No dia 16 de janeiro, celebração do “Martin Luther King Day”, feriado nacional nos Estados Unidos em tributo ao ativista assassinado em 1968, Bernice Albertine King, pede união para a superação das desigualdades e cita a importância da mensagem positiva do Papa Francisco.
Visita da filha de Martin Luther King Jr ao Vaticano, em 2018. (foto: Arquivo)
Redação (17/01/2023 13:49, Gaudium Press) Desde 1986, os Estados Unidos celebram o “Martin Luther King Day”, feriado nacional em tributo à memória do ativista dos direitos humanos, Martin Luther King Jr, assassinado em 1968. Em entrevista à mídia do Vaticano, sua filha mais nova, dra. Bernice Albertine King, disse que considera os repetidos apelos do Papa Francisco pela paz, pela não violência e pela compaixão uma importante contribuição para a criação de uma sociedade melhor.
A dra. Bernice Albertine King é fundadora do The King Center, o maior repositório de materiais de fontes primárias sobre o ministro batista Dr. Martin Luther King Jr. e o Movimento dos Direitos Civis Americanos no mundo, localizado em Atlanta, capital do estado norte-americano da Geórgia.
No evento deste ano, ela pediu aos estadunidenses para “se unirem como comunidade a fim de transformar sistemas que perpetuam a desigualdade” e frisou que líderes religiosos como o Papa Francisco podem oferecer uma mensagem positiva para promover a não-violência: “As mensagens de não-violência, paz e compaixão transmitidas pelo Papa Francisco e compartilhadas com o mundo são importantes para nós.”
“Cultivar uma mentalidade de comunidade de amor para transformar sistemas injustos”, este foi o tema escolhido para o evento de 2023 pelo The King Center. A dra. King, explicou que o tema engloba a visão de sua organização de promover uma comunidade de amor onde a injustiça cesse e o amor prevaleça. “Ao refletirmos sobre onde se encontra o mundo hoje sobre as questões que meu pai chamaria de bandeira do mal triplo: pobreza, racismo e militarismo, pareceu-nos que algumas coisas continuam se repetindo infinitamente”. Ela argumenta que, em vez de seguir esse círculo vicioso, o Martin Luther King Day é um incentivo para a sociedade americana a construir um “mundo justo, humano, igualitário e pacífico”.
Berenice King se encontrou duas vezes com o Papa Francisco e recebeu dele uma carta no “Martin Luther King Day” de 2021. Ela se refere a esta carta lembrando que “há pessoas no mundo que escutam e prestam atenção à mensagem do Papa Francisco” e expressa a sua opinião de que “os líderes cristãos hoje devem transmitir uma mensagem à humanidade que seja totalmente positiva, no lugar das mensagens negativas que recebemos continuamente de filmes, notícias, músicas e comerciais.”
Uma comunidade de amor
Bernice King observa que uma sociedade melhor só pode ser alcançada cultivando uma nova mentalidade que abrace o conceito de “comunidade de amor”. O objetivo, segundo ela, é “transformar sistemas injustos, como o colonialismo, o apartheid, o racismo, o genocídio, a ganância, o militarismo e o egoísmo, numa comunidade onde cada membro seja apreciado e reconhecido na sua dignidade específica”.
Ela fala sobre a necessidade de reconhecermos que estamos todos interligados em nossa humanidade comum e que podemos discordar sem menosprezar uns aos outros. “Podemos colaborar sem abrir mão de questões como a justiça. Podemos garantir que o meio pelo qual tentamos obter algo esteja de acordo com o fim. Em outras palavras, não é possível alcançar um fim pacífico através de meios violentos”, pondera.
A dra. King explica que “políticas governamentais centradas nas pessoas são outras ferramentas para alcançar uma ‘mentalidade de comunidade de amor’. E o amor deve ser a base de todo esforço para o bem comum, o combustível para gerar a não-violência”.
Prêmio Nobel aos 35 anos
Martin Luther King Jr foi ganhador do Prêmio Nobel da Paz, em 1964, aos 35 anos, por sua luta no combate à desigualdade racial. Ele era um ministro batista e suas crenças cristãs influenciaram sua luta pelos direitos humanos e, consequentemente, os pensamentos da filha.
A dra. Bernice King fala sobre o papel fundamental da religião e diz que os líderes religiosos, juntos, podem “inspirar mudanças enraizadas no amor, que busquem criar um mundo justo, humano e equitativo”.
Em sua entrevista, ela cita Teilhard de Chardin, padre jesuíta e filósofo do século XX, para afirmar que, “na base do nosso desejo de construir um mundo mais justo está a espiritualidade”, e frisa: “Nós não somos seres humanos que vivem uma experiencia espiritual, somos seres espirituais que vivem uma experiência humana”. E conclui:
“Jesus nos confiou a tarefa de ser luz e sal da terra, o que exige que sejamos guias, que indiquemos o caminho, porque a luz é um guia. Por isso, como cristãos, devemos trabalhar para preservar a humanidade e os valores fundadores: amor, respeito e dignidade, que nunca saem de moda. O nosso mundo está passando por uma crise moral e uma crise espiritual. E nós, que somos pessoas que vivem segundo o espírito, devemos assumir um papel de guia a fim de assegurar aqueles princípios e valores que são essenciais para a sobrevivência de nossa humanidade.”
The post Filha de Martin Luther King destaca a importância da mensagem do Papa Francisco appeared first on Gaudium Press.