Após a morte de Scanderbeg, em janeiro de 1467, grande número de habitantes da Albânia, temendo os frequentes ataques dos otomanos, deixaram o país.
Redação (22/01/2025 18:19, Gaudium Press) Dois valorosos soldados, que haviam combatido sob o comando do heroico Príncipe Scanderbeg, dirigiram-se ao Santuário de Scutari a fim de pedir conselho a Nossa Senhora sobre o que deveriam fazer.
Ali se venerava um quadro que representava a Virgem segurando nos braços o Divino Infante. Procedia do Oriente e fora transportado por Anjos até aquela cidade, em fins do século XIII, quando os maometanos dominaram Jerusalém.
Depois de ali rezarem, regressaram a suas casas e à noite tiveram um mesmo sonho. A Mãe de Deus comunicou-lhes que a Imagem sairia de Scutari para não cair nas mãos sacrílegas dos turcos otomanos, e eles deveriam segui-la.
Caminharam 300 km sobre as águas do Adriático
Na manhã seguinte, foram rezar de joelhos aos pés do milagroso quadro pela derradeira vez.
Em certo momento, viram que, envolvido por uma nuvem branca e luminosa, ele suavemente se desprendeu da parede e moveu-se rumo ao mar. Os soldados o seguiram até às margens do Adriático, caminhando a pé 30 quilômetros.
Vendo o afresco continuando a movimentar-se pouco acima das águas, os dois companheiros, cheios de Fé, pisaram sobre elas que se solidificavam e, logo depois, se liquefaziam.
Olhos postos em Jesus e Maria, percorreram os 300 km que separam a Albânia da Península Itálica. Não sentiram fome nem sede. O miraculoso quadro durante o dia os protegia das ardências do sol e à noite se iluminava.
Em território italiano, continuou “caminhando”, sempre seguido pelos varões de Fé, até às portas de Roma e ali desapareceu. Eles o procuraram em todas as igrejas, mas não obtiveram nenhuma informação. Por fim, souberam que o afresco se encontrava em Genazzano e para lá se dirigiram.
Petruccia, viúva plena de Fé
Nessa pequena cidade, situada a 47 km de Roma, residia uma senhora que ficara viúva aos 39 anos e não possuía filhos. Chamava-se Petruccia, era terciária agostiniana e muito devota da Santíssima Virgem.
Certo dia, ela rezava diante de um baixo-relevo representando Nossa Senhora do Bom Conselho e teve uma visão sobrenatural.
A Mãe de Deus comunicou-lhe que o quadro venerado em Scutari sairia da Albânia, viria para Genazzano e ela deveria conseguir um templo para acolhê-lo.
Foi-lhe mostrado o quadro com a figura da parte superior do corpo de Nossa Senhora, segurando nos braços o Menino Jesus que A abraça com infinita ternura.
Petruccia empregou todos seus parcos recursos na construção de uma capela, mas, sendo já octogenária, conseguira apenas erguer partes das paredes. Acabou o dinheiro e pessoas malévolas zombavam dela. Plena de Fé, essa virtuosa viúva tinha certeza de que a vontade da Maria Santíssima seria feita.
Música celeste, nuvem luminosa, sinos repicam
Em 25 de abril de 1467, festa de São Marcos, padroeiro da cidade, realizava-se uma feira na praça fronteiriça à capela em construção, com a presença de muitas pessoas.
Em meados da tarde, todos escutaram uma música celeste e viram uma bela nuvem branca que, emitindo raios de luz nas várias direções, rumou em direção à capela.
No momento em que pousou numa de suas paredes, os sinos do campanário de uma igreja existente ao lado tocaram, não movidos por mãos humanas. Então, em uníssono, todos os sinos dos outros templos começaram a lhe fazer eco.
A nuvem se abriu ostentando o afresco e a multidão clamou: “Viva Maria, nossa Mãe do Bom Conselho! Um milagre!”
Clérigos, os Príncipes da Casa de Colonna, militares e pessoas do povinho para lá acorreram. Muitos ali ficaram rezando durante toda a noite.
A notícia se espalhou e habitantes de outras cidades peregrinavam até o local para homenagear a Virgem e seu Divino Filho. Com os donativos recebidos, pôde-se construir a igreja e até um novo convento para os agostinianos.
A fiel viúva morreu em 1470 e seus restos mortais foram depositados numa parede do templo. A população passou a venerá-la chamando-a Beata Petruccia.
Suspenso no ar há mais de cinco séculos
Assim que chegaram em Genazzano, os dois soldados albaneses foram venerar o afresco e narraram tudo que haviam presenciado.
Há mais de 550 anos, o quadro se encontra na capela de Nossa Senhora do Bom Conselho do Santuário de Genazzano:
– Está suspenso no ar junto à parede do altar, um pouco acima do sacrário;
– Mantém suas cores não esmaecidas, mas viçosas;
– Apresenta com frequência variações fisionômicas e de colorido.
Muitos milagres foram realizados pela intervenção da Mãe do Bom Conselho, tais como: ressurreições de mortos, cegos passaram a enxergar; possessos libertados das garras do demônio.
São Pio V – papa de 1566 à 1572 –, grande devoto da Mãe do Bom Conselho, rogou-Lhe ajuda contra os turcos otomanos que ameaçavam destruir a Cristandade.
Em 7 de outubro de 1571, na Batalha de Lepanto, foram eles destroçados, pois no céu apareceu uma Senhora de aspecto majestoso que os aterrorizou.
Bandeiras tomadas aos maometanos e pedaços de seus navios ornaram durante muito tempo o Santuário de Genazzano.
Santos que rezaram no Santuário
Diversos santos visitaram Genazzano para rezar diante do afresco, entre os quais: São João Bosco, acompanhado por São Miguel Rua, e São Luís Orione (1872-1940), fundador da Pequena Obra da Divina Providência, cujo corpo está incorrupto. Enquanto este último rezava diante do milagroso afresco, elevou-se em êxtase até a altura do quadro e o osculou.
O Bem-aventurado Stefano Bellesini (1774-1840), pároco do Santuário durante os nove últimos anos de sua vida, teve ardente devoção à Mãe do Bom Conselho. Seu corpo, incorrupto, está numa urna colocada em uma capela próxima à sacristia do Santuário.
Quando foram introduzi-lo no ataúde, verificou-se que o mesmo era demasiado pequeno. O Cardeal que dirigia as exéquias ordenou ao Padre Bellesini flexionar as pernas, e foi obedecido imediatamente à vista de todos os presentes.
Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, desde sua infância até os últimos momentos de sua vida, foi muito devoto de Nossa Senhora do Bom Conselho.
Em setembro de 1988, ele visitou o Santuário de Genazzano diversas vezes durante os quatro dias que permaneceu na cidade. O objetivo de sua viagem-peregrinação foi obter uma torrente avassaladora de graças que, através da Virgem Santíssima, Deus concederá ao mundo para a implantação do Reino de Maria.[1]
Por Paulo Francisco Martos
Noções de História da Igreja
[1] Cf. CLÁ DIAS, João Scognamiglio. EP. Mãe do Bom Conselho. São Paulo: Instituto Lumen Sapientiæ. 3. ed. 2016; O dom de sabedoria na mente, vida e obra de Plinio Corrêa de Oliveira. Cidade do Vaticano: Libreria Editrice Vaticana; São Paulo: Instituto Lumen Sapientiae. 2016, v. V, p. 213-224.
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