Por fim, conclui a nota reafirmando a fé “na revelação que nos foi dada por Jesus Cristo, quando afirmou: ‘Não lestes que o Criador, no começo, fez o homem e a mulher e disse: Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá à sua mulher; e os dois formarão uma só carne? Assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, não separe o homem o que Deus uniu’ (Mt 19,46)”.
Fonte: ACIdigital