A História toda gira em torno das gratidões e ingratidões dos eleitos, pairando sobre eles uma glória ou uma culpa extraordinária pelos rumos da humanidade.
Redação (01/07/2023 10:19, Gaudium Press) Quando Deus resolve realizar suas grandes intervenções na História, as graças mais assinaladas e marcantes não são como os favores comuns que Ele concede para cada indivíduo todos os dias, mas o Criador elege algumas pessoas que, por vezes, são até modeladas naturalmente para a tarefa à qual Ele as destina.
Em atenção ao amor que Deus nutre por essas pessoas – antes mesmo de tê-las criado, porque representam, na sabedoria d’Ele, um papel especial nos planos divinos –, seja em virtude das atitudes delas mesmas, seja da correspondência ou incorrespondência daqueles chamados a rezar e a sacrificar-se por elas, essas pessoas podem estar dotadas de uma força de impacto na História que a leva avante.
Para usar uma imagem bélica, seria como um tanque de guerra que avança sobre um muro e o derruba, podendo atravessar até todo um quarteirão em linha reta. Essas pessoas são os tanques da História. […]
Há dois modos de alguém demonstrar que tem um plano. Um é seguir no rumo retilíneo e chegar até o fim. Outro é, atravessando os piores e mais variados obstáculos, dirigir-se invariavelmente para o mesmo rumo. Trata-se de uma forma de força do plano. Deus combina os dois métodos, às vezes aquinhoando regiamente de obstáculos alguns, para depois fazê-los brilhar mais esplendidamente, quase como sendo os autores do plano que realizaram.
Entretanto, o arquiplano de Deus consiste em auferir do curso das coisas – para falar em linguagem humana – uma determinada cota de glória. Compreendendo bem que, uma vez que o Onipotente criou seres inteligentes e livres em número incontável, dentre essas criaturas muitas haveriam de fazer o contrário do que Ele quer. […]
Os eleitos, no sentido em que o foi o povo eleito e o é a Igreja Católica, ocupam um lugar muito importante nos planos de Deus, mas as ofensas por eles cometidas têm na justiça divina um papel muito grande. O Criador é misericordioso com eles, mas seus pecados O ofendem especialmente e pesam muito para que Ele modifique seus planos.
Então, a História toda gira em torno das gratidões e ingratidões dos eleitos. Muitos dos sinais sinuosos, espantosos da História, inclusive com o afundamento ou aparentes soçobros de instituições, estão relacionados com pecados cometidos nas próprias instituições, as quais, conforme sua correspondência ou incorrespondência à graça, ficam com uma certa liberdade, concedida por Deus, de traçar os planos da História, pairando sobre elas uma glória ou uma culpa extraordinária pelos rumos da humanidade.
A Providência, de vez em quando, suscita um vingador dos planos divinos malbaratados, que não é necessariamente aquele que castiga, mas quem destroça a confusão. Esse, então, restabelece a clareza do rumo e as almas andam.
Há, portanto, todo um jogo das almas fiéis e infiéis, inclusive das vítimas expiatórias, que conservam ou degeneram as instituições, e um conjunto de misericórdia e justiça do qual só Deus tem conhecimento. Então, Ele vai criando outras almas, suscitando vocações, dando graças para realizar um plano, porque em sua infinita bondade Ele concedeu a algumas almas a honra de marcarem o rumo da História junto com Ele.
Extraído, com pequenas adaptações, de: CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. A História gira em torno dos eleitos. In: Dr. Plinio. São Paulo. Ano XXIII. N.267 (jun., 2020); p.21-23
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