Em dezembro último, os católicos de todo o Brasil se surpreenderam com a notícia divulgada pela Rede Globo em rede nacional, relatando que o Vaticano estaria intervindo no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, após acusações de assédio sexual feitas por jovens.
Embora trouxesse detalhes acerca dos fatos que teriam motivado tal intervenção, a reportagem não divulgou como a operação se daria, nem quem seria responsável por levá-la a cabo.
Na verdade, o que a Rede Globo expusera com seu peculiar sensacionalismo já era do conhecimento do Cardeal Dom João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.
Porém, em 22 de abril de 2021 celebrou-se a Missa de Início do Comissariado Pontifício, presidida por Frei Evaldo Xavier Gomes, O. Carm. Na homília, o Comissário Pontifício destacara:
“Iniciamos este tempo de Comissariamento (sic) do Mosteiro de São Bento de São Paulo, rogando a luz sem igual que provém do Espirito Santo. Portanto dou início a esta missão rogando as bênçãos do Espirito Santo sobre a minha pessoa e toda a comunidade do Mosteiro de São Bento de São Paulo.
Os desafios de hoje são muitos, de ordem financeira e econômica, de disciplina interna, de seleção e formação dos candidatos, da garantia da fidelidade ao carisma e à vida monástica, do crescimento na fraternidade e no testemunho[i].”
Porém, ao contrário do que se esperava do homem de confiança do Vaticano nessa missão, Frei Evaldo não fez jus ao seu chamado e, poucos meses depois do belo sermão proferido na missa inaugural do Comissariado, envolvera-se em escândalos de cunho homoafetivo.
Com efeito, alguns dias antes de ir ao ar a matéria da Rede Globo, circulou através de um grupo em WhatsApp um arquivo PDF contendo imagens de Frei Evaldo em relacionamento homossexual. Na ocasião, a notícia fora veiculada por inúmeros meios de comunicação, dentro e fora do Brasil[i].
Íntimo do Cardeal Braz de Aviz, Frei Evaldo continua no cargo de Comissário Pontifício
Passados alguns meses desde então, a edição de Católica Conect recebeu, com exclusividade, um relato atual que esclarece a situação da casa beneditina na capital paulista.
Segundo um monge — cuja identidade será mantida em sigilo —, apesar do escândalo que envolve a pessoa de Frei Evaldo, o Cardeal Dom João Braz de Aviz insiste em mantê-lo no cargo de Comissário Pontifício! O religioso afirma que Dom Braz garante apoio total a Frei Evaldo, apesar das graves faltas canônicas que o Comissário Pontifício cometera.
Com efeito, é oportuno lembrar que, ao supostamente praticar atos libidinosos, com a agravante do escândalo cometido, Frei Evaldo Xavier Gomes teria infringido vários cânones da legislação eclesiástica. Nestes casos, o Direito Canônico obriga o Superior, depois de coligidas as provas acerca dos fatos e da imputabilidade, a notificar o religioso a demitir acerca da acusação e das provas. (Cf. Cân. 695)
Mas, ao invés de prover suficientemente à emenda do religioso, à restituição da justiça e à reparação do escândalo, conforme circula no interior do Mosteiro, Dom João estaria preocupado em levar a cabo uma missão relativa às finanças do tradicional mosteiro beneditino, e para isso Frei Evaldo seria o homem certo.
De fato, quando elencara seus desafios como Comissário Pontifício, na homilia que citamos no início dessa reportagem, Frei Evaldo colocara os de “ordem financeira e econômica” com precedência aos de “disciplina interna, de seleção e formação dos candidatos” …
O monge ainda relata que é grande a pressão interna, e que o “assunto Frei Evaldo” não pode sequer ser mencionado perto de alguns partidários do Braz Aviz dentro do mosteiro.
Perguntado acerca do porquê de tal pressão, ele afirma que, desde a expulsão de Dom Matias, antigo Abade, que teria acontecido aos berros, muitos têm medo de sofrer represálias.
Para o monge, a situação do Mosteiro é crítica, e as esperanças de que Frei Evaldo seja substituído são poucas.
[1] Para conferir homília na íntegra, acesse: https://ar-ar.facebook.com/mosteirosp/posts/4207340919309902/