Entre as duas vindas de Jesus, uma no Natal e outra no fim dos tempos, há uma “terceira vinda” do Salvador, que ocorre a todo instante de nossa vida.
Redação (01/12/2024 09:27, Gaudium Press) A Liturgia do 1º Domingo do Advento é toda ela penetrada pela perspectiva da comemoração da primeira vinda de Nosso Senhor, com seu nascimento na Gruta em Belém, e pela preparação da segunda, que se dará no fim do mundo para julgar toda a humanidade:
“Então eles verão o Filho do Homem vindo sobre uma nuvem com grande poder e glória” (Lc 21,27).
De acordo com São Bernardo de Claraval, porém, são três as vindas de Nosso Senhor: a primeira, quando Ele veio por sua Encarnação; a segunda é cotidiana, quando Ele vem a cada um de nós, pela sua graça; e a terceira, quando virá para julgar o mundo. Em outra passagem, especifica o Doutor Melífluo que o segundo advento de Cristo é oculto e “somente os eleitos o veem em si mesmos, e com ele salvam suas almas”. Ele está vindo constantemente a nós para ser “nosso repouso e consolo”.[1]
Assim, a todo instante somos chamados a ter um encontro com Jesus. Será, sobretudo, na Eucaristia. Mas também, por exemplo, ao meditar este Evangelho do 1º Domingo do Advento, ou escutando uma palavra inspirada de algum ministro de Deus. Por isso, nossa vida deveria em realidade girar em torno de um Natal permanente, que se iniciasse ao acordar pela manhã e não terminasse sequer ao dormir à noite, porque para tudo dependemos da graça de Deus e devemos estar continuamente esperando o auxílio que nos vem d’Ele. Por esta razão, devemos seguir o conselho dado por Nosso Senhor:
“Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida” (Lc 21,34).
Fiquemos atentos e aproveitemos esses valiosos convites da graça de modo a estarmos em condições de receber, não com pavor e desespero, mas com júbilo, o justo Juiz que descerá do Céu em toda pompa e majestade e dirá àqueles que nesta Terra confiaram em sua misericórdia e cumpriram seus Mandamentos: “Vinde, benditos de Meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo” (Mt 25, 34). Quem tiver sempre em vista esse fim, terá ânimo redobrado para praticar a virtude e comparecer sem temor ao encontro definitivo com Nosso Senhor.
Preparemo-nos, portanto, porque Ele virá quando menos esperarmos!
Extraído, com alterações de: CLÁ DIAS, João Scognamiglio. O inédito sobre os Evangelhos: comentários aos Evangelhos dominicais. Città del Vaticano-São Paulo: LEV-Instituto Lumen Sapientiæ, 2012, v. 5, p. 37.
[1] BERNARDO DE CLARAVAL. Sermones de Tiempo. En el Adviento del Señor. Sermón V. In: Obras Completas. Madrid: BAC, 1953, v. I, p. 177.
The post A “Terceira Vinda” appeared first on Gaudium Press.