InícioNotícias da Igreja“Mais vale acender uma luz que maldizer as trevas”

“Mais vale acender uma luz que maldizer as trevas”

Published on

São Caetano de Thiene, fundador dos Teatinos, logrou manter acesa a tocha da santidade e da disciplina em tempos difíceis para a Santa Igreja.

 Redação (06/08/2021 17:08, Gaudium Press) São Caetano nasceu no ano de 1480 na bela Vicenza, parte então da célebre República de Veneza, de pais nobres e piedosos.

De sua mãe, fervorosa terciária dominicana, o jovem assimilou desde cedo grande repulsa à vaidade e às glórias mundanas. Não obstante, aos 20 anos encetou os estudos de direito a fim de constituir uma promissora carreira. Sua vida, porém, passaria por certos giros, antes de a Providência tornar claro aos seus olhos sua missão.

Uma sociedade em ruínas

Ao concluir seus estudos, mediante favores de um alto eclesiástico de então, São Caetano assumiu o cargo de protonotário apostólico no Vaticano – função prestigiosa, acrescida de muitos afazeres –, exatamente durante a época áurea do renascimento.

Em meio àquela faustosa corte de Júlio II, Caetano não se deixou levar pela exagerada e nociva influência que fazia da cidade eterna um centro humanístico de letras e artes: a imponente basílica de São Pedro. Em construção, elevava-se dia após dia; famosos artistas a decoravam — é preciso dizer, muitas vezes tão talentosa quanto impudicamente… — os recintos vaticanos; prelados exibiam sua suntuosidade em banquetes e festas, e Caetano continuava reticente em seus inúmeros trabalhos.

Homens mundanos como estes que o cercavam pareciam mais “viajantes que, ao chegar à pousada, se embriagam e perdem o caminho de sua pátria”[1], como afirmaria mais tarde; nestes dias algo entrava em gestão naquela mente pura…

Mas os problemas não estavam só ali, nem apenas nas artes, mas era a Igreja que urgia por uma reforma que, por fim, começou-se a empreender.

 A porta que se abre…

Em 1512, o Papa convoca o Concílio de Latrão, medida aplaudida seriamente pela maioria dos católicos.

Nesta imensa tarefa esforços houve, orações também; mas um ponto estava sistematicamente esquecido, que se resume no lema que Caetano tomaria a partir de então: reformar-se a si mesmo antes de reformar os demais. Com o desejo de ser um instrumento dócil e útil nas mãos de Deus, decide-se pelo sacerdócio, que recebeu em 1516, aos 36 anos.

Com sua admissão no estado clerical, Caetano pôde começar sua obra; aqueles anos que passou em Roma deram-lhe não poucas informações de como deveria rumar para seu objetivo.

Concebeu então um plano inovador: um instituto de clérigos unidos pelos sagrados votos, principalmente pelo de pobreza, apesar das funções que pudessem estes exercer. Não seriam monges, muito menos anacoretas; mas homens cheios de zelo pelo rebanho de Jesus Cristo, cumprindo o que Ele predisse: “Vós sois o sal da terra e a luz do mundo”.[2]

Com o auxílio de prelados e do próprio papa Clemente VII, Caetano funda, em 1524, a ordem dos Teatinos,[3] dando início ao primeiro dos institutos de clérigos regrantes, que tanto auxiliaram a Igreja neste período.

O santo dos dois concílios

A nova ordem dos Teatinos assumiu logo um estado de pobreza extremo: viveria apenas de esmolas, não podendo pedi-las, mas apenas recebendo-as de quem lhes quisesse espontaneamente dar. O próprio Caetano esquivou-se à nomeação para superior geral de sua fundação, concedendo o cargo ao Cardeal Gian Petro Carafa, futuro Papa Paulo IV.

Não faltou, por certo, quem os acreditasse loucos ou desvairados, inconsequentes e vagabundos, mesmo dentre os círculos eclesiásticos; a tudo isto, o santo costumava responder, como antes o Senhor: “Não vos preocupeis com o dia de amanhã”.[4] Com essa conduta mais que exemplar, os Teatinos cumpriram, nos conturbados tempos da renascença e da reforma, o que seu fundador tinha como princípio motor: “Mais vale acender uma luz que maldizer as trevas”; ou seja, ser realmente luz para combater as trevas; pois, quem poderá vencer as trevas senão a luz?

Extenuado pelos trabalhos e fadigas apostólicas, Caetano expirou em 7 de agosto de 1547, podendo contemplar ainda mais um triunfo da Santa Igreja; ele que tomara a bandeira da reforma levantada no Concílio de Latrão, agora a via desfraldada em glória no de Trento.

Com razão Caetano pode ser considerado o “Santo dos dois concílios”, pois, em tempos tão funestos à disciplina cristã, logrou manter acesa a chama da radicalidade e santidade até a grande reforma.

Por André Luiz Kleina


[1] Cf. ECHEVERRÍA, Lamberto de. Año Cristiano: Agosto. Madrid: BAC, 2005, v. 8, p.159.

[2] Cf. Mt 5, 13-14.

[3] O nome Teatinos provém do nome da primeira diocese na qual se instalaram: Chieti, ou Teate.

[4] Cf. Mt 6,34.

The post “Mais vale acender uma luz que maldizer as trevas” appeared first on Gaudium Press.

Últimas Notícias

Pensamentos de São Luís Orione sobre a oração

“No silêncio e na oração amadurecem os frutos da Fé e germinam os propósitos...

São Teófanes

A Igreja lembra, no dia 12 de março, a memória de São Teófanes, que...

Do ursinho de pelúcia… ao telefone celular

As telas têm um duplo efeito negativo sobre as crianças: o conteúdo que elas...

Papa reza pelo Haiti e pede apoio da comunidade internacional

Após a oração do Ângelus ontem, na Praça de São Pedro, o Papa Francisco...

Audio-Book

148. I. Meditações de Santo Afonso Maria de Ligório (AUDIOBOOK)

https://www.youtube.com/watch?v=8gGGSaTK2ic Meditações de Santo Afonso Maria de Ligório — Bispo e Doutor da Igreja Quarta Dor...

147. II. Meditações de Santo Afonso Maria de Ligório (AUDIOBOOK)

https://www.youtube.com/watch?v=63iCH0qZxGY Meditações de Santo Afonso Maria de Ligório — Bispo e Doutor da Igreja Jesus é...

146. I. Meditações de Santo Afonso Maria de Ligório (AUDIOBOOK)

https://www.youtube.com/watch?v=4b50saBVvfY Meditações de Santo Afonso Maria de Ligório — Bispo e Doutor da Igreja Jesus é...