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França abandona suas raízes cristãs: direito ao aborto na Constituição

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Em um cenário desolador do Congresso na França, vimos que nenhum partido – seja de direita, centro ou esquerda – defendeu de maneira firme os direitos do nascituro.

Foto: arquivo GP

Foto: arquivo GP

Redação (06/03/2024 09:46, Gaudium Press) Em uma sessão conjunta da Assembleia Nacional e do Senado francês realizada na última segunda-feira, foi aprovada, por 780 votos a favor, 72 votos contra e 50 abstenções, a modificação da Constituição para incluir o aborto como um direito das mulheres.

Logo após a aprovação, os presentes aplaudiram de pé durante dois minutos. A França tornou-se o primeiro país a incluir o aborto em sua Constituição como um “direito”.

Durante os discursos que antecederam a votação, nenhum dos líderes parlamentares se manifestou a favor da causa pró-vida.

Olivier Marleix, representante do conservador Partido Republicano, justificou seu voto a favor, afirmando: “Devemos isso à liberdade das mulheres”.

A líder nacionalista Marine Le Pen comentou que “essa constitucionalização não apresenta dificuldades especiais”.

Hélène Laporte, do partido considerado de extrema-direita Reunião Nacional (AN), que é próxima a Marine Le Pen, ressaltou: “Era urgente votar essa decisão e garantir sua proteção para que uma futura maioria não consiga revogar o direito ao aborto, que continuará a enfrentar muitas dificuldades na prática”.

A senadora centrista Dominique Vérien expressou sua satisfação, afirmando: “Conseguimos superar nossas diferenças políticas para votar juntos em uma decisão que representa um marco na história”.

Os representantes dos partidos de esquerda demostraram forte apoio à decisão.

Na véspera da votação, a Conferência Episcopal Francesa uniu-se ao apelo de várias associações católicas para jejuar e orar: “Na qualidade de presidente e vice-presidentes da Conferência Episcopal Francesa (CEF), estamos contentes em apoiar o apelo de vários movimentos católicos para jejuar e orar”.

Política ou Religião?

Durante períodos eleitorais, é comum procurarmos informações para conhecer os candidatos, com base em nossos princípios e interesses legítimos. Analisamos se um candidato se mostra como um administrador mais competente que outro, ou se está envolvido em casos de corrupção, entre outros pontos.

No entanto, é preocupante observar em diversos países que, na hora de votar, a maioria dos eleitores católicos não questiona os candidatos sobre afinidade com os princípios da doutrina social cristã, tais como o respeito à propriedade privada em sua função social ou a defesa da livre iniciativa aliada à proteção dos direitos dos mais desfavorecidos, ou mesmo a postura em relação ao aborto.

Em um cenário desolador do Congresso na França, vimos que nenhum partido – seja de direita, centro ou esquerda – defendeu de maneira firme os direitos do nascituro. Em vez disso, todos queimaram incensos e submeteram-se complacentemente ao deus Moloch, figura da antiga mitologia cananéia, cuja representação era uma estátua de bronze com fogo em seu interior, ao qual se ofereciam crianças como sacrifícios em busca de seus favores.

Entretanto, analisando a opinião pública francesa, certamente os defensores do direito à vida representam uma parcela considerável e mereceriam uma representatividade parlamentar significativa.

Por exemplo, quantos católicos ou pessoas que se identificam como católicas vivem na França?

Segundo o Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos da França, o catolicismo continua sendo a principal religião, embora correspondendo a apenas 29% da população, seguido pelo islã, que representa 10%. Dessa forma, seria lógico que os católicos fossem representados por cerca de 30% dos membros do Congresso e do Senado, e que estes se manifestassem expressivamente contra o aborto.

Porém, os votos contrários ao extermínio dos inocentes foram significativamente menores que 10%. Dos poucos votos contra o aborto, é pouco provável que todos fossem de católicos.

Católicos na hora de votar?

Assim, a questão que surge é: os católicos são verdadeiramente católicos na hora de votar?

Acredito que é necessário desenvolver uma consciência clara de que a característica mais importante dos católicos é, precisamente, a sua catolicidade, não apenas quando estão na igreja, mas em todos os momentos. Isso ocorre porque o nosso destino eterno está condicionado a essa postura.

Ultimamente, tem-se percebido que já não se fala mais sobre o Céu e o inferno, juízo particular e universal, a importância de cumprir os mandamentos a todo custo, confessar pecados graves para evitar punições eternas, oração constante e a necessidade de ser um católico comprometido além de sua presença na missa.

A realidade não pode ser ignorada: muitos católicos agora não creem, ou creem parcialmente nas verdades da fé, e até mesmo alguns religiosos enfrentam essa mesma situação.

Diante da relativização das verdades da fé na própria Igreja, o que esperar da fé dos fiéis na hora de votar? Em decorrência disso, vemos um país – outrora o primeiro a abraçar a fé católica– legalizando o assassinato de inocentes como direito constitucional.

Houve um tempo em que a grande maioria dos franceses, mais 90%, se identificava como católico e firmemente convicto das verdades da sua fé. O que terá acontecido desde então?

Aconteceu que, aos poucos, esses católicos passaram a buscar uma vida cada vez mais voltada para desfrutar os prazeres da sociedade consumista, colocando o objetivo principal de suas existências no gozo sensual aqui na Terra, e acreditando que a vida se resume a comer, beber, dormir, e talvez realizar alguma atividade profissional, desde que resulte em dinheiro para a alimentação e viagens, em vez de se esforçarem para alcançar o Céu. A consequência dessa transformação foi o abandono, progressivo, da vontade de imitar os santos para seguir os modelos de vida fúteis e vazios propagados pelo jet set e pela mídia. Inevitavelmente, os católicos abandonaram lentamente a cruz de Cristo e o próprio Cristo.

Além disso, nas Igrejas, deixou-se de ser pregado o apelo para que os católicos não se entreguem ao consumismo e apostatem da Cruz de Cristo. Talvez alguns, de dentro da Igreja, tenham até certo constrangimento em mostrar sua fé católica e prefiram se identificar como psicólogos ou sociólogos; talvez, porque são mais mundanos do que católicos.

Independentemente disso, a Igreja é imortal, como profetizou Cristo. Mas as nações não são eternas e estão fadadas ao infortúnio se voltarem as costas para Cristo. Elas se perderão na correnteza dos eventos históricos, quando não engolidas pelos turbilhões que frequentemente sacodem a História.

Tudo depende do fervor presente nas Igrejas.

Por Carlos Castro

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