No Laos, o governo de Vientiane afirma que tomou providências para proteger os cristãos de assédios contínuos, discriminações e maus-tratos.
Redação (30/09/2020, 17:00, Gaudium Press) O Laos, uma nação comunista situada no Sudeste Asiático, tem uma população de 7 milhões de habitantes.
Os cristãos representam menos de 2% da desta população e a metade deles é formada por católicos que continuam enfrentando várias formas de discriminação, especialmente em zonas rurais remotas.
Como resultado dessa discriminação, eles são forçados a praticar a sua fé à portas fechadas por medo de serem postos de lado pelos outros habitantes do vilarejo ou de serem forçados a ir embora.
Seguindo normas do país, nas zonas rurais, funcionários continuam a tratar os cristãos como cidadãos de segunda classe
Apesar da recente aprovação de uma lei, em dezembro último, que permite aos cristãos desenvolver serviços e pregar a sua fé sem serem perturbados, obedecendo sempre às regras e regulamentos do país, muitos funcionários nestas zonas rurais continuam a tratá-los como cidadãos de segunda classe.
Uma propaganda anticristã que vem de longa data
Durante décadas a propaganda governamental descreveu o cristianismo como um instrumento do imperialismo ocidental no país, que no passado foi uma colônia francesa e campo de batalha durante a Guerra do Vietnã.
Muitos cristãos também pertencem à minoria étnica Hmong, cujos membros estiveram do lado dos Estados Unidos contra os comunistas durante a guerra.
Na capital Vientiane e em outras grandes cidades, os cristãos podem praticar a sua fé livremente, mas não nas comunidades rurais, onde os funcionários atuam muitas vezes impunemente contra eles. Ali são considerados “elementos negativos” por outros residentes e pelas autoridades dos vilarejos e muitos deles são maltratados, reeducados, expulsos dos seus vilarejos, presos e encarcerados.
Encontros entre membros do governo comunista e representantes cristãos para resolver essa discriminação
Mais recentemente, houve encontros entre membros do governo e representantes dos cristãos que afirmam procurar resolver esta discriminação contra os cristãos.
“Esperamos agora” – disse na semana passada à Rádio Free Asia, um membro da Igreja envolvido na iniciativa de educação patrocinada pelo governo – “que estes encontros melhorem a compreensão entre as autoridades e os cristãos”. Ele referia-se a seminários realizados este mês nas províncias de Bokeo, Bolikhamsai e Savannakhet, e encontros semelhantes previstos em outras partes do país.
Um Padre da província de Bolikhamsai, perto de Vientiane, disse à UCA News, “explicamos a lei aos representantes das autoridades locais, e esses representantes transmitirão a informação a outros funcionários, incluindo as autoridades dos vilarejos.
Por sua vez os membros do Partido Comunista disseram estar convencidos de que quando as zonas rurais tomarem conhecimento da nova lei, o assédio dos cristãos irá diminuir:
“Uma vez compreendido (o conteúdo da lei) – disse à Radio Free Asia um funcionário responsável pelos assuntos religiosos na província de Savannakhet – os cristãos já não serão maltratados como antes, porque, como qualquer outra lei, deve ser respeitada”. (sic)
Quando a esmola é demais, o santo desconfia…
Depois de tanto tempo de aulas de ateísmo, de discriminação contra os cristãos, de perseguição religiosa, aspirar por melhoras é uma coisa muito boa. Uma total liberdade religiosa será muito bem-vinda. E é desejada por todos os cristãos.
Mas, com este movimento, em boa parte, patrocinado pelo próprio governo é impossível não surgir perguntas a propósito desta iniciativa, de seu objetivo último.
Uma dessas perguntas seria: por que foi iniciado esse movimento agora? Outra pergunta poderia ser: conseguida essa “liberdade religiosa”, ela será sincera? E se sincera, será durável? E se muitos laocianos se converterem, e se tornarem bons cristãos, como ficam as leis comunistas?
Outra vez vem a pergunta: há sinceridade nisso?
Se for tudo tão bom assim, a quem aproveita tanta bondade?
Afinal, a sabedoria popular cunhou uma afirmação que aqui pode ser aplicada:
Quando a esmola é demais, o santo desconfia…
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