Natal, época de festa e celebração, religiosidade e fé, de flores e cores, de enfeites e músicas comoventes. Mas há outra situação que certas pessoas vivem neste período: o deserto e a aridez da chamada depressão de Natal.
Redação (24/12/2024 09:56, Gaudium Press) A chegada do Natal é o período mais nobre do ano. As pessoas ficam mais enternecidas, as crianças mais alegres e os devotos mais tocados em sua espiritualidade, vivendo a esperança e a graça da vinda de Cristo à Terra mais uma vez.
Como ouvi um padre dizer recentemente, o Natal não é o “aniversário de Jesus”, mas uma nova vinda d’Ele, por isso, mais que uma tradição, é um mistério vivo que a cada ano se renova.
No entanto, há duas realidades que não podem ser ignoradas. Uma delas é a face puramente comercial do Natal, quando as vendas e os lucros importam mais que qualquer coisa. Esse é o Natal que devemos evitar.
O comércio e a dor
O católico pode, sim, presentear suas crianças, mas deve fazer isso contando a elas a verdadeira tradição de se dar presentes nessa época do ano, oriunda da bondade de São Nicolau, da qual o comércio se apropriou, caricaturando-a na figura do Papai Noel.
E deve acender nos filhos a verdadeira chama do espírito natalino, narrando a beleza do nascimento do Menino Jesus através do presépio, da leitura do Evangelho e das orações em família, de forma que os presentes se tornem secundários diante dessa realidade santa.
A outra questão que não pode ser ignorada é a chamada “depressão de Natal”, que acomete algumas pessoas nesta época do ano, levando-as a um entristecimento profundo.
Há quem atribua essa tristeza exacerbada que algumas pessoas sentem à falta de fé.
Uma angústia sem explicação
Especialistas tentam encontrar justificativas que vão desde os traumas de infância à saudade de entes queridos que já partiram. Mas, na verdade, a angústia e a melancolia que toma conta desses corações nem sempre têm ligação com traumas e perdas de pessoas amadas.
A ansiedade é ampliada pelo sentimento de culpa que alguns sentem por não corresponderem às expectativas das pessoas ao redor, não conseguindo se deixar penetrar pela graça do Natal.
Depois, vem a sensação de não se sentirem amadas por Deus, uma tentação muito comum às pessoas: rezar e ter a sensação de que suas orações batem em uma enorme parede dura e fria e retornam para elas vazias e desprovidas de sentido.
Dizem os livros sagrados que “o inferno é a ausência de Deus” e muitos, exatamente nos dias que antecedem a vinda de Deus à Terra, sentem essa ausência d’Ele em suas vidas, numa das mais terríveis provas que se pode experimentar.
Sozinhos no mundo
Psicólogos tentam atribuir esse mal-estar ao fato de as pessoas estarem sozinhas. E há, sim, pessoas que vivem só e, nesta época, se sentem ainda mais solitárias, mas isso não é regra, pois há quem vive sozinho e, no Natal, visita a família ou se reúne com amigos para as comemorações, sem que isso afete seu lado emocional.
Ao mesmo tempo, há pessoas que vivem com suas famílias, têm famílias estruturadas e, mesmo assim, são acometidas pelo terrível sentimento de solidão, angústia e tristeza, que costuma passar tão logo passe o Natal ou poucos dias depois.
Se este artigo chegar a algumas dessas pessoas, o que tenho a dizer a elas é que não se desesperem, porque tudo passa. Procurem ir a uma Igreja, assistirem a uma Missa; se estiverem em estado de graça, que recebam a comunhão e entreguem sua dor a Nossa Senhora, pedindo-Lhe que alivie a dor de suas almas e partilhe com elas a alegria da chegada de seu Filho.
E aqueles que mesmo tendo companhia se sentem sozinhos no mundo procurem rezar junto com seus entes queridos, e deixem-se cuidar por eles, e ser consolados. A família e os amigos têm um papel fundamental na saúde emocional de cada um de nós. Considerem que esse sentimento é uma provação e tentem atravessá-la com confiança e fé.
Pensem na tristeza de José e Maria ao não encontrarem abrigo em nenhuma hospedaria ou casa de Belém, e abram a porta de seu coração para Nossa Senhora entrar e dar à Luz o seu Filho, nosso Redentor.
Rezemos por eles
E quem convive com pessoas assim, compreenda, respeite, esteja presente, e reze por elas.
E a todos peço que rezem pelos irmãos que enfrentam esse desafio, sobretudo os que sofrem a tentação de atentar contra a própria vida. Que Deus cuide de cada um desses seus filhos que enfrentam os piores desertos espirituais no momento mais sublime da história humana, o acontecimento que dividiu a História: o nascimento de Jesus, nosso Redentor.
Ofereçamos um sacrifício espiritual a essas almas doloridas, pedindo que seus Anjos da Guarda possam ajudá-las a atravessar esse terrível deserto, proporcionando-lhes a verdadeira, indispensável e santa alegria do Natal.
Por Afonso Pessoa
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