Preferia assinar Luís de Poissy, isto é, com o nome da localidade em que foi batizado, afirmando que a dignidade mais alta tinha recebido lá. Não se importava com as outras honras, mas como o seu povo o houvesse coroado rei com doze anos apenas, quis desempenhar as funções de rei com escrupulosa perfeição, colocando juntas duas coisas que a nós, mortais comuns, parecem até inconciliáveis: ascética e poder. Sob as vestimentas de seda trazia o cilício da penitência. Muitos achavam exagerado o tempo que ele dedicava à oração. “É engraçado — comentava o jovem soberano — reprovam como crime a minha devoção, mas não diriam uma palavra de crítica se eu gastasse todo esse tempo na caça ou no jogo”.
Nasceu em 1214. Sua mãe, a virtuosa Branca de Castela, regente da França durante a minoridade de Luís, havia-lhe dado sólida formação cristã. Monarca pacifista, teve de pegar as armas primeiro contra os ingleses, que derrotou, depois contra os vassalos rebeldes, que submeteu. De várias partes, até de Roma, recebia conselhos interesseiros de fazer guerra ao imperador Frederico II, mas o ajuizado rei não se deixou levar, ao contrário, fez-se apaziguador entre o papa e o imperador. Dedicou-se com muita energia à renovação da justiça e da economia do seu país.
Exemplar o seu modelo de exercer a justiça: “Se um pobre — repetia aos seus filhos — está encrencado em uma ação judicial contra um rico, defenda a causa do pobre enquanto a verdade não vier à tona”. Construiu hospitais, asilos, escolas, favoreceu a universidade de Sorbona, dando à França o primado da cultura europeia, encorajou o desenvolvimento das ordens mendicantes. Depois, prosseguindo no ideal religioso, empreendeu uma cruzada para a libertação dos lugares santos. Conquistou Damieta em 1249, mas um ano após caiu prisioneiro dos egípcios, na batalha de Mansourath. Seu exército tinha sido dizimado pela peste e pela fome. Pelo seu resgate foi pago um preço altíssimo, e seu insucesso custou-lhe uma sublevação dos elementos hostis a ele, na França. Luís mudando a expedição militar em peregrinação, ficou quatro anos na Terra Santa. Depois, reentrando na pátria, tentou de novo a expedição, partindo desta vez do lado oposto, da Tunísia. Atingido pela peste, morreu às portas de Túnis, a 25 de agosto de 1270. Vinte e sete anos mais tarde era elevado às honras dos altares. Uma de suas irmãs, Isabel, é venerada como bem-aventurada.
Extraído do livro:
Um santo para cada dia, de Mario Sgarbossa e Luigi Giovannini.
FONTE: PAULUS