Nosso Senhor Jesus Cristo, antes de partir deste mundo, colocou ao nosso alcance um auxílio sobrenatural: Maria. A Ela, que possui o cetro de Deus em suas mãos e governa a História, deve voltar-se o nosso olhar de súplica.
Redação (11/01/2022 15:32, Gaudium Press) A vida humana é feita de ciclos que se seguem uns aos outros. Cada começo costuma ser inseguro e frágil, mas a nova fase vai se firmando à medida que se desenvolve, até chegar ao seu próprio auge. Atingida a plenitude, o ciclo se esgota a si mesmo, anunciando a iminência do próximo, numa corrente de sucessivos desdobramentos.
Assim acontece com o sol a cada dia, e da mesma forma sucedem-se os anos. Todo fim de ano se dá num contexto de balanço, de análise do que ficou para trás. Por sua vez, todo ano que começa é ocasião de novos projetos e traz consigo novas esperanças, mas está também marcado pela incógnita, pois o homem nunca sabe o que o futuro lhe reserva.
Justamente por isso a Igreja, sábia Mestra da vida, instituiu no primeiro dia do ano a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus. É uma forma, sem dúvida, de o homem consagrar-Lhe tudo aquilo que almeja realizar ao longo do ano que apenas se inicia; mas é também um filial reconhecimento de que todo empreendimento – e, portanto, todo ano – deve começar e terminar com Ela, n’Ela e por Ela. Por quê?
Foi nos braços de Maria que Jesus esteve no momento de seu nascimento, e foi igualmente nos braços d’Ela que se depositou o Corpo de Cristo ao ser descido da Cruz. Assim, Deus quis que a passagem de seu Unigênito por esta terra se iniciasse e se encerrasse junto ao Coração Imaculado d’Aquela que Ele escolhera, desde toda a eternidade, para ser sua perfeita Filha, Mãe e Esposa.
Rainha do Universo
Este fato histórico, entretanto, não é senão o reflexo terreno de uma realidade mística muito mais elevada. Nossa Senhora, constituída por Deus como Rainha do Universo, preside verdadeiramente ao governo que Ele exerce sobre as criaturas. N’Ela tudo começa, pois toda iniciativa parte da graça, e esta nos vem sempre por meio de Maria; n’Ela, também, tudo se encerra, pois o fim das criaturas é dar glória a Deus, e esta só se torna perfeita ao passar pelas mãos puríssimas d’Ela.
Por consequência, Maria desempenha, na vida de todo homem, o papel de “pré-cursora” e de “pós-cursora”. Cuidadosamente, Ela prepara em cada alma o caminho para a atuação de Cristo e a penetração de sua Palavra, da mesma forma que em Caná Ela tudo dispôs para o primeiro milagre do Salvador.
Mas Ela é também a primeira Evangelista, que, tendo acolhido de seu Filho a Divina Palavra, a transmite maternalmente a todos os seus filhos, como a mais fiel intérprete do Coração de Deus.
Com quanta razão, pois, exclamava Maria: “Todas as gerações Me proclamarão bem-aventurada” (Lc 1, 48). Ela é verdadeiramente bem-aventurada por ter acreditado na Palavra de Deus que Lhe foi dirigida, porque de fato se cumprirá tudo o que o Senhor Lhe prometeu (cf. Lc 1, 45): o seu triunfo sobre o mal e a implantação de seu Reino.
Texto extraído da Revista Arautos do Evangelho n. 205, janeiro 2019.
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