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São João de Capistrano e a Batalha de Belgrado

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Proveniente de nobre família, São João de Capistrano nasceu em 1386, numa pequena cidade do Reino de Nápoles, a qual passou a se chamar, em sua honra, Capistrano.

Sao Joao de Capistrano

Redação (07/01/2025 17:22, Gaudium Press) Sendo adolescente, João mudou-se para Perúgia, capital da Úmbria – Itália central –, onde doutorou-se em Direito canônico e civil. Casou-se com a filha de eminente personagem e tornou-se governador da cidade. Pouco depois, ela faleceu.

Surgindo graves dissensões entre as autoridades da Úmbria e de Nápoles, João foi incumbido de negociar a paz. Ele não poupou esforços e viagens para cumprir essa tarefa agindo sempre com total retidão, mas indivíduos iníquos umbrianos o acusaram de ser traidor e o colocaram num calabouço, situado no alto de um castelo das proximidades onde sofreu terrivelmente.

Certo dia, São Francisco de Assis apareceu-lhe e recomendou que entrasse para sua Ordem. Ele assentiu com fervor e milagrosamente seus cabelos foram cortados. Passou a usar uma grosseira túnica, vendeu todos seus bens, pagou seu resgate e doou o restante do dinheiro aos pobres.

Inquisidor Mor para toda a Cristandade

Obtendo a liberdade, dirigiu-se ao convento franciscano de Perúgia. A fim de confirmar a autenticidade de sua vocação, o superior lhe impôs duríssimas penitências, entre as quais caminhar pelas ruas da cidade montado num burrico, vestido de andrajos; o populacho o seguia com vaias chamando-o de louco. Ele enfrentou tudo isso com inteira serenidade.

Teve como mestre de Teologia o grande São Bernardino de Siena, que influenciou a fundo seu espírito. Ordenado sacerdote, aos 30 anos de idade, fez admiráveis progressos rumo à santidade.

Suas homilias atraíam multidões, operavam muitas conversões e confundiam os hereges. Por obediência, pregou em diversos países da Europa. Como as igrejas não podiam conter os que desejavam ouvi-lo, discursava nas praças. Numa de suas prédicas, estavam presentes 126.000 pessoas.

Fora da Itália, falava em latim e um intérprete traduzia suas palavras para o idioma do local. Terminada a missão numa cidade, à frente de uma procissão ele caminhava rumo a outra localidade, cuja população, também em cortejo, vinha ao seu encontro.

Fez muitos milagres tais como: restituir a vida aos mortos, a vista aos cegos, a palavra aos mudos, o caminhar aos aleijados e paralíticos. E, muito mais importante, realizou inúmeros milagres espirituais.

Em Olmutz – na atual República Tcheca, então dominada pelos hereges hussitas – converteu à Igreja o nobre de maior destaque na região, que foi seguido por 2.000 súditos bem como grande número de habitantes, totalizando 4.000 pessoas.

Por designação de papas, exerceu altíssimos cargos entre os quais Comissário Apostólico e Vigário-Geral dos franciscanos. Eugênio IV o nomeou Inquisidor Mor para toda a Cristandade.

Suas palavras portavam um fogo sagrado

Em 1453, os turcos comandados por Maomé II tomaram Constantinopla – atual Istambul –, que fora capital do Império Romano do Oriente durante mil anos. Ameaçaram invadir os países cristãos mais próximos para depois conquistar toda a Europa, julgando que poderiam eliminar a Igreja Católica, a qual é indestrutível.

Então, o Legado pontifício escreveu uma carta a São João de Capistrano, na qual dizia:

“O espírito de nossos príncipes vacila; nossos reis dormem, os povos fraquejam e a barca de Pedro, batida pelas ondas, está a ponto de ser submergida…

“O fogo sagrado de vossa palavra é o único que pode nos animar e inflamar. Os chefes das nações estão tímidos e divididos; fazei-lhes ouvir vossa voz”.[1]

Quando recebeu essa missiva, o Santo notou a confirmação de uma visão na qual Deus lhe revelara que sua vida seria coroada não pelo martírio do sangue, mas do trabalho e do sofrimento. E ouviu vozes que diziam: “Na Hungria, na Hungria!”

