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Domingo Gaudete: alegria, onde está ela?

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Como explicar que numa vida permeada de sofrimentos e contrariedades se encontre alegria? Isso é incompreensível ao homem de hoje, acostumado desde a mais tenra idade a buscá-la onde ela não se encontra.

Redação (13/12/2020 08:05, Gaudium Press) “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo, alegrai-vos! O Senhor está perto” (Fl 4,4s).

Da Antífona de entrada, a Igreja recolhe o característico nome do III Domingo do Advento: “Gaudete”.

Passagens como: “Se alegra o meu espírito em Deus, meu salvador” (Lc 1, 47) “Exulto de alegria no Senhor” (Is 60, 10). “Irmãos, estai sempre alegres!” (I Ts 5, 16) e compõem o belo quadro da Liturgia deste dia. Até mesmo a cor litúrgica – o róseo – nos fala de alegria.

A alegria – a verdadeira alegria – sempre foi sinal distintivo da Santa Igreja Católica. Com o coração repleto deste nobre sentimento, os mártires entregaram suas vidas pelo nome de Jesus; e as virgens, os doutores, os religiosos e os ascetas de todos os tempos com ela imolaram sua existência terrena a Deus.

Como explicar que numa vida permeada de sofrimentos e contrariedades se encontre alegria? Isso é incompreensível ao homem de hoje, acostumado desde a mais tenra idade a buscá-la onde ela não está.

Afastai-vos de toda espécie de maldade

A alegria cristã – a verdadeira – é indissociável das virtudes. Na segunda leitura (1 Ts 5, 16-24), o Apóstolo, depois de recomendar a santa alegria, nos incita a “afastarmos de toda espécie de maldade”, pois deseja que “o próprio Deus da paz nos santifique totalmente, a fim de sermos conservados sem mancha alguma para a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo”.

Tomemos e analisemos, então, dois dos vícios funestos que mais arrastam o homem contemporâneo à obtenção de falsas alegrias: a luxúria e a soberba.

Prometem alegria, conduzem à frustração. Afastemo-nos, pois, dessas “espécies” funestas de maldade.

A falsa alegria da impureza e do orgulho

O horror e a vergonha acompanham visivelmente o pecado da incontinência. A decepção e a má tristeza também.

Por que trocar uma consciência tranquila e, mais do que isso, a amizade com Deus e a posse do Reino Celeste por míseros instantes de um prazer ilícito, que escraviza a vontade e faz definhar a inteligência? Mísero simulacro de alegria, tão apregoado e seguido, infelizmente, em nossos dias!

Por outro lado, o pecado da vanglória não traz consigo aquela repulsa e rejeição próprias à impureza; nem por isso deixa de ser gravíssimo pecado.

Todo soberbo é, de certa forma, um ladrão, pois levanta-se com a glória e a honra que são próprias de Deus, e que o Senhor reserva unicamente para Si: “a minha glória não darei a outro” (Is 42, 8). Porque o soberbo quer usurpar essa glória de Deus, e levantar-se com ela, atribuindo-a a si.[1]

E se, sob o pretexto de sermos alegres, falamos ou agimos com vanglória, lembremo-nos destes conselhos de São Felipe Néri, conhecido como “Santo da alegria”: “Mantenham-se longe dos lugares de diversões mundanas, pois estes nos põe sempre em perigo de pecar” e “Nunca digais uma palavra em louvor próprio, nem sequer por brincadeira”[2].

Sirvam-nos, enfim, de exemplo, as palavras repletas de profunda humildade saídas dos lábios de São João Batista, e que figuram no Evangelho de hoje (Jo 1, 6-8.19-28):

“Eu batizo com água; mas no meio de vós está aquele que vós não conheceis e que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar a correia de suas sandálias.

            A Liturgia deste Domingo Gaudete nos convida a buscarmos a alegria em sua única e verdadeira fonte: Nosso Senhor Jesus Cristo, cujo Coração é a Fons totius consolationis. Quem cumpre seus Mandamentos e sua vontade, com verdadeira alegria e entusiasmo, não ficará sem a devida recompensa.

Por Afonso Costa


[1] AFONSO RODRIGUES. Exercícios de perfeição e virtudes cristãs. São Paulo: Cultor de Livros. 2017, t. II., p. 173-174.

[2] RAVASI. Javier Oliveira. Vida y anécdotas de San Felipe Neri. Buenos Aires: Buen Combate, 2015, p.136-137. (Tradução nossa).

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