Logo depois, o Papa Calixto III deu-lhe a missão de pregar a Cruzada contra os turcos.

Em maio de 1455, viajou para Budapeste – capital daquela nação –, onde conheceu o aguerrido João Hunyadi, Duque da Transilvânia, na atual Romênia, que fora Regente da Hungria e se prontificou a comandar soldados para lutar contra os infiéis.

Tendo se espalhado a notícia de que uma grande frota turca se dirigia a Belgrado – capital da Sérvia, localizada na confluência dos Rios Danúbio e Save –, os dois “exércitos”, totalizando 20.000 homens, partiram em sua defesa.

O de Huníades era composto de nobres cavaleiros e homens recrutados para a guerra.

O varão de Deus arrebanhou uma multidão de camponeses, bem como estudantes, monges e eremitas. Não possuíam cavalos nem couraças; suas armas eram foices, enxadas e outros instrumentos de trabalho; alguns tinham arcos e flechas.

Caminhavam animados pelo exemplo do Santo que bradava: “Avançando ou retrocedendo, golpeando ou sendo golpeado, invoquem o Nome de Jesus. Só nele está a salvação e a vitória”.[2]

500px Battle of Nandorfehervar

O Santo bradava “Vitória! Jesus, vitória!”

Em 4 de julho de 1456, Maomé II à frente de 70.000 homens cercou Belgrado.  Os sitiados, que resistiram heroicamente, estavam a ponto de sucumbir, quando chegaram as tropas comandadas por São João e Huníades.

Na madrugada do dia 21 para 22 de julho, os católicos, que se encontravam no alto das montanhas, defendiam a cidade com pedras e flechas.

Tomados por celeste inspiração, acumularam madeiras e folhas de plantas, atearam fogo e lançaram tufos incandescentes sobre os assaltantes os quais, cegados pela fumaça, fugiram apavorados muitos deles caindo nos fossos.

Então, sob o comando de São Capistrano que bradava: “Vitória! Jesus, vitória!”, os sitiados perseguiram os inimigos, ceifando grande número deles.

Vendo seu exército destroçado, Maomé tentou envenenar-se, mas foi dissuadido e levado à Constantinopla. Nessa batalha morreram 24.000 turcos; os católicos se apoderaram de 300 canhões e muitos despojos.

Personificação da austeridade

Atingido por uma enfermidade, São Capistrano foi para um convento nas proximidades de Belgrado. Em 23 de outubro de 1456, entregou sua bela e combativa alma a Deus.

A notícia da vitória de Belgrado chegou a Roma em 6 de agosto de 1456. O Papa Calixto III, em agradecimento a Deus, proclamou que em toda a Igreja fosse comemorada a Festa da Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo, em 6 de agosto.

Além de incentivar a guerra contra os maometanos invasores, São João de Capistrano batalhou contra a sensualidade, o orgulho e outros vícios que corrompiam membros da sociedade temporal nos países cristãos.  Lutou também contra a decadência moral do clero, que levava uma vida de moleza oposta à austeridade evangélica.

Comentou Dr. Plinio Corrêa de Oliveira:

“Por onde passava, São João de Capistrano aparecia como a personificação da austeridade. [Foi] um grande contrarrevolucionário em função dos aspectos da Revolução naquele tempo.”[3]

Por Paulo Francisco Martos

Noções de História da Igreja


[1] KERVAL, Léon de. Saint Jean de Capistran: son siècle et son influence. Bordeaux-Paris: Chez les Sœurs Franciscaines.1887, p.133.

[2] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Resistência armada contra os inimigos do Decálogo no século XX. In Catolicismo. Campos dos Goitacazes. N. 70, outubro 1956.

[3] CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Deus é admirável nos seus santos! n Dr. Plinio. São Paulo. Ano XIV, n. 154 (janeiro 2011), p.12-13.

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